Ali Jackson, uma das figuras incontornáveis da bateria no jazz contemporâneo, está a assinalar a sua nova fase criativa em Lisboa com uma residência artística no Távola Jazz Club, composta por cinco noites de concertos exclusivos durante o mês de Dezembro.
Com mais de três décadas de carreira internacional e 15 anos como membro central da Jazz at Lincoln Center Orchestra de Wynton Marsalis — onde se tornou conhecido pela sua versatilidade, profundidade rítmica e domínio das tradições afro-americanas — Jackson afirma agora presença na cena lisboeta, colaborando e orientando músicos emergentes da cidade.
Formado no ambiente musical de Detroit, onde cresceu rodeado de mestres como Marcus Belgrave e Donald Walden, entre outros nomes que moldaram a identidade do jazz da cidade, Ali Jackson construiu uma carreira marcada por amplitude e rigor. Estudou na New School for Jazz and Contemporary Music, desenvolvendo um percurso que rapidamente o colocou ao lado de Aretha Franklin, Tony Bennett, Willie Nelson, Norah Jones, George Benson, Angelique Kidjo ou Wynton Marsalis — um conjunto que espelha tanto a sua versatilidade como a sua procura pela excelência. A sua abordagem, muitas vezes descrita por Marsalis como “profundamente enraizada na tradição e ao mesmo tempo surpreendentemente contemporânea”, tornou-o num dos bateristas mais respeitados da sua geração. O seu trio foi distinguido com o Grand Prix de l’Académie du Jazz (Paris) em 2019, confirmando o peso da sua visão artística.
Instalado em Lisboa, Jackson está a desenvolver um trabalho contínuo de colaboração e mentoria, envolvendo-se directamente com a nova geração de músicos portugueses. A residência no Távola surge como o primeiro grande momento público desta ligação: cinco espectáculos, cinco universos musicais distintos, todos conduzidos pela mesma energia criativa que define a sua obra.
A temporada arranca a 11 de Dezembro com “Three Masters of Drumming”, uma homenagem aos titãs Max Roach, Art Blakey e Elvin Jones — três referências estruturais da linguagem que Jackson domina e renova. No dia 12 de Dezembro, o baterista apresenta “Soulful Songs”, um mergulho em temas originais, clássicos e blues, numa noite dedicada à vertente mais melódica e emocional do seu trabalho. A 13 de Dezembro, o foco desloca-se para os ritmos afro-latinos com “Afro Latin Vibes”, ao lado dos músicos convidados Victor Zamora e Osvaldo Pegudo, celebrando as raízes globais da percussão.
Depois das celebrações natalícias, a residência retoma a 26 e 27 de Dezembro com duas noites dedicadas ao jazz dos anos 90, um período fértil e frequentemente subestimado, com música de Kenny Kirkland, Mulgrew Miller, Kenny Garrett e outros nomes que marcaram a década. Trata-se de uma oportunidade rara de revisitar este repertório através de alguém que viveu de perto a estética e a energia dessa era.