Não é todos os dias que uma das maiores marcas de som de alta fidelidade do mundo está em Portugal para apresentar a sua gama de produtos à indústria. Mas foi o que aconteceu quando a Focal organizou, em parceria com a Omnisonica, a Focal Experience nos estúdios Canoa, na zona de Torres Vedras, esta quarta e quinta-feira, 5 e 6 de Novembro.
Engenheiros de som, responsáveis de estúdios, produtores e artistas portugueses de diferentes áreas responderam à chamada para um encontro com Vincent Moreuille, Head of Focal Profissional. Em destaque estiveram as colunas da gama Utopia, instaladas num sistema Dolby Atmos a 360 graus — o que proporciona uma experiência de som profundamente imersiva e espacial, oferecendo densidade sem comprometer a definição. Como Vincent Moreuille explicou, a Focal tenta controlar ao máximo todo o processo de produção para garantir a qualidade de todos os passos e peças necessárias para construir os seus produtos — mas também para evitar fugas de informação que possam comprometer o trabalho desenvolvido.
Quando se produzem estas colunas, o objetivo é sempre que sejam o mais leves possíveis, para que o som chegue mais rapidamente ao receptor. Apesar disso, devem ser rígidas, para que não haja quaisquer distorções no som. Utilizam linho e fibra de vidro para que os woofers tenham as características ideais para o som, sendo que também aplicaram a lógica da tecnologia anti-sísmica no que toca à suspensão — para tal foi necessário acrescentar mais massa, reduzindo a leveza mas chegando a um compromisso pela qualidade do resultado final.
Apostaram numa maior dispersão para que a área do sweet spot — onde o utilizador das colunas está posicionado, de forma a obter o melhor som possível — seja alargada, permitindo uma melhor adaptação aos diferentes ambientes de produção musical, seja um estúdio caseiro ou totalmente profissional, e fazendo com que essa área de sweet spot tenha uma verticalidade e horizontalidade em simultâneo, numa zona mais lata.
Super rígido, leve e caro — podendo custar mais 20 vezes do que o ouro — a Focal usa berílio puro na construção das suas colunas, encarecendo de alguma forma o processo de construção e o produto em si, mas também contribuindo para a tecnologia mais avançada no que toca à alta fidelidade, para uma reprodução fiel e tridimensional de qualquer música que seja tocada — da pop ao forró, do rock ao trap, passando pelo indie ou pela electrónica, foram muitos os temas testados pelos profissionais portugueses durante este par de dias.
Na experiência foi ainda possível experimentar a mais recente gama de Headphones Focal Professional, mas o grande destaque foi mesmo para a utilização das colunas Utopia num sistema surround Dolby Atmos — que expande o som além do plano estéreo, criando um espaço verdadeiramente tridimensional e envolvente em que a música soa mais física do que nunca, em que cada elemento ocupa uma posição específica na sala. Acaba por representar o apogeu do setup em que estas colunas podem ser utilizadas.

Um dos músicos que estiveram presentes no segundo dia do evento foi ProfJam, que partilhou com o Rimas e Batidas como foi a experiência para si. “É um bocado aquela sensação de quando vês um filme no cinema… Uma das coisas mais diferentes é essa imersão no som. Nós não temos tanto essa experiência na música, porque ao criá-la não pensamos tanto nessa imersão. Com os fones de boa qualidade e com uma boa mistura, consegues ter essa sensação tridimensional na tua cabeça. Isto tem um efeito semelhante, só que como é um sistema externo, está a acontecer a 360 graus e tu estás mais dentro, porque estás a ouvi-lo fora de ti”, explica o rapper português, que compara a tecnologia do Dolby Atmos à realidade virtual.
“É uma sensação nova, realmente não é algo fácil de explicar e a malta que algum dia tiver oportunidade de experimentar… Realmente é diferente. Pode ser que, havendo interesse, se consiga fazer mais coisas assim para as pessoas conseguirem consumir e experienciar. Até porque outra parte engraçada é que, pelo facto de haver uma tecnologia nova para a maior parte das pessoas, ou pelo menos uma nova maneira de a abordar, isso coloca-te numa abertura ao ouvires a música mais activamente do que o normal. Talvez os carros possam ser dos meios que possam incorporar estas colunas”, aponta.
O rapper esteve na sessão com a dupla de produtores que o tem acompanhado desde o álbum MDID (2023), os 2LO, formados por Gonçalo Lemos e Leonardo Pinto. “Eu só tinha experienciado o Atmos numa sala de cinema, portanto, isto agora foi uma coisa muito mais localizada e particular”, partilha Gonçalo Lemos com o Rimas e Batidas.
“Este posicionamento dos elementos é como uma nova dimensão, foi muito especial, com uma qualidade de áudio impressionante. É estranho, estás fisicamente mais dentro da música. As possibilidades criativas aumentam imenso, porque agora os elementos podem estar literalmente à tua volta. Acho que a maioria das pessoas nem tem muito bem noção de que isto existe, então quanto mais demonstrações e iniciativas destas, melhor. As pessoas têm que provar porque é outra experiência. Mas acho que tem pernas para andar e que só vai crescer no futuro.”
Já Leonardo Pinto considera “fantástico poder experienciar um sistema assim tão bom e bem calibrado”. “É um novo layer criativo, explorar o som no espaço e tirar partido disso para a experiência do ouvinte. Acho que é incrível. São novas sensações. Felizmente, com os AirPods e com esse tipo de soluções, começamos a ter alguns recursos acessíveis para o consumidor comum conseguir experienciar isso. Mas claro que, num sistema destes, a coisa ganha uma riqueza extra. Mas, acima de tudo, é abrir a porta também nesta narrativa da espacialização, que é fantástica. Faz-nos mergulhar no meio de uma peça, envolver-nos e aumentar a experiência.”
Os produtos da Focal podem ser conhecidos no site oficial da marca, mas também no site da distribuidora oficial portuguesa Omnisonica.