Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?
7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal nos terrenos do hip hop e electrónica. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto de novo, com tanto para espreitar e escutar.
[Slick Rick] VICTORY (The Film)
Dirigido por Meji Alabi, “VICTORY (The Film)” traz a componente visual para o mais recente disco de Slick Rick. São 30 minutos tratados de forma cinematograficamente estilizada para celebrar a grandiosidade, o legado e a teatralidade do lendário rapper britânico-americano, que voltou aos álbuns 26 anos depois de The Art Of Storytelling com VICTORY pela Mass Appeal. Há fantasia, simbolismo cultural, humor, elegância e o inconfundível estilo de Rick neste que é um statement artístico de um dos maiores storytellers que o hip hop alguma vez testemunhou, que contou com a ajuda de Idris Elba na produção e com as participações de rappers como Giggs ou Nas.
[Clipse] “So Be It”
Pusha T tem um novo alvo e procura deixar tudo em pratos limpos em mais um single de antecipação do novo álbum dos Clipse, a dupla que forma com o seu irmão No Malice. Se a chegada iminente de Let God Sort Em Out (esperado para 11 de Julho) ou a hipnótica batida assinada por Pharrell Williams eram por si só fortes motivos para gerar alarido entre o público, os versos que Pusha dirige a Travis Scott estão a ganhar total atenção por parte da comunidade hip hop, que anseia agora por aquela que pode (ou não) vir a ser a jogada do autor de UTOPIA.
[Vic Mensa] “the word” feat. Mick Jenkins
Vic Mensa recebe Mick Jenkins em “the word”, um manifesto poético de consciência e resistência que ganha ainda mais impacto através do vídeo conduzido pelo próprio MC de Chicago. Da exploração das editoras às referências históricas, o tema evoca a metáfora de escravidão mental e representa o primeiro passo dado rumo ao EP Sundiata, aquele que será o primeiro projecto editado por Vic Mensa de forma independente.
[Amaarae] “S.M.O.”
“S.M.O.” (uma abreviação para o termo “slut me out”) inaugura a jornada de Black Star, o novo álbum recentemente anunciado por Amaarae. Numa viagem sonora alucinante que vai do highlife ao techno de detroit, a artista do Gana é directa e ousada na faixa que tem todos os ingredientes necessários para se tornar caso sério neste Verão. Omar Jones, visionário de Los Angeles que tem trabalhado junto de artistas como Nas ou Pusha T, é o responsável pelo tratamento visual da faixa, que parece recriar o clássico teledisco de “Call on Me”, de Eric Prydz, ao estilo ganense.
[Stanley Clarke] Ao Vivo @ Tiny Desk Concert
O Black Music Month continua a ser celebrado nos escritórios da NPR através da rubrica Tiny Desk Concert, que nas últimas semanas já nos trouxe concertos de gente como Wiz Khalifa, Amerie ou E-40. Num dos mais recentes episódios, é chamado ao serviço o lendário baixista Stanley Clarke, que foi peça importante durante a era fusion do jazz, tendo fundado com Chick Corea os Return to Forever e trabalhado com gente como Stan Getz, Herbie Hancock ou Pharoah Sanders. Ao longo de quase 20 minutos, demonstra toda a sua perícia tanto no baixo eléctrico como no contrabaixo, liderando uma formação composta por mais cinco músicos e terminando a performance ao som de uma das suas mais emblemáticas composições, “School Days”.
[Offset] “Bodies” feat. JID
“Bodies”, dos Drowning Pool, foi uma das faixas que marcaram o movimento nu-metal, tornando-se num dos hinos da attitude era da popular promotora de lutas de wrestling WWF (hoje conhecida por WWE). A famosa expressão “let the bodies hit the floor” surge agora recriada através do sampling neste “Bodies”, um tema explosivo que parece ser mais uma peça daquele que poderá ser o próximo álbum a solo de Offset, contando aqui com a colaboração de JID, eles que já tinham causado estragos há um par de anos em “Danger (Spider)”.
[FERG] “Demons” feat. Denzel Curry
FERG já tinha dado sinais de vida este ano através de colaborações com artistas como Terrace Martin ou Awich, mas regressou a 2024 para recuperar uma das malhas mais rodadas do seu último capítulo no formato de longa-duração, DAROLD. Numa faixa tensa com produção acutilante de Kelvin Krash, o rapper que fez parte da A$AP Mob convoca Denzel Curry para nos falar dos demónios que se vão colocando à sua frente e contra os quais ambos têm de batalhar para se tornarem bem sucedidos na vida.