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Publicado a: 02/12/2016

4 pontos-chave que retiramos da entrevista de The Weeknd com Zane Lowe

Publicado a: 02/12/2016

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados

The Weeknd esteve recentemente à conversa com Zane Lowe – DJ e radialista na Beats 1, da Apple – numa entrevista em tom mais informal. O canadiano regressou ao local onde Starboy foi gravado, ainda no rescaldo do seu lançamento, para decifrar alguns dos mistérios que existem por detrás da sua música. Sendo esta entrevista a primeira que Abel Tesfaye, nome de nascimento do cantor, dá em frente a uma câmara.

O mundo de The Weeknd pode não ser de fácil compreensão. Com o passar do tempo, a pop tem demonstrado ser um caminho repleto de brilho e fama onde reinam os contos de fadas. O canadiano deu um forte abanão neste paradigma, escalando rapidamente os tops musicais com temas repletos de sombra e tristeza. Algo que a juntar ao seu distanciamento dos meios de comunicação faz gerar uma espécie de neblina à sua volta, que propicia todo este misticismo por trás da sua persona.

O Rimas e Batidas esteve a ouvir a conversa e destaca 4 pontos-chave que fizeram Abel Tesfaye dar o grande salto, tornando-se num dos nomes da pop mais influentes da presente década.

 


https://www.youtube.com/watch?v=QyO70FvCaHA

 

[AS NOVAS REGRAS DA POP]

The Weeknd lançou-se com 3 mixtapes antes de ter assinado pela Republic. Com Kiss Land, o seu álbum de estreia, o cantor quis mostrar ao mundo as razões que levaram a editora a apostar no seu talento. Rapidamente regressou a estúdio para colocar um novo plano em marcha, lançar 3 novos álbuns que funcionassem como uma trilogia. Starboy é o segundo capítulo e sucede a Beauty Behind The Madness, álbum que o fez alcançar um feito histórico ao ser o primeiro artista a colocar 3 temas nos 3 primeiros lugares da tabela Billboard Hot R&B Songs.

O canadiano entrou no jogo com todos os seus trunfos e bem à sua maneira. “Há muita gente a fazer música pop. Tens de fazer a pop soar cool”, explica Abel a Zane Lowe. O artista criou uma persona que não é nada mais do que a visão que tem de si próprio e conseguiu tornar cool aquilo que à partida não seria. As sombras que habitam no mundo de The Weeknd não o afastam do público, antes pelo contrário. A forma como canta e constrói os seu temas faz com que a negatividade deixe de ser um tabu e passe a ser encarada como algo natural no processo de crescimento. Afinal de contas, todos enfrentamos obstáculos durante a nossa vida e The Weeknd não é o primeiro a falar deles. Simplesmente tem nele o dom de os conseguir relativizar e fazê-los parecer comuns e aceites perante uma sociedade que coloca tudo em causa. Escusado será dizer que o público reage positivamente a esta transformação da pop – os números falam por si.

 


 

[O TALENTO DE TODA UMA EQUIPA]

Abel Tesfaye sabe que o sucesso de uma pessoa passa, também, pelas mãos de muitas outras. Ele próprio não é excepção. Para ter alcançado o estrelato e agora mantê-lo foi necessário ter ao seu lado uma equipa firme e talentosa nas mais diversas vertentes. Basta olhar para os créditos do seu último álbum e notar a quantidade e a qualidade das pessoas que o ajudaram neste trabalho. Na conversa com Zane Lowe destaca os Daft Punk ou Max Martin, que o ajudaram tanto na produção como nas letras. Sem esquecer, claro, os seus notáveis convidados nas vozes: Lana Del Rey, Kendrick Lamar e Future.

Como exemplo prático, The Weeknd realça ainda um episódio caricato com os Daft Punk no qual se pode verificar que um talento consegue potenciar um outro talento. “Enquanto estava a gravar ouvia um drum loop a soar lá ao fundo. (…) era o Guy-Manuel a mexer, no telemóvel ou no portátil, naquilo que veio a ser a linha de percussão de “Starboy”. (…) pedi-lhe meter o loop a tocar, coloquei o que estávamos a trabalhar de lado e rapidamente passei para o novo tema”. Uma fórmula simples para aquele que é o grande tema do álbum. Juntam-se várias pessoas talentosas e aquele rasgo de criatividade há-de surgir da forma mais inesperada.

 


 

[O “EU” COMO FONTE DE INSPIRAÇÃO]

Muitos são os artistas que fazem uma espécie de estágio antes de entrar em estúdio. Um retiro espiritual, ir para um lugar novo, festejar como se não houvesse amanhã e retirar daí as bases para um novo trabalho. Para Abel, a inspiração vem dele próprio e até se baseia em si mesmo para criar as suas personagens. Só tem de esperar pelo momento certo em que toda essa criatividade começa a fluir de forma natural.

Nesta conversa, o canadiano refere-se a isso várias vezes como os seus “momentos de inspiração”. Algo que o faz, inclusive, “perder dinheiro”. Um exemplo concreto disso é a comparação que faz com Rihanna, artista para a qual perdeu terreno ao abdicar dos espectáculos ao vivo em prol do aproveitamento em estúdio dessa criatividade que lhe surgiu durante o Verão e que culminou em Starboy. Starboy esse – enquanto personagem – que é a visão que tem de si mesmo. O rapaz que passou de misterioso cantor no anonimato à super-vedeta que hoje enche estádios em concertos.

 


 

[SER REAL E EXEMPLAR]

Muitas vezes se debate música sob o aspecto de esta ser ou não real. Há um adjectivo que deveria vir sempre acompanhado desse factor: o ser exemplar. Embora na sua música venham retratados vários aspectos reais e negativos da sua vida, The Weeknd sabe que o seu propósito é mexer com as massas e, para isso, tem de estar no auge das suas capacidades. Cada um é como cada qual e todos nós temos formas diferentes de agir perante as adversidades ou estados emocionalmente mais frágeis. Abel estudou a lição toda e rapidamente se tornou ciente de todo o seu potencial em cima de um palco. Com isto, teve de aprender a dominar os nervos e a riscar da receita para um bom espectáculo as substancias que o podem modificar. Exemplo disso é a sua primeira aparição no Coachella. Abel confessa que até então era costume subir ao palco já embriagado e que dessa vez teve a oportunidade de rever o concerto. Foi aí que deu por si a concluir que conseguiria ser muito mais interactivo e disponível se colocasse de lado o álcool. E assim foi nas suas seguintes actuações.

Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque. É possível combinar as duas situações em diversos momentos dependendo de cada pessoa. Embora a sua música por vezes fale em excessos por ser real, isso não significa que seja esse o exemplo que o cantor quer passar para o seu público. Muito menos quando se ambiciona ser uma estrela pop, onde a entrega perante a audiência é um momento crucial que requer toda a energia disponível. “Estás a cantar para as pessoas, é uma cena emocional”, explica a Zane. Um exemplo de que por mais real que se queira ser, por vezes é preciso vestir uma outra pele para nos certificarmos que a mensagem passa correctamente e, acima de tudo, dar um bom espectáculo.

 


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