pub

Fotografia: Cláudio Ivan Fernandes
Publicado a: 03/06/2022

Preparados para voltar a um sítio onde já se foi feliz.

50 pessoas à mesa com Tangana em palco ou Mayra Andrade e Lhast no cartaz: o Super Bock Super Rock está quase aí

Fotografia: Cláudio Ivan Fernandes
Publicado a: 03/06/2022

2022 marca o regresso dos festivais de Verão e, depois de dois anos de uma ausência demasiado prolongada, as expectativas para a 26ª edição do Super Bock Super Rock no Meco encontram-se altas. Para alívio da curiosidade, o Rimas e Batidas foi chamado à conferência de imprensa deste festival, que se realizou no Hangar do Peixe, em Sesimbra, que abriu com um simples mote dado por Luís Montez: “Finalmente!” Numa conferência com Francisco Jesus, presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Bruno Albuquerque, responsável pelo marketing da Super Bock e Mariana Montez que fez da sua missão falar de sustentabilidade, estava aberta a sessão para falar sobre todas as novidades e melhorias deste festival que irá povoar a Herdade do Cabeço da Flauta de 14 a 16 de Julho… e não são poucas.

Para além de um cartaz que se orgulha de estabelecer um balanço certo entre estilos e géneros musicais, artistas nacionais e internacionais e artistas emergentes e consagrados, o lema “Meco é para sempre” invoca outro dos principais pilares deste festival: sustentabilidade, tema que brilhou neste encontro. Focados em que este seja um eco-evento de referência, com o apoio da AMARSUL, a organização pretende dar o exemplo de responsabilidade social e ambiental, estipulando um conjunto de medidas para fazer deste um festival amigo do ambiente.

Em termos de novidades, foi levantado o véu para algumas das maiores surpresas, como a presença de um balão de ar quente que promete ser a nova atracção, o lançamento de um conjunto de NFTs especialmente criados para o evento, uma nova app e a presença de três novos nomes no cartaz: Mayra Andrade, Lhast e Samuel Úria. A edição contará também com elevadas melhorias relativas ao acampamento, parque de estacionamento e wi-fi gratuito em todo o recinto.

Houve ainda tempo para uma mensagem especial (em vídeo) de Capicua, que promete trazer para o seu concerto neste festival “coisas renovadas e bastante dançáveis” e o desabafo pela parte da organização sobre a estrela espanhola C. Tangana, que quer como peça principal do seu concerto uma mesa com banquete e 50 amigos à sua volta.

Desfrutando antecipadamente do cenário idílico e entre comes e bebes, o Rimas e Batidas aproveitou para estar à conversa com Montez e alguns dos artistas que estarão presentes nesta 26ª edição.



[Mike El Nite] 

O que esperar depois de dois anos sem festivais?

Para nós é um prazer, este concerto vem no seguimento do Super Bock em Stock, que correu muito bem e a Música no Coração quis logo fechar essa data, na hora. Foi tipo empresa na hora. Cinco minutinhos e já estava trocado o assunto, vamos embora para o Meco. Está a chegar o dia finalmente e, para mim, é uma alegria os festivais estarem de volta, assim como as semanas académicas e todos os eventos, mas este em especial. O Super Bock para mim já tem um valor acrescentado, já fui muito feliz neste festival. É um prazer estar aqui mais uma vez, desta vez acompanhado pelo David [Bruno] e em modo Verão, que é quando o nosso disco Palavras Cruzadas deve ser ouvido. 

Como é que este festival se destaca para ti?

Olha, para mim, pessoalmente, sempre foi uma questão de apoiar muito a música portuguesa e pôr a música portuguesa lado a lado com nomes que fazem realmente sentido, os lineup são bem desenhados, acho que estão sempre em cima do assunto a nível de actualidade. Em 2016, por exemplo, eu toquei no dia do Kendrick Lamar e foi um dos melhores dias da minha vida, um dia de hip hop impressionante. Este ano há mais variedade, porque assim a indústria musical o dita, mas a nível de cartaz eu acho que está bastante sólido, com vários artistas que quero ver também. Vou tocar no primeiro dia e depois se calhar fico aí, tenho um amigo que vem para aí com uma camper van e se calhar vou ficar debaixo do chaparro como um bom alentejano [risos].

E podemos contar com alguma novidade? Vais trazer algo de novo em palco?

É assim, vamos fazer o show que já estamos a fazer, mas para nós cada show é uma novidade e dou os parabéns ao David por isso. A interação com o público é o que dá a novidade e podem acontecer as coisas mais fantásticas de sempre, no outro dia fomos dar um concerto e acabaram 30 pessoas em palco a cantar connosco. Nunca sabemos o que vai acontecer, é sempre uma incógnita.

Isso é muito característico vosso, cada concerto tem um cunho único.

Temos que dar esse crédito ao David [Bruno] porque ele é um verdadeiro maestro do público, um entertainer nato. Vamos ver o que é que acontece.



[Filipe Karlsson] 

 O que esperar depois de dois anos sem festivais?

Pá, eu, na verdade, lancei o meu projecto há dois anos, portanto não tive oportunidade de tocar assim num festival ainda. Este é o [meu] primeiro grande festival de Verão.

Então, e sendo o teu primeiro festival de Verão, o que esperas?

Sem essas regras todas, sem as máscaras e isso tudo, espero algo incrível, obviamente. Para mim significa muito poder ouvir as pessoas a cantar e a curtir, a beber uma cerveja e a fazer aquilo que bem lhes apetece e a soltarem-se, que no fundo é algo que pretendo transmitir e proporcionar com a minha música. Transmitir isso ao vivo agora na totalidade vai ser incrível.

E vais actuar em que palco?

No Palco LG. 

Como é que achas que este festival se destaca dos outros?

Eu acho que se destaca pela diferença e sobretudo por darem espaço aos próprios artistas-

Temos muita música portuguesa também.

Tem muita música portuguesa e como o Montez estava a dizer, acaba por se destacar com o cartaz, não é um festival que segue só o nome “Super Bock Super Rock”, não tem só rock, tem de tudo. Na verdade, uma pessoa que compre o passe nunca vai sair desiludida do festival, porque vão ter de A a Z em música. O que querem ver, de hip hop a rock, alternativo e depois apanhas outras coisas no entretanto.

Sim, vens ver por exemplo A$AP Rocky e acabas a ver também

Filipe Karlsson, por exemplo [risos].

Estás entusiasmado para ver alguém do cartaz?

‘Tou, olha, C. Tangana. Já ouvi dizer que vai ser algo especial, os concertos do C. Tangana são sempre uma experiência e [ele] tenta fazer sempre uma espécie de convívio, experiência total, não é só chegar ao palco e vermos instrumentos.

Acabámos de saber na conferência que ele quer pôr uma mesa em palco com comida em cima e umas 50 pessoas, do género

Do Tiny Desk que ele fez! 

Exactamente! E vamos poder contar com algumas novidades no teu concerto?

Sim, vão contar sem dúvida com o meu novo repertório que é o meu EP Mãos Atadas e com um concerto único que estou a preparar em especial para este festival.

Mas não queres revelar muito [risos], se quiserem saber têm que ir, não é?

É isso [risos].

Tens alguma música preferida de actuar?

Olha, a “Vento Levou” é incrível ao vivo. É essa. Mas é difícil escolher, adoro tocar todas. Vamos ver agora neste festival como corre.



[Domingos Coimbra e Francisco Ferreira dos Capitão Fausto]

Depois de dois anos sem festivais, o que é que esperam deste?

Domingos: Para já, gostamos muito do Super Bock e é um festival com o qual temos uma ligação muito próxima. O nosso primeiro grande concerto foi no Super Bock em 2012, tocámos aqui no Meco e na altura tínhamos 18, 19 anos, 20 alguns e foi assim uma experiência inacreditável. Acampámos todos no Meco e, no ano anterior, tínhamos estado como grupo de amigos e banda recém-formada, a dizer que seria incrível um dia podermos tocar no Super Bock Super Rock; sorte das sortes foi logo no ano a seguir termos conseguido atingir esse objectivo. Desde então que se criou uma relação muito próxima com este festival e já tocámos algumas vezes nele.

Francisco: Chegámos até a imortalizar esse concerto no Super Bock em 2012 num dos nossos videoclipes que tem imagens guardadas desse dia, o videoclipe da “Sobremesa”. Ou seja, por um lado estarmos dois anos sem tocar foi uma tristeza para toda a gente, foi muito duro e de repente a ideia de podermos voltar a tocar com um concerto especial, no Meco outra vez, é uma alegria para nós.

E vocês vão estar muito presentes neste festival, até com vários conjuntos.

Francisco: Sim, exactamente, temos DJ Set de Capitão Fausto e depois concerto de Conjunto Cuca Monga, a nossa editora que reúne vários artistas e tocamos canções uns dos outros e o álbum Cuca Vida que fizemos na pandemia, portanto é um álbum que viveu desse momento menos bom, então tentámos fazer uma coisa alegre entre nós. É também uma alegria para todos esse músicos podermos tocar esse álbum ao vivo, ele foi feito quando tínhamos de estar em casa, então é muito interessante e importante que ele possa viver em concertos também.

Quantos é que são exatamente ao todo os Cuca Monga?

Francisco: Somos 19 em palco [risos].

Ok… o C. Tangana quer pôr 50…

Domingos: Estamos quase a meio. Nós se calhar podíamos entrar no concerto de C. Tangana, blend in, como Conjunto Cuca Monga [risos].

Francisco: Se calhar adoptamos essa técnica também, somos uns 20 em palco, mas levamos para lá uns comes e bebes. Gostei dessa ideia, gostei de saber esta surpresa. 

E este festival desempenha um forte papel na difusão da música portuguesa, é de grande importância estar tão presente sabendo que existem cabeças de cartaz tão grandes.

Francisco: É exactamente como o Domingos estava a dizer, apostaram em nós! E muito novos. Então continuarem a fazer isso com novos artistas, como por exemplo o Filipe Karlsson e também com artistas já consagrados como o Samuel Úria ou a Capicua é inacreditável! Jogarem nas duas frentes, nós com grandes artistas e situarem-se como um festival que tem uma presença tão grande com tanta música nacional no cartaz.

Domingos: E também se sente cada vez mais, isto já não é de agora, já é de algum tempo, há uma abertura cada vez maior da parte do público português para artistas portugueses. Então é fixe quando existem espaços que criam essa simbiose entre vários géneros musicais e várias gerações, porque eu já começo a sentir que começa a haver um leque maior de gerações e isso é muito importante. E depois malta de Lisboa e Sesimbra que se junta, e de todos os outros lugares e fazem quilómetros e quilómetros e eu gosto muito dessa realidade, estava a fazer muita falta. 

Têm alguma música preferida de actuar? Que resulta assim melhor em grandes públicos?

Francisco: Temos umas quantas, gostamos muito de tocar a “Boa Memória” do nosso último disco, mas a cada disco que aparece nosso surge uma nova favorita. Este concerto ainda estamos para ver qual será a favorita porque vai ser um concerto diferente.

Vão trazer novidades?

Francisco: Vamos trazer coisas completamente diferentes do que costumamos tocar… posso surpreender ao dizer que vamos tocar coisas que não são da nossa autoria e coisas da nossa autoria que vão ter um arranjo completamente diferente, enquanto Capitão Fausto. Nós vamos tocar com o Martim Sousa Tavares, que já dirigiu a nossa orquestra no Campo Pequeno, mesmo tipo uns três dias antes do confinamento, e vamos voltar a trabalhar com ele, desta vez com um leque menor de músicos, mas uma coisa ainda mais especial. Da outra vez os músicos acompanharam a nossa música e desta vez vamos estar a trabalhar em simbiose completa com eles, vamos estar a fazer uma coisa em que a nossa música se vai misturar completamente com instrumentos que não estão incluídos na nossa orquestração e vamos fazer adaptações completamente diferentes, ou seja, acho que para este concerto as músicas que nós temos como favoritas-

Domingos: Vão ser outras. E depois a ideia é ser… lá está, nós quisemos dar um nome… ainda estamos a ensaiar, amanhã é o nosso primeiro ensaio com os músicos do lado do Martim e chamámos-lhe “Ato Único”. A ideia é que o concerto seja mesmo uma linha única, ou seja, sem paragens. Em que todas as músicas estão ligadas de alguma forma e tocamos canções nossas, como o Francisco estava a dizer, com um arranjo e orientações diferentes, mas também músicas de outros artistas que nos inspirem ou gostemos.

Isso é óptimo porque assim também nunca farta, adicionando esse factor da novidade.

Domingos: E é interessante também do ponto de vista de quem venha ver. O nosso álbum saiu em 2019, portanto a probabilidade de as pessoas já terem visto um concerto nosso a tocar essas canções é alta, então vamos voltar aqui a estes concertos e vamos fazer uma cena diferente que fica imortalizada assim. 

E se pudessem cometer uma loucura neste festival, a que é que se arriscavam?

Domingos: Ir ao balão.

Pois é, este ano há um balão de ar quente!

Francisco: O balão interessou-me muito.

Domingos: Eu nunca estive num balão de ar quente. E se tiver tempo vou estar lá. Sabes o que é que era louco? Já viste se estivesses ligado por wireless com o baixo ou com a guitarra a tocar no balão?

Francisco: Isso é uma boa loucura. Normalmente não temos muito tempo nos dias em que estamos a trabalhar no festival, nos dias em que estamos a tocar temos horários restritos e coisas para fazer, mas se pudermos ficar com um dia extra ando no balão quente. Se não pudermos… tocar no balão durante o concerto. 



[Luís Montez]

Depois de dois anos de pandemia, o que traz de novo a este festival? 

Trazemos um excelente cartaz que os leitores do Rimas e Batidas vão gostar, com o A$AP Rocky, o DaBaby, GoldLink, o Lhast, temos muito bom hip hop e vamos ter um recinto todo arranjadinho, o campismo já está todo tratado, chuveiros, estacionamento muito bem iluminado. Colocámos também, para que o público venha os três dias, hip hop nos três dias, rock nos três dias, música electrónica nos três dias, para ser variado. E para que toda a malta não se vá embora logo depois do cabeça de cartaz colocámos um DJ: temos Flume na quinta, Hot Chip na sexta e o Jamie XX no sábado para o pessoal ficar mais tempo e não irmos todos para o trânsito. A ideia é estarmos todos no Meco na praia incrível, com os amigos, juntos sem restrições. 

E como foi o processo de criar este cartaz?

Nós tivemos, infelizmente, muito tempo, então houve adiamentos, cancelamentos, novos nomes. Felizmente a grande maioria dos cabeças de cartaz, o A$AP Rocky, os Foals e o DaBaby mantiveram-se. Depois foi ver quem estava na estrada e houve esta preocupação de misturar os estilos durante os três dias, para não haver um dia de rock, um dia de hip hop, um dia de eletrónica, assim o público pode cá estar os três dias e pelo menos haverá certamente sempre algo para ver de acordo com o gosto musical da pessoa.

Eu, pessoalmente, tive tanta pena dos The Neighbourhood, quero ver a banda desde adolescente e infelizmente cancelaram, não foi?

Tens a minha promessa que hei-de fazer de tudo para os trazer. O problema é que eles são muito populares em Portugal e não são nada em Espanha, então eles têm poucas datas na Europa, são muito fortes nos Estados Unidos e acreditem que tentei de tudo. Mas não desisto, eu sou teimoso! The Neighbourhood vão vir cá!

Na conferência de imprensa pudemos perceber que um dos grandes focos do festival este ano é a sustentabilidade, quer falar um pouco sobre isso?

Sim, como estamos num sítio lindo, num parque natural, temos a responsabilidade de deixar tudo melhor do que encontrámos, portanto começamos logo pela recolha do lixo, nós temos uma associação com a AMARSUL, que é uma entidade que superintende isto, então temos que ter isto tudo impecável, ao fazermos a recolha e a separação do lixo. Nós proibimos os nossos patrocinadores de oferecer brindes em plástico, por exemplo, estamos a promover os transportes públicos, para que as pessoas venham de comboio até Coina e depois dessa estação fazemos o transbordo em autocarros dos TSTs e quem tiver o passe navegante não paga nada. É uma maneira mais rápida, económica e amiga o ambiente. Depois vamos ter wi-fi gratuito para todos, uma oferta da MEO, nossa patrocinadora. Vamos ter um supermercado com os bens essenciais, vamos ter MBway para evitar aquelas filas malucas para o multibanco, embora haja multibanco na mesma.  

Fale-nos também um pouco do importante que é divulgar a música portuguesa num festival desta dimensão.

É assim, há muito bom talento nacional e há pouca hipótese de divulgação, e um festival tendo sempre milhares e milhares de pessoas é sempre uma boa forma de mostrar o trabalho dos artistas portugueses. Dando boas condições de som, de luz, bons palcos e aproveitando a boleia dos grandes, promover o novo talento. Portanto, há artistas que nós mantivemos de 2019, que eram novos talentos, que agora já são consagrados [risos], já não são novos; Cuca Monga, por exemplo, ou Mike El Nite são agora estrelas que mantivemos.

Também tiveram agora as últimas confirmações com nomes já tão conhecidos, Mayra Andrade, Lhast e Samuel Úria.

O único concerto de Mayra Andrade na Europa este ano vai ser no Super Bock Super Rock. Temos, sim, o Samuel Úria e também queríamos ter outro nome de hip hop, neste caso o Lhast, este novo talento nacional que está com hype.

Houve, então, uma forte preocupação em trazer hip hop.

Sim, sim. Temos hip hop nos três dias e são artistas a quem fazemos questão de dar palco, vai ser certamente um grande espetáculo.

E como acha que este festival se distingue dos outros? 

É um festival que tem muita praia, está próximo da praia e também está próximo da cidade. É suficientemente perto da cidade para o caso de se uma pessoa precisar de ir a casa pode ir e é suficientemente longe para valer a pena acampar, para não ter que andar para trás e para a frente. Depois é um festival eclético e que abrange várias idades e dá para vários públicos. Os mais novos vão acampar, os mais velhos que possam querer ver, por exemplo, Foals podem alugar casa aqui.

O que pode dinamizar ainda mais a economia local. E temos também uma novidade revelada agora na conferência: um balão de ar quente.

Sim! Sabes que nós temos que criar identidades. O MEO Sudoeste tem a roda gigante, o Rock in Rio tem o zipslide, nós vamos ter um balão de ar quente, que vai ser fixe para ir tirar fotos lá em cima, panorâmica. Vai ser um ponto muito forte, acredito.



[Lura]

Depois de dois anos de pandemia, o que esperas deste festival?

Tchi… vai ser ao rubro. Vai ser espectacular, porque o pessoal já estava todo farto de estar em casa e sem todas as restrições vai ser a loucura, completamente. E eu adoro festivais e gosto sempre de vir um dia antes para usufruir como espectadora, porque existem nomes que eu não iria ver a princípio e depois vejo e fico: “wow, o que é isto?” E ainda por cima este festival tem uma vertente muito pela natureza, então isto acaba por ser também uma sensibilização para aquelas pessoas que ainda não estão bem sensibilizadas para o assunto. Têm aqui esta parte pedagógica muito marcada e é algo muito positivo.

E o que podemos esperar do teu concerto? Vais trazer algumas novidades? Surpresas?

Tenho. Tenho agora uma vertente mais electrónica na minha música, que é conhecida à partida como música tradicional cabo-verdiana. Lá está, depois da pandemia, ninguém ficou igual, eu mudei de visual, de imagem e mudei a música também e venho apresentar em primeira mão novos temas, antes de serem editados e lançados. Vou dar uma ênfase especial ao funaná, uma grande marca. E a grande mudança que aconteceu há muitos anos no funaná foi a introdução da guitarra elétrica, a guitarra de rock; Super Bock Super Rock tem tudo a ver, faz todo o sentido [risos], então vamos dar um destaque especial a esse aspecto do funaná. Tenho também o meu novo single o “Bla bla bla” onde mostro a minha vertente electrónica. Vou apresentar esta música, o “Si si” e o “Sou de cá”, são três temas novos que tocam nessa parte electrónica.

E como surgiu esse interesse por fazer música electrónica?

O meu interesse foi crescendo e chamei o Agir. É o Agir que está a produzir o meu novo disco. Ele dá cartas em tudo, é espectacular, muito versátil, mais do que imaginam. No Coliseu cantou comigo um funaná daqueles que só se ouve em Cabo Verde, não sei onde é que ele aprendeu aquilo. Quando pensei em escolher alguém para este disco, um produtor português irreverente, pensei logo no Agir.

Tens alguma música preferida de actuar? Uma que o público receba com um êxtase especial?

É o “Na ri na” [Cantamos o tema em uníssono]. Essa música ultrapassa-me, completamente. Já nem posso fazer mais nada. Já há imensos remixes, ainda ontem me enviaram. E é engraçado, o “Na ri na” tem esta particularidade que é: 17 anos depois de ter gravado, quando hoje em dia uns seis meses depois as músicas já passaram de moda, as pessoas ainda olham para essa música como algo novo.

Em termos de dar voz à música portuguesa, como achas que o Super Bock desempenha esse papel?

Da melhor maneira. Eu acho que o Super Bock de facto tem uma sensibilidade enorme, patriotismo! [Risos] E se não formos nós a valorizar o que é nosso, quem o fará, não é? Acho que é excelente, porque o português é uma língua lindíssima, já andei pelo mundo, já ouvi outras pessoas de outras culturas a falarem maravilhas do português, pessoas que querem vir conhecer Portugal porque adoram a língua portuguesa e nós que somos portugueses temos que valorizar. Eu própria quero cantar mais em português, vou cantar um tema de fusão português-crioulo.

Qual é o nome desse tema?

“Sou de cá”. É um tema que fala sobre essa minha dupla nacionalidade e a minha condição. É um bocado uma afirmação, porque as pessoas olham para mim e pensam: “Esta aqui é negra, crioula, é africana”. Sim, mas eu sou uma africana nascida em Lisboa, eu sou de cá e quando estou em Cabo Verde também “sou de cá”, também me sinto de lá, porque os meus genes são crioulos. Então, esta dupla nacionalidade é algo que me marca muito e é algo que eu também quero que esteja presente na minha música, porque a música que faço é o reflexo daquilo que sou. 

Em termos de loucuras, colaborações, o que tens reservado para este festival?

Opá [risos], eu queria fazer uma coisa que ainda não vou revelar, porque ainda não sei se vai ser possível [risos], mas quero fazer aí uma loucura e espero que talvez o “Na ri na” tenha aí uma participação muito especial….


pub

Últimos da categoria: Longas

RBTV

Últimos artigos