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[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTO] Direitos Reservados
(Recuperamos este texto assinado por Rui Miguel Abreu sobre 8 Mile, filme protagonizado por Eminem, para celebrar o 44º aniversário de um rapper frequentemente escolhido como GOAT pelos fãs de hip hop. Parabéns, Eminem!)
Hollywood e a indústria discográfica norte-americana sempre coçaram as costas uma da outra. São ambas geradoras de mitos e de milhões de dólares e, de vez em quando, lá surge um executivo com uma visão, acreditando ser capaz de transformar um ídolo pop em receitas de bilheteira. Mas o truque raramente resulta: Bowie? Fez só filmes pequenos, incompatíveis com Multiplexes e Pipocas. Sting? O filme Dune foi um flop tremendo. Madonna? Nah… nunca convenceu como actriz. DMX? Ao lado de Steven Seagal? Como diria Ol’ Dirty Bastard, “nigga, please!”Janet Jackson, Tupac, Aallyiah? Os que realmente tinham potencial morreram antes do tempo. Não podemos obviamente esquecer Jennifer Lopez, mas ela já era actriz antes de ser cantora… Quem sobra? Eminem!
O filme 8 Mile é uma agradável surpresa. Realizado pelo mesmo Curtis Hanson de L.A: Confidential, 8 Mile é, obviamente, um filme desenhado para alargar a penetração da marca Eminem ao mercado cinematográfico. O facto de Marshall Mathers estar a representar o que é basicamente a história da sua vida também deve ajudar a que seja convincente nesse papel. Enfim, podemos socorrer-nos de todos os argumentos que uma boa dose de cinismo nos permita ir buscar, mas mesmo assim seremos obrigados a confrontar-nos com a qualidade do resultado final. Porque a realidade do hip hop de Detroit é representada com uma precisão quase documental, porque a pílula nunca é dourada, o discurso nunca é suavizado e até o final não é “hollywoodzado”. O filme respira autenticidade, graças à mão segura e competente de Curtis Hanson, claro, mas, não nos iludamos: este é o filme de Eminem. Que surge seguro, dinâmico, convincente e que até denuncia um potencial capaz de o levar para outro tipo de papéis.
O filme conta a história de um jovem branco, oriundo do lado errado da cidade, que tenta impor o seu valor como rapper numa série de “combates” verbais. Eminem é um “gladiador” em busca de si mesmo e a cidade é dura e pesada: nunca se entrevê o glamour dos edifícios mais modernos e por vezes os travellings ao longo da “8 Mile Road” quase nos convencem tratar-se uma cidade dizimada por uma qualquer guerra. É um filme horizontal, que se mantém ao nível das ruas, dos subterrâneos, parques de estacionamento, becos sujos. O único sinal de elevação chega de um “Jimmy” Rabbit a mãos com uma mãe – Kim Basinger – problemática e uma vida à beira do colapso. Mas…
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