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Fotografia: Juan Nieto
Publicado a: 26/03/2021

Na última sexta-feira de cada mês, Miguel Santos escreve sobre artistas emergentes que têm tudo para tomar conta do mundo da música.

Abram alas para… reggie

Fotografia: Juan Nieto
Publicado a: 26/03/2021

Estamos oficialmente na Primavera, que o diga o sol brilhante que tem despontado com mais intensidade desde o equinócio. Se ainda não têm música solarenga para acompanhar o aparecimento das flores, sugerimos “Southside Fade”, tema de apresentação de reggie, artista que também se encontra a desabrochar. O curto tema é uma ode a Houston, a cidade que o viu crescer e apaixonar-se pela arte de fazer música. Teve origem num freestyle antigo, mas a sua sonoridade descontraída e a cadência vocal melosa fazem-nos duvidar que algo tão convidativo seja tão instintivo. 

O Texas foi o estado que viu Reginals Helms Jr. crescer e descobrir o seu amor pela música nas idas à igreja com a sua família, mas foi na Califórnia que a sua carreira passou de um sonho a realidade. Depois de alguns momentos atribulados — foi expulso de casa depois de discussões acesas com a família sobre as regras restritas e como o artista deveria ocupar o seu tempo –, uma viagem de três meses a Los Angeles permitiu a reggie estabelecer relações e criar música, e entretanto já lá vão mais de três anos. As suas influências passam por nomes distantes temporalmente mas poderosos eternamente, como Kirk Franklin, Quincy Jones e Smokey Robinson. Talvez não sejam as escolhas mais convencionais para um rapper, mas catalogar reggie como apenas isso é reduzi-lo a muito menos do que é.



reggie é um explorador sónico, e a sua voz a sua caravela nessa demanda. Ao ouvirmos o seu segundo single, “I Don’t Wanna Feel No More”, torna-se claro que não há uma única categoria que o defina. A sua voz em falsete, acompanhada por uma guitarra lânguida — acordes levemente fustigados que parecem surripiados do universo de King Krule –, estabelece empatia com quem o ouve, e não são precisas bonitas pérolas como “No more mirrors that’ll be my demise/ Cuz I still can’t look my abuser in his eyes” para saber que estamos perante algo especial, apesar de serem muito bem-vindas. É um tema que espelha fielmente as palavras que reggie revelava à Ones to Watch em Agosto do ano passado, quando questionado sobre como quer que a sua música seja recebida: “Eu quero que [as pessoas] se sintam compreendidas porque foi o que sempre quis. Não interessa a cidade em que estás, a história é a mesma.”

Chegamos a 2021 e o panorama já parece mais esperançoso, que o diga o seu mais recente single “AIN’T GON STOP ME”. A música é uma curta e resoluta reflexão sobre a sua caminhada até ao momento onde se encontra, com um flow que nos traz à memória o virtuoso Andre 3000. É sobre confiar numa força superior mas sem nunca desistirmos de nós mesmos, optimismo para um ano que não começou da melhor maneira. Se para os “comuns mortais” está agora a começar a Primavera, reggie prova que o sol de Verão já lhe sorriu primeiro que a todos nós.


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