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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 08/06/2020

Mais mudanças à boleia dos recentes acontecimentos associados ao movimento Black Lives Matter.

A Republic Records deixou de chamar “urbana” à música negra

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 08/06/2020

O termo “urban” pode estar em vias de extinção musical. A Republic Records – chancela de The Weeknd, Drake ou Nicki Minaj – vai eliminar a expressão, tipicamente usada para caracterizar música de artistas negros, da sua nomenclatura para lançamentos e títulos de cargos. A decisão foi anunciada na sexta-feira (6 de Junho), no fim de uma semana marcada por protestos #BlackLivesMatter por todo o mundo, noticia a Billboard.

Além desta medida, que “[encorajam] o resto da indústria musical a seguir”, a editora lançou um comité para acções de justiça social, que se articula com um grupo maior de trabalho do Universal Music Group (proprietário da Republic).

A posição da Republic segue o momento em que as reivindicações por direitos iguais e contra o racismo se voltaram para a indústria musical. “As editoras e as plataformas podem começar por emendar os contratos, distribuir royalties, diversificar as administrações e fazer pagamentos retroactivos a todos os artistas negros e respectivas famílias sobre as quais construíram os seus impérios”, aconselhou o crítico de música Josh Kun.

A “urban music” (não confundir com o estilo latino de música urbana) tem as suas origens na categoria “urban contemporary”, criada pelo locutor Frankie Crocker nos anos 70 para designar uma mistura de r&b e jazz. Sorveu gradualmente outras sonoridades afro-americanas, incluindo o disco, o hip hop, a soul e até o grime, e tornou-se num formato de rádio prevalente nos EUA. O “urban” extravasou as ondas FM e passou a ser uma abreviação universal para música negra.



À medida que o hip hop, o trap ou o r&b se tornaram vitoriosos nas tabelas de vendas, a etiqueta começou a ser questionada. Em 2018, Keith Murphy da Billboard sondou vários executivos (inclusivamente negros) da indústria musical acerca da sua necessidade, com resultados mistos: Mark Pitts, presidente de música urbana na editora RCA, dizia usá-la como “medalha de honra”; muitos, incluindo Sam Taylor da Kobalt Music Group e Jon Platt, ex-CEO da Warner/Chappell, consideravam-na uma expressão datada, responsável por marginalizar vozes negras.

O jornalista Kehinde Andrews defendeu esta posição no The Guardian, desconstruindo a identificação desta música com a cidade como uma visão racializada das comunidades negras. “A música negra pode ser interpretada na cidade, mas as suas raízes estão no reggae das colinas da Jamaica, os blues do deep south [dos Estados Unidos] e as batidas de aldeias africanas.”

Em 2020, o Grammy para melhor álbum de urban contemporary foi disputado pela vencedora Lizzo, por Steve Lacy, Georgia Anne Muldrow, NAO e Jessie Reyez – uma disparidade de r&b, neo-soul, pop e experimentação difícil de reduzir a um único denominador.


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