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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 31/03/2023

Na última sexta-feira de cada mês, Miguel Santos escreve sobre artistas emergentes que têm tudo para tomar conta do mundo da música.

Abram alas para… Jordan Ward

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 31/03/2023

Jordan Ward é um homem de muitos talentos. Dançarino, músico, e detentor de um grande estrondo musical em 2021. “Lil Baby Crush” é o seu nome, uma música que tem tanto de humorosa como de infecciosa. O artista norte-americano esmiuça um crush adorável de forma deliciosa e encarna um Toro Y Moi com os pés bem assentes no r&b no seu primeiro single pela Interscope. Mas antes de ter aterrado na major norte-americana, há uma caminhada artística que vale a pena desvendar.



Os primeiros passos foram dados em St. Louis, quando Ward ainda era uma criança. A mãe cantava numa igreja e inspirou o filho a entrar para o coro, mas a sua aspiração artística não ficou por aí: seguiu-se a descoberta do teatro musical e da dança, a sua primeira grande paixão. Na adolescência, juntou-se a um estúdio de dança e, mais tarde, teve a oportunidade de dar aulas e fazer espectáculos, aperfeiçoando a sua arte. Aos 18 anos, com o dinheiro que tinha conseguido juntar, mudou-se para Los Angeles para seguir o sonho de ser dançarino. O seu talento levou-o a participar em tours e espectáculos de gigantes como Janet Jackson, Beyoncé ou Justin Bieber — e foi em 2017, numa tour desse artista canadiano, que Jordan Ward descobriu a sua outra grande paixão.

O seu primeiro projecto na música surge nesse ano, o pequeno EP A Peak at the Summit. É um produto em bruto, em que se ouve muita vontade em temas esparsos e joviais, ancorados num r&b aveludado que não tem medo de disparar umas barras de vez em quando. Foi uma tela em branco sobre a qual Ward pintou a sua discografia, que conheceu as suas pinceladas seguintes em 2019 através de Valley Hopefuls. O que mais transparece neste projecto é o carisma de Jordan Ward e a sua entrega é focada e versátil. Consegue ser sedutor,  descontraído, assertivo e fervoroso, enquanto deambula pelo r&b e pela neo-soul (“moveOn”, “soLong”), trap de 808s a rasgar (“Slide”) ou até um solarengo synthpop pela mão de “Sandiego”, tema que conta com a participação do mítico produtor No I.D., uma colaboração que é (mais) um sinal de que o talento de Ward não está só nos pés.

Depois de, em 2021, apresentar o EP Remain Calm, chega agora FORWARD, o seu primeiro longa-duração com selo da Interscope. O nome remete-nos para uma fase de transição e é essa a atmosfera da faixa-título. Mas também pode ser visto como um álbum para Ward e para a sua família, que o diga a potente e gingada confrontação de “FAMJAM4000”, executada com grande mestria. Há espaço para a experimentação em temas mais digitais como “DANCE MACHINE” ou “0495”, mas Ward não esquece o seu coração analógico, vítima de amores e desamores, neste projecto de música viva e pulsante, seja no rápido e açucarado convite mútuo de “SIDEKICK” ou na confessional “IDC”. E há espaço para conceitos duros, difíceis de encarar como mostra “THINK TWICE”. A maneira como Ward apresenta esses conceitos, com uma leveza caricata e interessante, mostram que a sua personalidade confere um calor muito especial às suas canções.

FORWARD é um projecto que aponta em várias direcções, multifacetado e, por vezes, hiperactivo. Espelha o seu criador, um artista com muita ambição sonora. Há seis anos, Jordan Ward era dançarino em digressões de outros artistas e agora prepara-se para embarcar na primeira aventura na estrada em nome próprio. Passou de estar no fundo para ser o centro da actuação, um passo merecido. E se há dois anos atrás ouvíamos falar em crush, hoje a música deste artista é um romance com pernas para andar.


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