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Publicado a: 21/12/2015

7 Dias, 7 Vídeos

Publicado a: 21/12/2015

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados

 

A semana que passou foi extremamente interessante. Pusha T lançou um novo single (que é uma malha dos céus, diga-se de passagem) e volta a assumir uma posição de grande destaque depois do tempo que nos deixou a aguardar pelo sucessor de My Name Is My Name. GrandeMarshall mostra-se cada vez mais como uma alternativa credível aos nomes que vemos militar no topo das tabelas e lança um novo vídeo para o comprovar. No entanto, foi talvez a sessão de Rhythm Roulette de Khrysis o que mais me espantou nesta selecção. É uma rubrica que faço questão de acompanhar e este último episódio foi fora de série com o produtor do colectivo Justus League a fazer justiça à arte do beatmaking.

Também há novidades provenientes da Europa. Mais precisamente Inglaterra e Noruega, de onde destaco o trabalho dos Dead Players, não só pelo novo single, mas também pelo último álbum que lançaram. Se ainda não ouviram, encontram neste novo tema uma forte razão para não deixarem de o fazer.

Em 7 Dias, 7 Vídeos, há uma vasta pesquisa pelo mais e o menos óbvio, coleccionando o melhor fruto de cada árvore para dar a conhecer aos nossos leitores. É um resumo semanal onde o conteúdo nem sempre é mediático mas é de elevado interesse.

 


 

[GRANDEMARSHALL] “Pullup’s Theme (Prod. Ben Pramuk)”
(My Bronther’s Keeper, Fool’s Gold)

Não foi preciso muito tempo para que A-Trak e Nick Catchdubs – fundadores da Fool’s Gold – se rendessem ao talento do jovem de Filadélfia após uma interessante estreia com 800. O projecto foi lançado de forma independente em 2012, o mesmo ano em que assinou pela Fool’s Gold, para, no ano seguinte, se estrear pela label com Mugga Man.

Dois anos passaram entretanto e GrandeMarshall aproveitou-os para se aplicar no seu mais recente My Brother’s Keeper. O álbum mostra-nos uma nova faceta do rapper, que também assina alguns dos beats deste registo. Voltou para terminar o curto jejum em que se encontrava e deixar a sua própria marca nesta recta final de 2015. Mais maduro, introspectivo, com um carinho especial pela família. Sem nunca esquecer os instrumentais arquitectados ao pormenor para quem se quer manter no jogo e, acima de tudo, escalar posições na tabela dos MCs mais fresh da actualidade. Valeu-lhe um número invejável de plays e destaque na Complex, juntamente com uma pequena entrevista.

 


 

[PUSHA T] “Crutches, Crosses, Caskets”
(Darkest Before Dawn: The Prelude, GOOD Music)

Pusha T é um dos MCs que, a meu ver, melhor tem sabido gerir a sua carreira desde que chegou ao topo das tabelas. Não importa a quantidade de produto editado nesta empresa. Importa, sim, a qualidade. Cada lançamento é escolhido na data certa, cada conteúdo é meticulosamente trabalhado em laboratório para gerar um hit. E cada hit tem o seu consequente impacto.

Depois da carreira ao lado do irmão nos Clipse, King Push bebeu todos os conhecimentos que adquiriu na sua experiência com a G.O.O.D. Music, de Kanye West para relançar a sua posição no rap. Posição essa que o rapper do Bronx não quer perder de vista facilmente.

“Crutches, Crosses, Caskets” é mais do que um egotrip possante, estilo que vemos com regularidade associado aos seus singles. É um monólogo sobre os artistas, as vitimas dessa grande máquina que é a indústria musical. Ele vai vendo e preparando os caixões. Assenta bem depois de “Untouchable”.

Entretanto, Darkest Before Dawn: The Interlude chega depois de My Name Is My Name e conta com participações de gente como Kanye West, A$AP Rocky e Q-Tip. O filme, no entanto, prossegue dentro de momentos.

 


 

[RAURY FEAT. KEY!] “Trap Tears”
(All We Need, Columbia)

À semelhança de Indigo Child, o álbum que agora marca a estreia oficial de Raury e que tem edição pela Columbia Records está repleto de folk e electrónica. Uma fusão entre o analógico e o digital, o orgânico e o mecânico. Em “Trap Tears”, tanto nos sussurra ao ouvido numa doçura digna da pop como nos coloca prontos a dançar ao ritmo lento do bass no refrão.

Revisitar a música popular norte-americana e misturá-la com uma boa dose de graves. Servido com rap consciente que nos tenta fazer olhar para a vida de uma outra maneira.

All We Need é o álbum que Raury lançou em Outubro deste ano, de onde salta este tema. Nesse álbum, registam-se também colaborações de Big K.R.I.T., RZA e Danger Mouse.

 


 

[DEAD PLAYERS] “Drenching”
(Freshly Skeletal, High Focus)

Apesar de em nada soarem como Tyler, The Creator, os Dead Players surgiram com um novo vídeo que parece enquadrar-se no mesmo conceito de “Yonkers”. Provavelmente um dos melhores videoclipes de rap feitos fora dos Estados Unidos. A começar pela qualidade de imagem e dos efeitos, passando por toda a encenação e caracterização de Jam Baxter e Dabbla. É inquietante toda a envolvência do tema com o vídeo.

GhostTown é o outro membro do trio, que fica encarregue das produções dos instrumentais. O álbum Freshly Skeletal que editaram em Outubro é uma das audições obrigatórias para o rap produzido este ano no Reino Unido.

 


 

[FREDFADES & IVAN AVE] “Walking Home”
(Fruitful, Jakarta Records)

O prestigiado produtor norueguês é conhecido pela classe com que assina os seus instrumentais jazzy. Neste novo single vê-se acompanhado de Ivan Ave, também ele de Oslo, Noruega.

O tema faz parte do disco que assinaram juntos – Fruitful – e é um digno hino ao hip hop introspectivo. Sonoridades calmas para afastar os pensamentos durante uma longa caminhada de regresso a casa.

 


 

[KHRYSIS] Rhythm Roulette

Apesar de não ser um nome que circule nas bocas do povo, Khrysis é um produtor da Carolina do Norte que conta já com um currículo invejável. Além das suas beat tapes, já produziu para grandes nomes do hip hop como Sean Price, Talib Kweli, Slum Village e Mac Miller e faz também parte do colectivo Justus League, onde militam 9th Wonder e Buckshot.

A rubrica Rhythm Roulette, organizada pela Mass Appeal, consiste na escolha de três vinis de uma loja sem ver/ouvir o conteúdo. Muitos são os produtores que já passaram pelo desafio e, como se pode imaginar, não é tarefa fácil conseguir fazer um bom beat em tão pouco tempo com base numa fonte limitada de samples. É uma espécie de tiro no escuro.

Khrysis não se limitou apenas a fazer um instrumental. Fez um par de bons beats recorrendo à música de Booker T e Sharon Jones, sem grandes complicações, num processo que parece já bastante fluido dentro do método de trabalho do produtor. Ainda lhe sobrou tempo para uma espécie de interlúdio com um loop dos First Choice.

 


 

[ILLITERATE & NUPHZED] “Flies (Prod. Simiah)”

Os britânicos Illiterate e NuphZed resgataram o instrumental do também britânico Simiah que tratou de desalinhar este piano, atribuindo-lhe uma espécie de melodia non-sense em cima de uma batida boom bap. Disponível no seu LP Colour Point.

A escolha do beat é bem feita pelos MCs que conseguem recriar um espírito alegre e festivo que nos envolve numa sensação bastante positiva.

O vídeo é também ele contagiante, dada a quantidade de sorrisos que ambos soltam para a câmara no decorrer da acção na cidade.

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