Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?
7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal nos terrenos do hip hop e electrónica. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto de novo, com tanto para espreitar e escutar.
[Gabe ‘Nandez & Preservation] “War” feat. billy woods
Os amantes das rimas mais densas que o hip hop tem para oferecer estavam certamente em pulgas à espera desta. “War” é a malha que volta a juntar as vozes de Gabe ‘Nandez e de billy woods e aquela que soava mais promissora por entre o alinhamento de Sortilège, o álbum que ‘Nandez divide com o produtor Preservation e que foi selado pela Backwoodz Studioz, do próprio woods, na passada sexta-feira. Com o lançamento do disco, a colaboração virou single e foi alvo do tratamento visual do realizador Marley Chapman.
[DJ Haram] “Stenography” feat. Armand Hammer
billy woods está em todas e quem nos vai acompanhando de perto sabe muito bem o que a casa gasta. Antes de contracenar com Gabe ‘Nandez, o MC nova-iorquino já tinha dado uma mãozinha (ou uma “vozinha”, se preferirem) à irreverente DJ Haram no seu LP de estreia em nome próprio, Beside Myself, lançado há precisamente um mês pela Hyperdub. E para nosso deleite, woods não embarca sozinho na aventura de “Stenography”, já que E L U C I D o acompanha em mais uma reactivação da dupla Armand Hammer, que causa consideráveis estragos por entre o claustrofóbico quadro instrumental pintado pela produtora de Nova Jérsia.
[Legalize LA] “Rootz” feat. Nato
Alverca vira Gotham por entre o cenário que serve de fundo às correrias de Legalize LA, rapper de culto a operar nas camadas mais street do underground nacional há já vários anos. Foi precisamente com um tema intitulado de “Gotham” que arrancou com a promoção de um novo trabalho feito da rua para as ruas, Correrias Vol. 2, que tem vindo a ser revelado a conta-gotas com várias faixas avulso. “Rootz”, que tem a participação de Nato, é mais uma dessas amostras e a segunda peça visual alusiva ao projecto.
[Blahzay Blahzay] “Back to the Ninetees”
Velhos são os trapos e o rap dos Blahzay Blahzay é uma daquelas fatiotas de autor feitas à medida e que nunca desvaloriza no mercado. Três décadas volvidas desde a estreia do grupo de Brooklyn, que já contracenou com nomes históricos como Ol’ Dirty Bastard ou Edo G, trazem-nos “Back to the Ninetees” com uma música que tresanda a clássico — e a dobrar, já que conta com um beat switch delicioso que eleva os níveis de rawness na segunda metade do single.
[Olivia Dean] “Man I Need”
Agora é a valer. Olivia Dean até que tem feito por deixar os seus fãs bem entretidos desde o seu último registo de longa-duração — após Messy, a cantautora britânica editou várias canções, vídeos e até um disco ao vivo —, mas confirmou recentemente que há um novo álbum na calha e “Man I Need” é já o terceiro tema a anteceder esse próximo The Art of Loving, com edição prevista para 26 de Setembro. Envolta num misto entre pop e neo-soul, a voz de Olivia Dean brilha com a sua característica sensibilidade emocional, evocando sofisticação, elegância e groove na mesma equação sonora.
[KIRBY] “Miss Black America” feat. Big K.R.I.T.
Inspirada pela família Obama, KIRBY eleva as peles negras a um patamar especialmente mais prestigiante da sociedade, usando a sua própria experiência de vida para sublinhar a resiliência e as conquistas dos seus pares, especialmente as das comunidades instaladas no sul dos Estados Unidos da América, zona que a própria representa, tal como o seu luxuoso convidado Big K.R.I.T. neste “Miss Black America”.
[Tyler, The Creator] “SUGAR ON MY TONGUE”
Tyler, The Creator volta a rubricar uma obra visual fracturante com “SUGAR ON MY TONGUE”, uma das malhas contidas no seu novo DON’T TAP THE GLASS e que mescla hip hop com a cena electro-funk de Detroit. No vídeo realizado por si mesmo, Tyler intensifica o tom sexual da música, que se centra no desejo oral, colocando-se num cenário revestido de azulejos de casa de banho que serve de palco para uma rave surreal tão perturbadora quanto fetichista.