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Publicado a: 23/08/2017

5 artistas que merecem atenção no Festival FORTE

Publicado a: 23/08/2017

[TEXTO] Diogo Pereira [FOTO] Direitos Reservados

O Festival FORTE é conhecido pela sua localização emblemática e escolha criteriosa de artistas da comunidade electrónica. A quarta edição não desilude, com uma programação que aposta no ecletismo, com grandes nomes do techno ao lado de novos valores e membros da vanguarda mais experimental. Eis cinco sugestões desse elenco, a não perder.

 


[Medusa’s Bed]

O espectáculo de abertura do Forte será uma apresentação ao vivo de Medusa’s Bed, álbum/projecto de Lydia Lunch, artista e poeta autodidacta e prolífica do underground nova-iorquino, com a compositora e multi-instrumentista Zahra Mani e a violinista experimental vienense Mia Zabelka, editado em 2013 pela Monotype. Uma odisseia avant-garde baseada em torno de uma história de mistério e suspense narrada em trechos abstractos de spoken word (do tipo “It’s been quite a long time now that we’ve been circling each other like sick sharks” ou “indelible stain smeared across the brain stem”) por uma voz bizarra e alterada a fazer lembrar Tom Waits depois de uma generosa inalação de hélio, misturada com camadas de drones ominosos, efeitos industriais e violinos atonais, em faixas com títulos como “Bloodlust & Oblivion” ou “Mystical Psychosis”. Um espectáculo que certamente honrará o experimentalismo do festival.

 


[Clark]

Um dos principais nomes da Warp, Chris Clark manteve uma carreira impressionante ao longo de dezasseis anos que o colocou justamente ao lado de nomes magnos da electrónica britânica como Autechre, Aphex Twin ou The Black Dog. Ecléctico e sempre disposto a inovar, já experimentou quase tudo, desde musicar peças de dança contemporânea até teatro experimental e bandas sonoras para cinema.

Depois de uma digressão norte-americana, o seu nono e último álbum, Death Peak, lançado na Primavera deste ano, chega agora à Europa, e a Portugal, pleno das mesmas batidas pulsantes que soam a techno clássico misturadas com melodias de órgão e piano hipnóticas e assombrosas. Ingredientes habituais aos quais acrescentou um novo: a voz humana, que apelidou de “o mais perfeito sintetizador”. Como o coro infantil que adorna “Catastrophe Anthem” ou a dupla de vozes femininas faseadas à Reich que formam a base de “Un U.K.” que fecha o álbum. Mas sem nunca esquecer a batida.

Para o apresentar, criou um live show especial, que mistura música com dança contemporânea, com a ajuda da coreógrafa Melanie Lane e de duas bailarinas em palco.

O aspecto visual não foi certamente descurado, com gigantescos monólitos de luz branca incandescente e strobes a confluírem num autêntico frenesim alucinante de luz e cor que irá certamente envolver o castelo de Montemor-o-Velho num verdadeiro assalto aos sentidos. Conhecido por ser hiperactivo em palco, constantemente mexendo nos controlos dos seus decks, nunca perde a energia. A não perder.

“For me it’s all about inducing a vivid shock, extending the boundary of what can be structurally achieved in a piece of music.”

  


[Nathan Fake]

A acompanhar Clark estará Nathan Fake, seu parceiro britânico de explorações electrónicas, a apresentar o seu novo álbum, Providence, lançado em Março deste ano, com acompanhamento visual de Matt Bateman. Naquele que é, segundo o próprio, o seu álbum mais pessoal e profundamente emocional até à data, composto em seis meses após um bloqueio criativo de três anos, vemo-lo a colaborar com vocalistas pela primeira vez. O título surge de um fascínio nostálgico por uma peça especial de equipamento: o sintetizador Korg Prophecy, que fornece a espinha dorsal sonora do álbum, e que evoca as paisagens etéreas, futuristas e Blade Runner-escas dos primeiros álbuns de Oneohtrix Point Never, embora com mais ênfase na batida e firmemente ancorado no século XXI.

 


[Jeff Mills]

Pioneiro do techno de Detroit, figura magna da música de dança, fundador dos Underground Resistance (colectivo techno com o baixista ex-Parliament Mad Mike Banks) e da Axis Records, compositor de bandas sonoras para filmes mudos e álbuns conceptuais que misturam sonoridades do ambient e da música clássica com temas de futurismo e ficção científica, Jeff Mills é conhecido pela sua multiplicidade de gira-discos em palco (que trocou por leitores de CDs a partir de 2011), inúmeros discos e a sua amada TR-909 (nas palavras de Isilda Sanches, ninguém a toca como ele), em sets intensos, longos e inclementes. E, é claro, por “The Bells”, um dos clássicos do techno. O seu último lançamento é Planets, uma reinterpretação electrónica da suite sinfónica homónima de Gustav Holst, em colaboração com a Orquestra Sinfónica do Porto/Casa da Música. Fará girar cabeças e pescoços.

 


[Michael Mayer]

Figura principal na cena electrónica de Cologne e co-fundador da célebre Kompakt, berço alemão de tanta e tão boa electrónica, como o projeto GAS de Wolfgang Voigt, que fundiu as texturas ambient e as sensibilidades pop com a estrutura rítmica clássica do house e do techno, Michael Mayer regressa ao FORTE para a actuação de encerramento.

Conhecido pelos seus mixes (o seu último figura na famosa série DJ-Kicks da !K7) para a sua Kompakt e a Fabric, e as suas remisturas, as suas produções – que oscilam entre o house, o techno e o disco – são minimais, viciantes e altamente dançáveis. Uma despedida apropriada para pôr o público de Montemor a dançar.

“A DJ has a certain responsibility. He has to play progressive, contemporary music and combine it with the past. It is all about entertaining people, but you must not under challenge nor overstrain them. You must be subversive and play music that no one would have ever dreamt of listening to voluntarily at the club. You are both, entertainer and educator.”

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