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Publicado a: 15/06/2015

5 discos de ritmo em 2015

Publicado a: 15/06/2015

Se acham que os vossos sets andam moles ou os ouvidos demasiado desligados da terra por força de tanto hype, tanto UK, tanta pop e nova cena, eis algumas sugestões para reconectar. Cinco propostas de 2015 que parecem demonstrar essa mesma necessidade de entender o básico que literalmente nos faz mexer: a batida e os seus infinitos jogos e combinações. Na tradição dos discos com ferramentas editados nos 1980s e 90s para ajudar a estender sets ou a criar por cima.

Os últimos poucos anos têm trazido uma subida de número destas edições, a par do crescente bolo de reedições de clássicos de Chicago que estão lá, para sempre, a mostrar como se faz. É como se o tempo actual excitasse nos produtores o desejo de mostrar quem é o mais Rude. Independentemente das motivações de cada um, o contexto está favorável ao tambor. É só seguir a linha, quase todos os corpos vêm equipados com essa função.


[MATIAS AGUAYO]
El Rudo Del House (Round One, Two, Three, Four) Series
12” / Cómeme / 2015
18/20

Matias Aguayo chegou à fórmula perfeita com The Visitor, em 2013. De repente encaixou tudo aquilo que, afinal, era óbvio na tradição house: jack sintético e ritmos latinos bem na cara. Só é preciso lembrar coisas de Ralphi Rosario, do extraordinário Jesse Velez e até, com orientação menos maquinal, Louie Vega. El Rudo Del House declara, em quatro partes, uma espécie de revisionismo house, apontando a nascença do género no continente sul-americano como algo evidente e natural, através de uma entidade primordial: El Rudo. Mas nem seria necessária uma narrativa para legitimar a música. Ela é fogo. São canções de vitória e músculo sob a forma de mensagens rítmicas universais. Latinos sabem, e isso é aplicado com destreza nesta série. Precisamos disto.


[V/A]
Rhythm Trainx Vol. 1
12″ / Running Back / 2015
15/20

A Running Back faz o percurso do tambor com dedicação, nos últimos meses em que lançou EPs de Todd Osborn e Redshape focados no beat. A fama diversa dos artistas representados neste primeiro volume também dá abordagens diversas, com Disco Nihilist a segurar um groove house directo sem problemas e sem artifício; Blank Spanner complica bem para uma produção cheia de efeitos (lembra coisas de Idjut Boys); I:Cube faz a coisa mais lenta, a 109 BPMs, e continua bravo no caminho, depois de em 2012 ter feito um álbum inteiro com DJ tools (“M” Megamix); sem querer diminuir, Manuel Tur e Âme soam meio vazios e, no caso do primeiro, os sons mais limpos parecem derrotar um pouco a ideia de ferramentas rítmicas – bate menos assim; no fim, Radio Slave retém quebras dos tempos do hardcore, ou melhor, uma quebra, mas a música soa já completa quase do início até ao fim, e por isso perde gás.


[DOLO PERCUSSION]
Dolo 2
12″ / Future Times / 2015
19/20

Andrew Field-Pickering está no centro de muita coisa incrível na música de dança do século: Maxmillion Dunbar, Beautiful Swimmers, Zsa Gang, Activated, a editora Future Times, por exemplo. E Dolo Percussion apareceu primeiro na L.I.E.S. Este segundo EP acerta em quase todos os bónus que se podem ter quando se parte para um disco que se desliga da melodia para evidenciar o ritmo. Diverso, rico em detalhe, sons todos certos, é um manifesto gordo em favor da alma dos pioneiros do jack, metódico mas solto, mostra amor pela fonte.


[DORISBURG]
Computer Drumming
12″ / Bossmusik / 2015
17/20

Boss mesmo. A abertura dá três minutos de congas de computador a 148 BPM, desce para 135 na pista a seguir e, na última faixa, todo o sumo a 128 BPMs e é aqui que o disco fica realmente redondo, com uma sobreposição magnífica entre percussão muito viva e o pulsar dub (escutem o que está por baixo) ensinado pela Basic Channel. Para lá da noção de disco meramente utilitário que Computer Drumming pode significar para algumas cabeças, existe música de pleno direito, capaz de tocar directamente aqueles de nós que acreditam no poder transformador da experiência exclusivamente rítmica. É o instinto.


https://youtu.be/DVfWZZXNpfU

[NATURKUNDE MUSEUM OSTKREUZ]
Tropycaliptic Excursions
12″ / The Death Of Rave / 2015
15/20

Os discos de Powell já seguravam a Death Of Rave num patamar de bateria e ritmo. NMO (Morten J. Olsen e Ruben Patiño) fazem conceito disso. Em ronda talvez mais artificial e planeada do que os outros discos comentados neste artigo, com interferência da electrónica de computador para criar alguns ângulos, Tropycaliptic Excursions complica o sistema mas sempre na perspectiva do avanço. O slogan no rótulo diz “As Strict As Possible“. House industrial com sentimento orgânico. Em “Zaragoza Variations” ouvimos um robocop a mexer-se como se alguém estivesse a fazer scratch com imagens e conseguimos mesmo visualizar o movimento. O disco é forte mas não necessariamente na pista de dança. Este é para os coleccionadores, aparentemente.

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