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Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?
7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal nos terrenos do hip hop e electrónica. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto de novo, com tanto para espreitar e escutar.
[Benny Broker] “SOS QUINTA DOS INGLESES”
Um assunto que tem sido recorrente nos últimos tempos em conversas com colegas e amigos é a ausência da política no panorama global do rap. Portugal não é excepção e custa ver que um dos pilares da cultura hip hop — o olhar cirúrgico sobre a sociedade através de reflexões e críticas — esteja a desmoronar-se neste momento tão crucial para a história da humanidade. Numa altura em que Benny B. se encontra a preparar um álbum colaborativo com Amigo Ivo — Respira Fundo será editado em breve e já tem apresentação ao vivo marcada para o dia 13 de Setembro no BOTA, em Lisboa —, o rapper dá a cara e a voz em nome da organização não-governamental de cariz ambiental SOS Quinta dos Ingleses com um single que procura alertar as massas para a desflorestação de uma zona que é tida como um “pulmão” de Carcavelos.
[Venna] “Myself” feat. Jorja Smith
Na passada sexta-feira, Venna lançou o seu álbum de estreia pela Cashmere Thoughts, de Yussef Dayes, que também participou na feitura do projecto do pupilo. MALIK é um generoso trabalho com quase uma hora de música dividida por 17 faixas e também uma ode monumental ao estado de fusão que o jazz contemporâneo atravessa, com fortes influências do hip hop, do R&B, da bossa nova, da soul e até da electrónica de dança. O derradeiro single desse LP foi este “Myself”, fechando com chave de ouro a jornada promocional que anteviu a edição do projecto através desta marcante colaboração com uma das grandes vozes do Reino Unido, Jorja Smith.
[PARTYOF2] “FRIENDLY FIRE”
O título é auto-explicativo e o resultado é uma das malhas de rap mais bem-humoradas de 2025. Os dois MCs de PARTYOF2 medem forças um com o outro de forma amigável e divertida neste “FRIENDLY FIRE”, uma sátira à cultura das diss tracks, através de provocações mútuas e até de fragmentos de um dos maiores beefs da história do hip hop — as introduções de “Warning” (de The Notorious B.I.G.) e “Hit ‘Em Up” (de 2Pac) são recriadas nos versos de abertura de Jadagrace e SWIM. Os níveis de execução técnica e de boa disposição estão em altas em mais um avanço do aguardado AMERIKA’S NEXT TOP PARTY!, que verá a luz do dia a 17 de Outubro pela Def Jam Recordings.
[NOG] “Sinopse” feat. Djonga
Numa produção fria e minimal de Paiva Prod, NOG aponta o dedo àqueles que vivem das aparências num tema de trap capaz de meter os mais sensíveis em sentido. Djonga é convocado para esta “Sinopse” que antecede o próximo álbum do rapper nascido Caio Nog, que nas redes sociais já referiu que este será o melhor projecto que já fez na vida. Filmado nas ruas de São Paulo, o single ajuda a aguçar ainda mais o apetite para o dia 8 de Outubro, data escolhida para a edição do sucessor de Eu, Eu Mesmo & NOG (2024).
[Ego Ella May] “What We Do”
Ego Ella May tirou FIELD NOTES da sua jornada e foi compilando essas ideias em diferentes EPs, culminando no ano passado em FIELD NOTES: COMPLETE. A cantora inglesa de origem nigeriana volta a estar agora na rota dos projectos de longa-duração e apontou à edição de um novo álbum no arranque de 2026, ela que já tinha rubricado So Far (2019) e Honey For Wounds (2020). Com produção do irreverente Wu-Lu, “What We Do” abre o caminho rumo a esse vindouro trabalho com um neo-soul bem sedoso, como Ego Ella May tão bem tem sabido fazer.
[Erick The Architect] “LUNCHIN”
Rapper e produtor, Erick The Architect é um dos membros fundadores do trio Flatbush Zombies e estreou-se a solo no capítulo dos LPs no ano passado com I’ve Never Been Here Before. Em Maio último, voltou a fazer uma incursão pela sua saga ARCSTRUMENTALS através do lançamento do terceiro volume, por onde encontramos esta dançante fusão entre rap, soul e house que é “LUNCHIN”. No vídeo que acompanha a canção, animado por Fernando Mora, salta à vista a nostalgia dos jogos da primeira PlayStation, com personagens como Spyro ou Snake a juntarem-se à dança dos polígonos.
[PinkPantheress] Ao Vivo @ Tiny Desk Concert
O caso está cada vez mais sério nos palcos. A música de PinkPantheress ganha asas em contexto de banda e percorre um amplo espectro sonoro que vai do rock ao jazz, apesar das raízes da cantora inglesa no UK garage e no drum & bass. Faixas como “Pain”, “Break It Off” ou “Passion” trazem-nos de volta à altura em que a começámos a descobrir, mas agora brilham ainda mais alto pelas novas roupagens e contracenam com canções do seu mais recente Fancy That (2025). Apesar da voz não tão segura como nas versões de estúdio — o Tiny Desk Concert não permite que os vocalistas recorram ao auto-tune e PinkPantheress chegou mesmo a ponderar cancelar a ida à rubrica norte-americana —, o conjunto de músicos que a acompanha — elenco quase 100% feminino — segura a prestação de forma bem satisfatória no plano geral.
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