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Publicado a: 27/04/2016

7 Dias, 7 Vídeos

Publicado a: 27/04/2016

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados

ORTEUM e X-Tense trazem novidades no campo audiovisual para animar a cena tuga. Ambos com fortes singles sendo que a mixtape onde pertence “Perdido e Hashado” já se encontra nas ruas e também na internet.

Lá fora há também novo material a ser editado, do qual destaco o novo vídeo dos RTJ que está com uma qualidade incrível – bem ao estilo de um documentário da vida animal em alta definição -, bem como SHIRT e Robert Glasper. Este último prepara um projecto promissor onde vai reciclar material que ficou gravado por Miles Davis e junta vários convidados de peso.

Em 7 Dias, 7 Vídeos, há uma vasta pesquisa pelo mais e o menos óbvio, coleccionando o melhor fruto de cada árvore para o dar a conhecer aos nossos leitores. É um resumo semanal onde o conteúdo nem sempre é mediático, mas tem sempre elevado interesse.


[ORTEUM] “Perdido e Hashado (Prod. Metamorfiko)”

O ataque paranóico de Tilt é um dos meus temas favoritos da última mixtape dos ORTEUM. Uma faixa completamente fora da caixa com um beat à medida desenhado por Metamorfiko. As trevas convidaram o MC da margem sul a sentar-se à mesa para tomar um chá, provavelmente minado de más intenções que o aliciam a querer sempre um pouco mais daquela substância.

“Não tenho paz de espírito mas podia mentir a mim mesmo neste fumo de hash nítido”

“Perdido e Hashado” é o momento em que Tilt entra, realmente, em tilt. A sua cabeça teima em colocar-lhe à frente os pensamentos mais insanos e macabros. É como se, por momentos, tivesse desligado o filtro que usa para distinguir aquilo que realmente quer passar para o papel, dando lugar a uma pesada badtrip sonora que o leva a entrar em conflito consigo mesmo. Dois minutos depois: o silêncio; Voltamos a cair na realidade já com a roupa molhada dos suores frios que esta viagem mental nos faz sentir. A cabeça volta a ficar livre desses pensamentos conflituosos e a paz volta. Por breves momentos.


[X-TENSE x HYPE MIKE] “Voodoo (Prod. ROOD)”

O X-Tense tem tido o poder de me atrair com os seus singles. Da última mixtapeO Rei Vai Nú – foram uma mão cheia de temas que giraram no meu player uma boa quantidade de vezes. Desta vez o seu plano parece melhor elaborado. Embora não veja aqui o mesmo brilho de “Diz Que Disse” ou “Não Vás“, cheira-me que o MC ex-Deck-Art vai lançar um novo projecto que vai de encontro à sua fome em fazer rap. Julgando pela letra, esta poderá ser mesmo a derradeira tentativa em se afirmar no circuito do hip hop nacional. Não que ele não tenha já afirmado o seu nome no panorama mas, por qualquer razão, tem-lhe faltado algo que leve os seus ouvintes a comprometerem-se para com a sua música. Novo projecto, vida nova. Eu cá estarei para ouvir.


https://youtu.be/Ks0GQ44xR4I

[RUN THE JEWELS FEAT. GANGSTA BOO] “Love Again”

Uma música cujo refrão tem algo como “dick in her mouth all day” e acaba em “clit in his mouth all day” e vem conjugado com um vídeo que mais parece vindo da National Geographic – onde aparecem abelhas em cima de flores a exercitar twerk – tem tudo para dar certo. Fica na cabeça. Os Run The Jewels têm esse poder. Embora não siga os seus trabalhos na íntegra, as faixas que soltam e os conceitos que criam em torno da sua música deixam-me perplexo, no bom sentido, claro. É notório que um grupo de rap que milita num circuito mais alternativo consiga ter quase tanto impacto como os seus colegas do mainstream. Será que depois da febre dos gatos esta nova moda das abelhas e das moscas também vai pegar? Seria engraçado.


[SHIRT] “TOP OF THE WHITNEY (Prod. San Holo)”

Um vídeo realizado por uma criança de 5 anos? Parece-me válido. “Foder popstars” também. Conjugar tudo isto no topo de um museu… Sim, este vídeo é uma espécie de exercício mindfuck. Um egotrip pesado com um instrumental bem possante, daqueles que nos fazem querer abanar a cabeça por menor que seja a nossa vontade.

“Eu tinha algumas ideias mas uma criança de 5 anos disse-me: que se fodam as tuas ideias; tinha de respeitá-la.” Foram as palavras que SHIRT deixou acerca deste vídeo que representa o mais recente single do seu último trabalho, Nike Adidas Records, que foi editado no final do ano passado e que vem carregado de produções frescas e modernas a combinar com o rap e flow vanguardistas do MC de Nova Iorque.


[MILES DAVIS & ROBERT GLASPER FEAT. BILAL] “Ghetto Walkin’”

Robert Glasper tem sido um dos homens que mais pontes tem criado entre o jazz e o hip hop nos últimos anos. Embora o jazz sirva muitas vezes para se adaptar ao hip hop, o inverso não acontece com tanta frequência. E é aqui que entra Robert – pianista, produtor e compositor de jazz;

Assim como um produtor de hip hop tenta passar o sentimento de um disco de jazz para uma composição de boom bap através de uma máquina, Robert faz o caminho contrário. Imagina os batimentos da máquina e transcreve-os para um ambiente de banda com aquele groove típico do jazz. Leva no currículo trabalhos desenvolvidos com Mos Def, Snoop Dogg ou Kendrick Lamar.

A voz de Bilal encaixa na perfeição no tema que é o segundo single para Everything’s Beautiful, trabalho que Robert Glasper está a desenvolver recorrendo a gravações antigas de Miles Davis, contando, por isso, como um álbum colaborativo entre os dois artistas. Além de Bilal, o projecto vai contar com outros nomes de peso como Illa J, Erykah Badu, John Scofield e Stevie Wonder.


[JMSN] “Most Of All”

Este mais recente tema de JMSN faz-me lembrar o Justin Timberlake dos tempos de Justified. A voz colorida e, ao mesmo tempo, melancólica. O groove r’n’b do inicio dos 2000’s. Carregado de instrumentos que lhe oferecem uma orgânica incomum nas músicas do género na actualidade.

“Most Of All” fará parte do seu próximo álbum It Is.


[ELWD] “There’s Light Somewhere”

A última cassete de ELWD saiu em Fevereiro, vem recheada de bons instrumentais e segue uma linha semelhante ao seu anterior Tropic. Vejo neste produtor inglês algumas semelhanças com J Dilla: beats curtos feitos de cortes arriscados e drums fora do comum; com uma sonoridade mais citadina/melancólica e menos glitchy e industrial que marcava a sonoridade do grande mestre dos beats de Detroit que o Rimas e Batidas homenageou no seu último festival.

There’s Light Somewhere é o nome do projecto, sendo que este clip audiovisual, com o mesmo nome, serve de aperitivo onde faz uma colagem de alguns dos instrumentais que podemos encontrar pelo álbum. Está disponível para stream e tem uma versão física apenas em formato de cassete.

O video foi todo filmado com uma câmara dos anos 90 e faz justiça ao áudio, a roçar o analógico, no qual o produtor nos envolve nesta sua jornada.

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