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Publicado a: 11/01/2016

A homenagem a David Bowie através do sample

Publicado a: 11/01/2016

[TEXTO] Alexandre Ribeiro

 

O artista desaparece, a obra continua. O mesmo funciona com as ideias, que se perpetuam através de outros. David Bowie deixa-nos aos 69 anos, acabado de editar Blackstar, e deixa um legado ímpar em termos criativos. O rock’n’roll sempre esteve na atitude, mas foi a diversidade e a procura de vida noutros géneros que o tornou inigualável.

Como músico à procura do som mais fresco, foi um viajante e a Alemanha foi um dos pólos onde a sua criatividade atingiu o pico. A trilogia composta por Heroes, Low e Lodger permanece intocável e demonstra que não existiria género que não o influenciasse – neste caso, o krautrock.

Blackstar, percebe-se agora, era uma despedida para todos os que sempre acompanharam e sempre lhe devotaram o seu tempo, tornando-o no ícone que transformou mentalidades e inspirou artistas por todo o mundo. O novo álbum – contou quem esteve perto dele durante as gravações – foi influenciado por To Pimp a Butterfly, clássico instantâneo de Kendrick Lamar, que terá apontado ao camaleão a direcção do jazz seguida neste trabalho. Até ao fim, David Bowie soube beber da inovação dos outros e, através do seu prisma, criar obras que ainda assim lhe vincam uma singular personalidade.

De forma a honrar a sua memória, o ReB foi à procura de músicos que, através do sampler, honraram a sua memória.

 


 

[NINE INCH NAILS] “A Warm Place” | [DAVID BOWIE]  “Crystal Japan”

1994 trouxe Downward Spiral, segundo álbum da discografia dos Nine Inch Nails. “ A Warm Place” é pulsação industrial a ser cercada pelos ambientes negros e Reznor a trazer “Crystal Japan” de Bowie para a linha da frente. A apropriação do cérebro dos NIN da música de Ziggy Stardust foi discutida pelos dois numa entrevista – Bowie mostra a sua abertura sobre as questões autorais nesse pedaço de conversa.

 


 

[JAY-Z] “Takeover” | [DAVID BOWIE]  “Fame”

The Blueprint é um dos grandes álbuns do hip hop e Jay-Z tinha em Kanye West um dos melhores arquitectos para dar vida às suas rimas. “Takeover” é uma diss track a Nas e Bowie faz-se ouvir com “Fame”, single escrito a meias com John Lennon em 1975. Esta música foi das mais “sampladas” do artista britânico e pode ser encontrada em obras de Public Enemy, Dr. Dre, Ice Cube ou Ol’ Dirty Bastard.

 


 

[THE CHEMICAL BROTHERS] “Star Guitar” | [DAVID BOWIE]  “Starman”

Os Chemical Brothers, que estarão em Portugal este ano, pegaram em “Starman” e aceleraram-lhe o passo até se parecer com algo totalmente diferente. O single fez parte de Come With Us, quarto álbum da sua longa carreira.

 


https://www.youtube.com/watch?v=hIthNcXtvog

 

[EL-P] “Innocent Leader” | [DAVID BOWIE]  “Soul Love”

El-P, para os mais desatentos, já tinha carreira feita antes de aparecerem os Run The Jewels, duo bomba que junta beats de outra galáxia a rimas conscientes e ácidas dos seus dois intervenientes. Voltemos então a 2002. El-P lançava Fantastic Damage, um dos álbuns mais aclamados do hip hop americano mais underground e, entre as excelentes faixas que compõem o álbum, encontramos a bateria de “Soul Love”, música pertencente a The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, de 1972.

 


 

[DEATH GRIPS] “Culture Shock” | [DAVID BOWIE]  “The Supermen (Alternative)”

Os Death Grips são o grupo perfeito para exemplificar a criatividade sem barreiras, algo sempre perpetuado por David Bowie. A sua homenagem foi feita em Ex-Military, mixtape de estreia do grupo da Califórnia. “The Supermen (Alternative)” é o alvo da recolha arqueológica do colectivo composto por MC Ride, Zach Hill e Andy Morin.

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