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Fotografia: Nathaniel Joseph
Publicado a: 25/06/2021

Na última sexta-feira de cada mês, Miguel Santos escreve sobre artistas emergentes que têm tudo para tomar conta do mundo da música.

Abram alas para… Wesley Joseph

Fotografia: Nathaniel Joseph
Publicado a: 25/06/2021

Se acedermos ao site do artista pode ler-se na secção de informações: “Wesley Joseph é um escritor de canções, produtor e realizador britânico que vive em Londres”. Simples e eficaz. Simples porque vai directo ao assunto e eficaz porque vai ao cerne da sua descrição. Estas 15 palavras já nos dizem muito sobre o tipo de pessoa que é: ambiciosa, multifacetada, e, obviamente, muito ocupada. 

O que salta mais à vista no trabalho deste artista é a sua complexidade. As músicas de Joseph têm várias camadas sonoras, e mudanças de beat executadas com artifício. Deu os primeiros passos na arte das rimas em Walsall em 2015 como Wesley Yanks, membro do colectivo OG Horse, que conta também com Jorja Smith, e nota-se que a música que faz é de alguém versado nesta arte. Em 2016 muda-se para Londres para estudar… cinema. Quatro anos depois, a partir do seu quarto transformado em estúdio, volta com “Imaginary Friends”, banger que nos prende com o seu instrumental sério e a flexibilidade vocal do seu autor. A maneira como transita de forma fluída para a sua parte mais derrotista revela uma conclusão perfeitamente engendrada, um desabafo emocional em que a batida está em sintonia com as palavras. 

Antes da sua estreia, ainda houve tempo para uma curta-metragem e a energia do r&b tristonho de “Ghostin’” e da realidade pesada de “Martyrs”, dois temas distantes na sua abordagem unidos pela honestidade e vulnerabilidade do seu autor.



ULTRAMARINE, lançado no início deste mês, é um álbum cujo nome traz à mente aquele azul vívido e sombrio. Músicas como a explosiva e tristemente introspectiva “Thrilla” ou a dança de insurgência contra o racismo que é a fantasmagórica “Creep” ressoam com essa cor, são mais profundos do que os seus instrumentais convidativos mostram. A produção do álbum tem paralelos com a música actual: momentos como “Bloom” ou “Strangers” lembram a produção de James Blake enquanto que “Lavender” retira inspiração da música de Jai Paul. Ainda assim, “Ultramarine” e a maneira como a voz de Joseph se transfigura para se adequar à batida mostra que este artista trilha um caminho só seu.

E as letras cantadas por essa voz versátil revelam uma pessoa que olha para dentro à procura de ressoar cá fora. “Patience” fecha um álbum com um tag team de grande química entre Joseph e Jorja Smith apelando à resiliência e à paciência para aguentar até chegarem dias melhores. É essa a razão que o levou a realizar a maioria dos videoclipes dos singles que lançou, a procura de que a sua visão transpareça fielmente para o outro lado, e que encontre reciprocidade.

Wesley Joseph é um escritor de canções, produtor e realizador britânico que vive em Londres. Estas 15 palavras já nos dizem muito sobre o tipo de pessoa que é. Tudo o resto que há para dizer, Wesley Joseph deixa a sua música fazê-lo por si.


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