[FOTOS] Camille Leon
Os cartazes na parede não disfarçam o ADN do Bafo de Baco: dos Devil in Me e More Than a Thousand aos Capitão Fantasma e Parkinsons, este é um clube que funciona como porto de abrigo do lado mais miltante do rock, mas também se descobrem por lá alguns cartazes que deixam claro que não há regra sem excepção: os Dealema, por exemplo, passaram por lá e vários outros nomes do universo hip hop têm tocado por ali o suficiente para ancorarem a cultura do rap na terras do Hellgarve, como alguns locais gostam de dizer.
E ontem foi mais uma noite histórica. Poli Correia, a verdadeira instituição rock algarvia que o universo conhece como Sam Alone, aproveitou a data do seu aniversário para cumprir um sonho antigo e apresentar Allen Halloween na sua “casa”. Com a sala completamente esgotada, Quarteira e Olhão, Faro e Loulé e certamente muitas outras comunidades mais a sul fizeram-se representar efusivamente numa noite de comunhão e celebração.
Rui Miguel Abreu, o homem do leme do Rimas e Batidas, começou por tocar clássicos underground e de Valete, Fuse, Sam e Mundo, Chullage ou Mind da Gap a Mobb Deep, Wu-Tang, Cypress Hill, Non Phixion ou Mos Def e Conneay ou Run The Jewels desfilou um lote de clássicos e menos clássicos, nacionais e internacionais que deixaram o ambiente no ponto certo.
Os talentos locais foram os primeiros a subir ao palco: os Homies mostraram que Faro também tem potencial, agitaram as hostes, e prometeram novidades para Janeiro. A prestação foi sólida e geradora de expectativa para o que aí vem. Seguiu-se Perigo Público, herói de Quarteira, ladeado por outra lenda, JV, homem de freestyle seguro e divertido, capaz de entusiasmar a multidão. E claro, ambos beneficiaram do toque de classe de Gijoe, sempre ultra-seguro nos pratos e certeiro nos seus apontamentos de scratch.
Quando Allen Halloween chegou ao palco, depois de se ouvir “Halloween Theme” de John Carpenter e o tema de Stranger Things, a noite já estava ganha. A Bruxa jogou nitidamente em casa, puxou de clássicos como “Fly Nigga Fly” ou “Drunfos”, meteu o público todo a cantar e ainda puxou o aniversariante ao palco para dois temas, incluindo o arrepiantes “Cobradores de Impostos” que Poli Correia, fã confesso de hip hop, executou à guitarra com o MC em registo pungente.
Uma noite de partilha, celebração e militância. Uma noite de hip hop num templo eléctrico do rock. Memorável.