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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 29/07/2022

Na última sexta-feira de cada mês, Miguel Santos escreve sobre artistas emergentes que têm tudo para tomar conta do mundo da música.

Abram alas para… FLO

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 29/07/2022

2001. As Nonstop acabavam de lançar o álbum de estreia homónimo e o single Ao Limite Eu Vou” tornava-se um sucesso nacional. Este que vos escreve abominava as Nonstop. De nove anos e com todo o desprezo de um crítico de arte de nariz empinado, insurgia-me contra aquele grupo de mulheres que eu via como foleiro e dispensável. Petiz e com toda a ignorância que daí advém, o que me deixava mais frustrado era que a parte repetida não me saía da cabeça. Hoje, essa parte repetida já tem nome e já foi ultrapassada a neura derivada de hooks contagiantes. Hoje já consigo perceber que há encanto nas girl groups e desfrutar da pândega de “Cardboard Box” sem qualquer pingo de irritação ou snobismo. 

Foi com esse tema que as FLO se apresentaram ao mundo. O single é uma daquelas músicas que é amor à primeira audição, descontraída e intoxicante, desarmando uma traição com humor e melodias vocais cintilantes. A história deste trio britânico começa com Renée Downer e Stella Quaresma, que se conhecem desde os cinco anos, e desde essa altura que caminham juntas pelo mundo das artes. Prossegue com Jorja Douglas, que se juntou ao grupo há dois anos, e há um sentimento de uníssono na maneira como as três raparigas se conjugam em cada canção, em especial destaque em “Cardboard Box”. Com a ajuda de MNEK — produtor e songwriter que já trabalhou com artistas como Dua Lipa, Beyoncé ou Madonna –, as FLO entraram com três pés direitos no mundo da música. 

Quatro meses depois, “Immature” prova que as FLO não devem nada à sorte de principiante. O jocoso chorar de bebé que se faz ouvir mostra que o trio se está claramente a divertir com a sua música, numa canção com (mais) um bom hook, e um instrumental e uma entrega de embate, sobre duas pessoas que estão em fases diferentes da mesma relação. O single antecedeu The Lead, o EP que apresenta oficialmente as FLO ao mundo. A sua abordagem ao R&B e à música pop inspira-se em sons dos anos 90 e especialmente dos anos 2000, como ouvimos na nostálgica “Summertime”, uma música em que se celebra o Verão com todo o calor humano que esta estação merece. O calor é de outro tipo em “Feature Me”, cavalgante malha pop semelhante a uma música de Justin Timberlake que ficou numa gaveta a marinar até aos dias de hoje. As FLO cantam com confiança e de forma convidativa, à procura de alguém que rivalize a sua energia mas mostrando que quem toma as rédeas são elas.

E isso é o que podemos dizer sobre a música das FLO e sobre The Lead. O EP termina com uma balada acústica, “Another Guy”, e uma guitarra e as harmonias vocais são suficientes para encher a música. Há uma cumplicidade pessoal proferida no r&b e pop que ouvimos, uma união clara entre Jorja, Stella e Renée que prova que este girl group está pronto para ir ao limite.


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