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Publicado a: 11/11/2018

20 anos de Lux Frágil, o clube que sempre foi mais do que isso

Publicado a: 11/11/2018

[TEXTO] Ricardo Farinha [ILUSTRAÇÃO] Riça [FOTOS] Direitos Reservados

Há 20 anos, nascia um espaço multidisciplinar que rapidamente iria fazer história. Era o fruto de uma inquietação permanente de algumas pessoas que queriam mais do que aquilo que a cidade de Lisboa tinha para oferecer. Era o tempo da Expo 98 e havia uma sensação de possibilidade de mudar as coisas no ar. O Lux mudou para sempre a história da cultura do clubbing — e do DJ — em Portugal e na Europa. A discoteca de Santa Apolónia foi inaugurada a 29 de Setembro de 1998, que coincidiu precisamente com o fim da Expo 98.

O grande mentor deste projecto, o empresário ligado às artes Manuel Reis, morreu em Março deste ano — um ano que ficou marcado por várias iniciativas especiais de celebração de 20 anos do Lux. Têm existido várias festas LuXX — com DJs convidados que fazem parte da história e legado do espaço. Nas últimas semanas esteve aberta a exposição Paradisaea, no Hub Criativo do Beato, com a curadoria de Fernando Brízio, que conta o percurso da discoteca através de flyers, esculturas, sites, vídeos, instalações artísticas e outros formatos de comunicação e de arte.

Para traçar todo este trajecto (e o que ele significou), o Rimas e Batidas falou com Pedro Fradique, da equipa de programação e responsável pela comunicação, e com o DJ residente Rui Vargas, igualmente uma das principais mentes por detrás do Lux. Falámos ainda com Isilda Sanches, radialista que actualmente trabalha na Antena 3 e grande divulgadora de música de dança, que acompanhou de perto (enquanto outsider) toda a história da discoteca.

 



[Antes do Lux, havia o Frágil]

O complexo trabalho de erguer e manter o Lux não poderia ser o fruto de uma equipa inexperiente e sem ligação prévia a este universo. Se o Lux existe e tem o sucesso que tem, deve-o muito ao trabalho que foi feito no Frágil — seguindo a mesma linha de continuidade.

O Frágil de Manuel Reis abriu portas no Bairro Alto em 1982. Era um espaço relativamente exclusivo, pequeno, frequentado por uma certa elite intelectual e cultural, com a mesma garra e ousadia que depois viria a caracterizar o Lux. Foi lá que tudo começou.

“Comecei a sair à noite para o Bairro Alto em meados dos anos 80. E comecei por ir a tascas com amigos, depois a tentar entrar em bares e clubes”, conta Rui Vargas ao Rimas e Batidas. “E nessa altura havia o Jukebox na Rua Diário de Notícias, Os Três Pastorinhos na Rua da Barroca, e o Frágil, que era o sítio mais difícil de entrar. Todos nós temos uma história de nega à entrada do Frágil, de não conseguirmos entrar porque era para clientes habituais.”

Pedro Fradique, que vivia em Oeiras mas também fazia parte da movida dos anos 80 do Bairro Alto, explica como funcionava a tentativa de entrar no Frágil. “Só abriam um quadradinho, vias só os olhos da porteira que dizia: ‘só clientes habituais’ e fechava. Não havia diálogo sequer [risos]. Aquilo era um bocado ir a primeira vez. Ias com alguém que já lá ia, eras apadrinhado e depois se fosses com alguma regularidade, reconheciam-te e ganhavas acesso. Mas era uma Lisboa muito diferente.”

Isilda Sanches confirma esta mística que já existia para entrar no pequeno clube: “Não era cliente habitual, o Frágil tinha uma política de porta que assustava quase toda a gente da minha geração. Eu era um pouco mais nova que os clientes habituais do Frágil, pessoas que já saíam intensamente nos anos 80.”

O Bairro Alto dos anos 80 não era uma zona cheia de turistas, Erasmus e portugueses de várias gerações, características e estratos sociais como é hoje. Rui Vargas diz que era um “statement” sair à noite naquela altura. “Era uma coisa de poucas centenas de pessoas que saíam à noite e se conheciam quase todas. Éramos poucos e encontrávamo-nos à noite porque queríamos ouvir música alto mas também trocar ideias… agora toda a gente sai à noite, toda a gente. Nessa altura a noite era vista como uma coisa especial que juntava pessoas que pensavam um bocadinho out of the box.”

Pessoas que trabalhavam na área do cinema, música, artes plásticas ou jornalistas formavam esta elite que saía à noite no Bairro Alto e, sobretudo, que dançava na pista do Frágil. “Vivia-se uma certa liberdade que se calhar de dia não se sentia”, explica Vargas. “Estavas ali dissimulado pelas sombras. E o álcool e etc. solta as pessoas e criava-se ali uma cumplicidade entre todos nós que saíamos no Bairro Alto — que agora é impossível de ter, porque são massas. Sair à noite era um statement: querias algo mais do que aquilo que o dia te oferecia.”

 


Rui Vargas no Frágil


A porta de entrada para Rui Vargas no Frágil foi Zé Pedro Moura, DJ residente do clube do Bairro Alto e que ainda hoje é um dos principais residentes no Lux — além de baixista dos Pop Dell’Arte. No final dos anos 80, começou a pedir a Rui Vargas, seu amigo, que levasse alguns discos para tocar — e em 1988 Vargas foi convidado para começar a tocar mais regularmente, embora ainda não tivesse o estatuto de residente.

A ideia e o conceito de DJ nesta altura era bastante diferente. Os residentes faziam a casa: não havia de todo a cultura de ter DJs convidados. Pedro Fradique só foi ao Frágil enquanto cliente: ia lá ouvir a música passada por Rui Vargas, Yen Sung, Tiago ou Zé Pedro Moura — aqueles que em 2018 ainda tocam todas as semanas no Lux.

Rui Vargas explica como era a cultura do DJ na época, que muitas vezes era o primeiro a chegar e o último a sair do Frágil (embora fosse uma fórmula que acontecia nos clubes vizinhos). “Havia um DJ residente, no máximo dois, que tocavam todas as noites, toda a noite. Não havia DJs convidados para ir tocar a um sábado ou um domingo, não havia essa cultura. E o Frágil abria seis noites por semana. Eu entrei só para fazer sábados porque fazia rádio durante a semana na altura. O DJ era quase dos primeiros a chegar: ligava o som, as luzes, via se estava tudo bem, e os discos eram na grande maioria do próprio Frágil. O Frágil comprava discos semanalmente para serem tocados pelos DJs residentes. Muitas vezes era o Zé Pedro, ou eu, que íamos comprar à Bimotor e à Contraverso. Grande parte destes discos ainda fazem parte do nosso espólio no Lux. No final o DJ desligava os amplificadores todos, arrumava os discos e seguia muitas vezes para o dia seguinte.”

 


Yen Sung na Fábrica da Tabaqueira, pouco antes de entrar nos Da Weasel.


[O balão de ensaio para Santa Apolónia]

Hoje é perfeitamente comum que vários espaços — sejam salas de espectáculo ou de facto clubes — em que a programação seja parte importante, mas que tenham um espaço limitado, façam coisas fora de portas. No universo do Rimas e Batidas têm havido vários casos: o Copenhagen, no Cais do Sodré, por exemplo, celebra sempre os seus aniversários com uma festa fora de portas; a Parkbeat Records, editora criada a partir da programação do bar PARK, programou DJ Jazzy Jeff e os maiores talentos do DJing de hip hop nacional numa festa no Capitólio em Outubro — e vem aí uma noite especial no Estúdio Time Out para celebrar os 20 anos de carreira de DJ Kwan. São apenas dois exemplos próximos para falar de um fenómeno e de um formato em que o Frágil foi pioneiro em Portugal.

A primeira festa que o Frágil organiza fora do seu pequeno espaço no Bairro Alto serve para celebrar o décimo aniversário — foi em 1992, portanto. Aconteceu na antiga Fábrica da Tabaqueira, em Marvila, precisamente naquela zona oriental de Lisboa, entre o futuro Parque das Nações e Santa Apolónia. Tratava-se de um edifício industrial que foi completamente transformado apenas para uma épica noite de celebração.

 


Milhares de pessoas foram convidadas.


“Era uma demonstração de que o rio ia ser aberto à cidade, com esta nova administração do Porto de Lisboa, e havia uma declaração de intenções”, explica Rui Vargas. “Se calhar foi a primeira vez que um espaço assim inusitado foi ocupado para fazer uma produção de uma festa para não sei quantas mil pessoas só por uma noite. Com bar aberto, comida. O edifício estava decrépito, foram construídas escadas para uma só noite. Foi posto o elevador a trabalhar, foi posto som, luzes, casas de banho. Agora é uma coisa mais ou menos trivial, haver festas aqui e ali, mas até aí não tinha havido assim nenhum acontecimento com esta envergadura e com este efeito na cidade.”

Seria a primeira de várias festas fora de portas: na sequência deste décimo aniversário houve uma aproximação da gestão do Frágil com a nova administração do Porto de Lisboa, e foram também feitas festas no antigo Armazém 22 e no Convento do Beato, por exemplo. “Não é bem um ensaio geral, mas há uma série de coisas que são feitas nesta zona oriental, junto do rio, que servem como balão de ensaio”, diz Pedro Fradique. “Não era consciente. E depois há um convite expresso ao Manel para ocupar este espaço [do Lux] e ele traz a sua equipa do Frágil.”

 


O edifício antes de se tornar no Lux.


[O nascimento do Lux]

A abertura do Lux, a 29 de Setembro de 1998, foi um verdadeiro acontecimento na cidade. Havia uma expectativa enorme, como recorda Isilda Sanches.

“Lembro-me perfeitamente quando se começou a falar na abertura do Lux. Nessa altura era próxima de pessoas que estavam a trabalhar lá, já tinha conhecido o Rui Vargas, a Yen, o Pedro Fradique. Todos partilhávamos mais ou menos as mesmas referências musicais. Na altura ainda não se dizia hype, mas havia uma excitação que parecia digna das revistas cor-de-rosa. Na altura ofereceram-me 10 contos [50€] pelo convite do Lux, e a pessoa que me ofereceu ficou muito chocada por eu ter um recebido um convite e ela não. De repente parecia que tinha um símbolo de estatuto e não tinha feito nada para o receber, até me senti especial. Claro que não vendi o convite, ele ainda lá está, e era impressionante: uma embalagem de plástico com imensos postais lá dentro, uma coisa nunca vista cá. Foi das vezes que senti mais na vida que as pessoas tinham inveja… ‘ah, ela tem um convite para ir ao Lux’.”

Isilda Sanches foi à festa de inauguração com duas amigas — Sofia Morais, actual radialista da Smooth FM e que já passou pela Oxigénio e Radar; e Teresa Salomé. “Ficámos impressionadas, mesmo. Curiosamente encontrei lá um dos engenheiros responsáveis pela obra, que eu conhecia. Quando ele me começou a falar da estrutura interna, como havia elevadores para o transporte das coisas… e não tínhamos mesmo noção, porque de facto a concepção arquitectónica do Lux é muito inteligente. Há muitas zonas às quais não temos acesso mas nem percebemos que elas existem. Estava à pinha, foi assim uma coisa disparatada.”

 


Isilda Sanches nos preparos para a inauguração.


O protejo de arquitectura do edifício foi assinado por Margarida Grácio Nunes e Fernando Sanches Salvador: uma pista de dança no rés do chão, o grande ex-líbris do espaço; um bar no primeiro piso e um terraço com uma vista esplendorosa sobre o Tejo em cima. A equipa que fundou o Lux vinha, na sua grande maioria, do Frágil. Do Bairro Alto vieram os DJs, claro, mas também o pessoal do bar e os supervisores da noite. “No fundo o Lux tem a ver com uma intuição do Manel, antes de quem quer que seja, de que há um novo momento em Lisboa: a cidade de 98 não é a mesma da dos finais dos anos 80. Tinha havido a Lisboa Capital da Cultura [em 1994], a Expo, toda uma série de coisas que mudaram e ele achou que havia um espaço maior para uma filosofia que no fundo permaneceu a mesma mas que passou a uma escala diferente”, explica Pedro Fradique, que, na verdade, só se juntou à equipa do Lux em 1999.

Fradique trabalhava na Fnac, que tinha aberto a sua primeira loja em Portugal em 1998 — no centro comercial Colombo, também em Lisboa — e organizou uma festa de primeiro aniversário no Lux, em Fevereiro de 1999. “Não conhecia o Manel pessoalmente. Arranjei o número de telefone, liguei-lhe e disse: olha, gostava de fazer isto. Essa festa correu bem, teve programação com DJs. Ele depois desafiou-me para fazer o género de coisa que tinha acontecido nessa noite em conjunto com o Rui [Vargas], em continuidade.”

 



[Lux, uma nova casa para a cidade]

O Lux abriu com o desafio de perpetuar o legado do Frágil e de ser distintivo, acrescentar valor àquilo que já existia na cidade e inovar — sempre na base da partilha, do trabalho com pessoas de fora, fossem artistas plásticos, designers, estilistas ou DJs. A conceção do espaço da discoteca e o design de interiores também foram fulcrais.

Uma das características vitais para esta distinção foram as projecções em vídeo atrás do DJ — era uma coisa regular no início do Lux e até já tinha havido experiências nas tais festas que o Frágil promoveu fora de portas ao longo dos anos 90. O que o Lux também mudou foi toda a forma como se pensava a programação de um clube em Portugal.

“Há uma ideia simples que é posta em prática logo no início do Lux que é Lisboa fazer parte de um mapa [internacional] de clubbing. Nessa altura a ideia de programar DJs estrangeiros, que hoje é uma coisa absolutamente banal, não era ainda muito óbvia. As pessoas compravam bilhetes para concertos, não para ver DJs. Nós próprios durante muito tempo programámos, e tivemos programação estrangeira, sem bilhetes, porque não era ainda aceite o DJ. Teres um Sudoeste com DJs era uma ideia perfeitamente impensável”, conta Pedro Fradique.

Rui Vargas acrescenta: “Eram anunciados mas não havia um bilhete específico para ir ver o DJ, tivemos sempre algum receio de implementar isso. Porque achámos que a cidade não estava ainda preparada”. A primeira venda de bilhetes para ver um DJ — já se vendiam entradas específicas para noites no Lux, mas só para os concertos — terá sido só passado alguns anos, por volta de 2004.

O que também mudou foi a forma como se comunicava a programação. Na altura os espaços anunciavam os DJs por semana, mas o Lux tinha uma agenda mensal, uma coisa que só existia na Fundação Calouste Gulbenkian, no Teatro São Luiz ou no Teatro São Carlos, entre poucos outros espaços na cidade. Começaram por ser contratados um ou dois DJs internacionais por mês.

“A ideia na comunicação era pôr o nome do DJ convidado e do DJ residente do mesmo tamanho: era mesmo misturar Lisboa numa história de clubbing e os nossos DJs com DJs de fora que nunca tinham vindo a Lisboa ou que as pessoas nunca tinham ouvido. O facto de existir um grupo de residentes que de certa maneira percebia e analisava e alimentou muito a programação — a percepção do que era pertinente trazer em cada momento — também educou de certa maneira o público”, explica Fradique.

A mentalidade dos residentes era uma filosofia que já vinha do Frágil e que foi determinante na construção da identidade do Lux. “Com a equipa de residentes tão variada e valiosa como a que temos, conseguimos, no fundo, estabelecer um som ou uma identidade sonora para um sítio, em vez de estarmos a contratar DJs todos os fins de semana. Os primeiros flyers tinham um ou dois convidados por mês, sempre à quinta-feira. Sexta era o DJ Vibe, sábado era eu, a Yen ou o Zé Pedro”, comenta Rui Vargas. “Era o culto do DJ da casa, do residente que conhece o seu público como ninguém, que conhece a casa e o sistema de som e consegue proporcionar uma experiência — acreditávamos e ainda acredito muito neste pensamento — se calhar como poucos convidados, que vêm pela primeira vez e ainda não conhecem o público.”

Os residentes do Lux sempre influenciaram a programação, eles próprios convidavam (e convidam) DJs internacionais e há uma partilha e liberdade que foi importante para definir uma certa linha musical. “Lembro-me da primeira vez que o Zé Pedro me falou de uma cena nova que era LCD Soundsystem. Tinham um disco só, que ele tocava aqui over and over. Era uma coisa que nem existia sequer, era o gajo sozinho. E ao longo destes anos houve várias fases: mais minimal, mais electroclash, mais hip hop, whatever… hoje em dia parece que foi sempre assim, existirem DJs e um following dos DJs, mas durante muito tempo havia poucos DJs que as pessoas de facto conhecessem e viessem ver”, explica Pedro Fradique. “O que aconteceu é que acabámos por construir uma credibilidade, a pessoa tinha vindo cá ver os Thievery Corporation, ou o [Richard] Dorfmeister ou o Herbert, e depois acabava por vir cá descobrir outras coisas. Esse lado de levar as pessoas a descobrir acho que é uma das coisas que mais nos deu… as pessoas ficam-te gratas por isso e estabelecem uma relação contigo.”

Rui Vargas acrescenta que a “carta branca” que tiveram da gestão foi importante para que não se pensasse apenas na quantidade de pessoas que iria encher as salas e que fariam ou não que a noite resultasse melhor em termos financeiros. “Não havia uma pressão: ‘esta noite correu muito mal com o residente X, vamos mudar ou pôr um estrangeiro porque não sei quê’. Não, acreditávamos naquilo que estávamos a oferecer, confiávamos uns nos outros, e as coisas foram crescendo. Há a ideia de sermos residentes num sítio e ir tocar lá uma vez por mês. Isto é diferente, é uma ideia de permanência, de todas as semanas estarmos cá, de todas as semanas respondermos por isto, de todas as semanas tentarmos dar um golpe de risco para surpreender as pessoas. E continuar a contagiá-las.”

 



Não conhecem, aliás, nenhum clube na Europa — ou no mundo — com tantos residentes que façam parte de um espaço há tantos anos. Isilda Sanches também destaca a importância dos DJs residentes no Lux neste trajecto de 20 anos. “Eles são todos extremamente atentos. Os residentes construíram o Lux na sua diversidade, nos seus interesses musicais, eles é que lhe deram credibilidade. Acho que isso também é bastante reconhecido por quem vem cá. A maior parte deles mantém boas relações com o pessoal que põe música lá fora e há grandes afinidades. Há uma solidez de base que permite ter uma linha de continuidade e uma personalidade muito definida mesmo quando parece que diverge noutras direcções. A identidade do Lux acho que é inabalável.”

Tanto Rui Vargas como Pedro Fradique dizem que esta permanência essencial dos DJs também é o que acontece noutras áreas da equipa que gere o Lux. Se houver um “segredo” é esse, como explica Pedro Fradique. “Claro que os residentes têm uma importância mas há variadíssimos detalhes de que são feitas as noites aqui: a luz, a segurança, a porta, o atendimento nos bares. Há uma coesão e um sentimento de pertença que funciona como cimento, acho que há uma força qualquer. Temos falado e pensado muito nisso este ano.”

 



[A linha musical do Lux — e a concorrência nos últimos anos]

Do Frágil em 1982 ao Lux em 2018, toda a indústria da música, e os géneros musicais que se fazem, ou as tendências para a pista de dança, mudaram completamente. Ainda assim, o caminho foi progressivo, gradual, e nunca houve uma mudança radical naquilo que era passado na discoteca: “música de pista, mas sem demasiados constrangimentos” é como Isilda Sanches gosta de caracterizar a linha musical do Lux.

“No Frágil passavam Talking Heads como acid house, depois começaram a passar house. Aquilo que eles já faziam no Frágil que era estarem atentos ao que estava a acontecer continuaram a fazer no Lux. Acho é que o Lux tinha uma estrutura maior [tem capacidade para 2 mil pessoas] e surgiu numa altura particularmente criativa, sobretudo no campo da música de dança, porque de facto os anos 90: a primeira metade foi rica em vários estilos, havia o trip hop, o drum and bass, ainda havia o grunge; e na segunda metade já houve uma formatação maior de música de dança.”

Foi no início dos anos 90 que outras discotecas míticas de Lisboa, como o Kremlin e o Alcântara-Mar, começaram a introduzir mais música electrónica. No Lux, Isilda Sanches destaca as actuações dos Rockers Hi-Fi, St. Germain, um dos “acontecimentos mais importantes em Lisboa no final dos anos 90”, Paus (que aconteceu bastante mais tarde), Delia González e Gavin Russom. “Vi o concerto deles deitada no chão da pista, só via luzes… foi das coisas mais inacreditáveis. De repente tinhas um sistema de som incrível a servir dois tipos que só estavam a usar sintetizadores analógicos e a fazer música esotérica, que é quase new age, com aqueles LED todos. Houve essa aposta. Não foi uma multidão, não esteve lá toda a gente, mas para mim foi dos melhores concertos.”

A radialista também destaca o papel da discoteca no meio da música electrónica em Portugal. “Para quem estava a trabalhar na divulgação daquele tipo de música foi mesmo um momento de vitória. Obviamente todos levávamos com um número que ainda se leva agora: ‘é música de dança, isso são martelinhos’. Mas de repente toda a gente parecia estar interessada. Claro que isso coincidiu com um certo movimento internacional, tudo estava ligado: tinhas uma parte estética que tinha a ver com moda, arquitectura, design de interiores. E depois tinhas a música.”

Pedro Fradique concorda que essa fusão entre diversas artes e ofícios sempre fez parte do ADN mais profundo do Lux. “A programação ou as festas no Lux serviram de pretexto para poderes convocar realizadores, músicos, artistas plásticos para trabalharem contigo, fazerem coisas, pensarem em conjunto. Colaborar para uma coisa comum que depois é servida às pessoas sob o chapéu Lux.”

Ao longo dos anos foram muitos os acontecimentos marcantes no espaço — desde festas que ocuparam o parque de estacionamento no exterior da discoteca como instalações artísticas surpreendentes. Uma delas foi “Hon”, peça inspirada numa dos artistas Niki de Saint Phalle, Jean Tinguely e Per Olof Ultvedt que era composta por duas pernas brancas gigantes e abertas. No meio das pernas? A entrada do Lux, por onde as pessoas passavam.

Além da programação regular de DJs, é habitual o Lux receber concertos num horário mais cedo, por volta das 22h30, para se apresentarem álbuns ou espectáculos especiais de bandas. Paus, Linda Martini, Capitão Fausto, Moullinex, Gisela João, Capicua ou Regula são alguns dos muitos músicos que passaram por lá nos últimos anos.

“Houve sempre esta ideia, desde a génese, de haver uma dupla utilização da sala como pista e sala de concertos. O sistema de som é o mesmo”, diz Pedro Fradique. “Achamos que isto tem uma escala de concertos muito boa, em que estás muito próximo do palco e o som é bom. Tanto somos procurados, ou porque há um disco novo ou porque alguém quer apresentar cá coisas, como nós próprios já suscitámos coisas. Agora, também não é uma sala que receba qualquer concerto. Qualquer concerto que aconteça aqui de certa forma integra-se na nossa programação. Também já houve muitos concertos que provavelmente teriam um enorme sucesso mas que para nós não fez grande sentido que tivessem acontecido aqui.”

Rui Vargas acrescenta: “Não pode ser tomado como uma sala de espectáculos que pode ser alugada para qualquer evento. Pode ser um concerto de fado, ópera ou música clássica, mas tem de fazer sentido para nós num certo contexto.”

O sistema de som Funktion-One, que não foi o primeiro do Lux, e que entretanto até já foi actualizado, foi concebido para permitir esta dupla utilização na pista de dança do Lux. Tanto pode acolher um concerto de rock, uma atuação de fado, um DJ set de um gigante do techno, ou uma noite C.R.EA.M de hip hop de DJ Glue, uma das curadorias mensais.

“Há uma coisa que toda a gente quer em Portugal: ouvir os discos na pista do Lux, porque ainda continua a ser um ponto de referência. Se pudesse, a maior parte do pessoal ia lá testá-los, tenho a certeza absoluta”, garante Isilda Sanches. “Conheço pessoas que começaram a produzir porque começaram a sair e a ouvir música e depois interessaram-se e compraram equipamento, softwares. Penso que continua a ser a ambição de todos os DJs tocar no Lux. Isso provavelmente tem sido uma das maiores dificuldades deles: gerir as expectativas que as pessoas têm em relação à possibilidade de irem tocar lá. Mas o Lux deu voz a muitos DJs portugueses, manteve sempre uma programação e as portas abertas, mesmo que eles não ficassem residentes.”

Nos últimos anos, têm-se multiplicado pelo país, e também em Lisboa, as festas de promotoras como a LXM, a Fuse Records ou a Bloop Recordings, entre outras; os festivais, desde o Brunch Electronik ao Lisb-On, passando pelo Out.Fest, além de vários outros; e outras discotecas que apresentam uma programação que concorre em parte com o Lux. Rui Vargas e Pedro Fradique admitem que há cinco anos isso mereceu um “repensar” da linha da discoteca que gerem.

“O mercado agora está muito mais inflacionado, porque a procura… é a velha regra da economia. Lembro-me que houve um ano, há quatro ou cinco, que isso serviu para um repensar e um ‘bora lá’. Houve quase um cerrar de fileiras e uma seriedade até maior, uma vontade de fazer mais e melhor. Começámos a fazer mais programação ao sábado, antes não havia convidados estrangeiros. E houve essa necessidade de reforçar um pouco mais esses convites a DJs estrangeiros e fizemo-lo, acho eu, com uma garra diferente.”, explica Vargas.

E Pedro Fradique acrescenta: “Até aí tinhas tido uma diferença na programação. Se a programação é uma coisa que por efeito do tempo se banaliza — isso aconteceu-nos com muita coisa, com o vídeo, com fazer um flyer mensal, que de repente estava toda a gente a fazer. Há um momento em que te obrigas a perceber o que é que tens de tão distintivo na escolha de quem trazes. Óbvio que pensamos em coisas que podem ter sucesso, mas não somos guiados por isso. Pensamos em coisas que queremos fazer e portanto vamos criar as condições para que possa ser um sucesso — ou não, se não for um sucesso à primeira será à segunda. Criar um equilíbrio entre descoberta, novidade e coisas que às vezes são mais difíceis, mas que achamos que são o nosso core e ADN. Não vamos abdicar disso.”

Ambos frisam que ouvir, por exemplo, Dixon — que se estreou no Lux há 17 anos e que este ano foi um dos convidados especiais para as festas de celebração das duas décadas do Lux — na pista de dança da discoteca ou num set de duas horas num festival é uma experiência completamente diferente. “E ver aqui os Caribou não é a mesma coisa que ver em Paredes de Coura ou no Primavera Sound, por muito bons que os festivais sejam”, diz Rui Vargas.

Há uma série de DJs em que o Lux apostou ao longo dos últimos 20 anos e que entretanto se tornaram nomes enormes e importantes — essa relação com o Lux mantém-se na maioria dos casos e por isso é que, apesar de não precisarem, continuam a passar pela pista de dança de Santa Apolónia.

“Claro que o deal do Lux não é o melhor para o agente que ganha uma percentagem, não podemos obviamente igualar o valor de outros sítios e festivais, mas há artistas que reconhecem que o percurso e crescimento deles passou por aqui e por um trabalho continuado connosco, e apesar de estarem já num outro nível e poderem ganhar na mesma noite em que cá vêm dez ou cinco vezes isso, estão cá”, explica Fradique.

A radialista Isilda Sanches também tem essa sensação de que os DJs internacionais adoram vir tocar ao Lux. “Houve um fenómeno particularmente curioso: todos os DJs que vinham cá pôr música parecia que queriam voltar, adoravam as condições de trabalho do Lux. A maior parte dos DJs internacionais têm o Lux como uma das salas favoritas para tocar. Ajudou a dar uma certa credibilidade a Lisboa. Não só tinhas boas condições de som como tinhas espaço, vista, casas de banho, peças de arte… quer dizer, lembro-me de ir ao Lux e estar pendurada a obra dos tampões da Joana Vasconcelos. Ainda a Joana Vasconcelos era conhecida como: lembras-te, ‘aquela rapariga que andava aí na segurança?’ Ainda ninguém sabia que ela era artista plástica, era só a chefe de segurança do Lux.”

Isilda Sanches destaca ainda o facto de o Lux não ter cedido à EDM — numa altura em que o MEO Sudoeste, por exemplo, tinha Hardwell, Martin Garrix, David Guetta, Calvin Harris ou Steve Aoki, entre tantos outros DJs super estrelas que tanto sucesso faziam junto da juventude — se calhar podemos dizer que essa tendência foi ultrapassada pelo rap nos últimos três anos.

“O Lux não cedeu à EDM. Podia ter-se sentido tentado a fazer isso mas não cedeu, e isso é notável. Porque seria uma boa maneira de apanhar um público mais jovem. Isso é merecedor de respeito. E conseguir gerir aquele monstro, um porta-aviões com tanta gente, daquele tamanho e com uma política musical tão exclusiva, é obra. Não sei se isso é uma coisa que é assim tão normal no mundo inteiro. Porque os grandes clubes de referência acabaram quase todos por fechar. Parece que estas coisas são feitas para durar um determinado tempo, como se fosse um ciclo natural, e o Lux está um bocado a contrariar isso.”

 



[A “aldeia dos irredutíveis gauleses” na zona oriental de Lisboa]

Desde a génese do Lux que está presente uma intenção de abrir a cidade à zona ribeirinha entre a baixa da cidade e a área do Parque das Nações. Nos últimos anos isso tem-se intensificado: a zona oriental da cidade, que inclui Xabregas, o Beato ou Marvila, tem visto crescer negócios, de restaurantes a galerias de arte, passando por fábricas de cervejas artesanais e indústrias criativas, e tornar-se uma zona cool da cidade. Era um sonho idealizado por Manuel Reis e a sua equipa. Que papel teve o Lux nesta transformação da cidade?

“Isso é uma coisa que está na génese, quando o Lux abre até há uma coisa que se chama Caminho do Oriente que tem tudo a ver com uma revitalização daqui até à Expo. A cidade praticamente acabava aqui, daqui para a frente isto estava tudo esburacado”, conta Pedro Fradique. “E logo no início houve da parte do Manel uma expectativa de que a cidade pudesse descer um pouco para o rio e para a zona ribeirinha e oriental. No entanto, foi uma expectativa que foi adiada durante muito tempo. Houve um enorme centramento da cidade, no Terreiro do Paço e Chiado, tivemos obras do metro durante muitos anos… Quando vinhas para o Lux vinhas para o Lux, a seguir voltavas para trás, não ias a mais nenhum sítio aqui perto.”

Ir ao Lux não era, como compara Rui Vargas, como ir a um clube no Cais do Sodré, que tem uma movida natural em que as pessoas vão entrando e saindo por vários bares e espaços. Neste caso era ir a um sítio de propósito, com essa intenção.

“Acho que tivemos um papel de pregar no deserto durante muito tempo porque era de facto a única coisa que havia aqui entre a baixa e a Expo. E lembro-me de alguns invernos difíceis aqui, porque estávamos de facto completamente desacompanhados, não havia metro, podias vir aqui de táxi correndo o risco de não entrar, avenida em obras, buracos nas obras do metro. Mas tivemos pelo menos o mérito, como o Pedro lhe chamava a brincar, da aldeia dos gauleses. Resistimos e entretanto a cidade mudou à nossa volta e ainda bem que se está a expandir de novo para este lado”. Pedro Fradique concorda, mas considera que o Lux não foi fundamental nesta processo. “O Lux mudou mais o panorama geral do que é ou pode ser um clube, do que teve um papel na revitalização desta zona. Acho que o que está a acontecer agora é uma explosão geral na cidade.”

Apesar disso, Isilda Sanches não tem dúvidas de que o clube aproximou as pessoas do Tejo. “Não sei se o Lux tem alguma coisa a ver com a especulação imobiliária da zona de Xabregas [risos]. O que acho é que aproximou muito as pessoas do rio. E há uma experiência única — e eu não gosto de fazer directas e passar a noite nos clubes e sair com sol –, ali é diferente porque dás de caras com o rio e a vista é inacreditavelmente inspiradora. Recebes a energia da manhã, é mesmo especial. E de repente as pessoas começaram a achar piada à coisa do rio.”

A radialista acrescenta ainda: “O que o Lux fez foi descentralizar os acontecimentos em Lisboa, que estavam todos no Bairro Alto. Desviou-os um pouco. Durante muito tempo esteve sozinho, agora já não está. Mas acabou por levar muita gente para ali: tanto estrangeiros como nacionais. Havia a sensação de que estávamos a partilhar de uma experiência que não estava acessível a todos, e isso não era necessariamente uma coisa presunçosa. Ir ao Lux era um acontecimento social, que levava as pessoas a comprar roupa e a apresentar-se de determinada maneira e a criar imensas expectativas que às vezes eram extremamente frustradas, mas isso é a vida, sair à noite é mesmo isso.”

Esse distanciamento do centro da cidade foi um obstáculo durante vários anos, e a crise económica de 2011, aquando da intervenção da Troika, também foi sentida na porta. “Sentiste que parte do teu público imigrou, não estava cá, foi trabalhar para fora. Está sem trabalho, sem dinheiro, à rasca, no call center ou em Londres”, conta Fradique. E Vargas acrescenta: “Houve muitas dúvidas neste caminho e se calhar alturas em que a nossa proposta estava desajustada com a cidade, com aquilo que as pessoas queriam ouvir, claro que nem tudo correu bem sobre rodas nestes 20 anos.”

 



[20 anos (ou mais) depois, o mindset é o mesmo]

20 anos passaram desde a inauguração do Lux e sair à noite é hoje completamente banal e transversal a todo o tipo de pessoas, de todas as idades, áreas profissionais e gostos musicais — mesmo o público do Lux é mais diverso e já não pertence a uma certa elite. Hoje há dezenas e dezenas de festivais em Portugal, Lisboa tem vários outros clubes, e o Lux continua o maior bastião do clubbing no país. O que permanece sempre, dizem os representantes da discoteca, é uma “inquietação permanente” que faz com que estejam sempre a inovar e a evoluir, sem estagnar no tempo.

“Há uma preocupação com não rotinar. Estamos a pensar nisso em relação ao ano que vem: este ano foi, a todos os níveis, excepcional. Fizemos imensa programação, aconteceram muitas coisas, fizemos a exposição, 20 anos, peso simbólico, mas: e agora? O que é que é importante, único, distintivo, que podes trazer às pessoas por seres ou funcionares de uma certa maneira de acordo com certas convicções? Isso vem mesmo de 82”, diz Pedro Fradique.

Rui Vargas fala sobre este “mindset intemporal”. “O mindset continua a ser o mesmo, a própria música é que une as pessoas e gerações tão diversas, é a energia que a boa música, bem seleccionada e bem tocada, a todos os momentos da noite — muitas vezes o disco pode ser incrível mas se tocas uma hora antes, não funciona — que continua a ser aquilo que me faz vir cá todas as semanas. E é esse, passo o cliché, o poder da música: juntar as pessoas e conseguir levá-las a um sitio mais especial.”

E isso, como explica o DJ, é indiferente daquilo que é tocado nas pistas de dança, nas tendências que vão e vêm com os anos. “Há uma altura em que a música é mais minimal e mais despida, mais down; outros anos para mexer com as pessoas precisas de uma coisa mais rasgada, de uma atitude mais rocker a puxar; como pode ser uma coisa hipnótica trippy que te faz levantar da pista, as tendências vão variando mas o mindset continua o mesmo, que é através da musica conseguires tocar as pessoas. Algumas das melhores ideias que tive foi a ouvir música na pista.”

Catarina Portas, empresária e jornalista que sempre foi próxima da equipa do Lux, falava disso mesmo no texto “Canibais Dançando com Astronautas”, que pode ser lido no antigo blogue do Lux.

“Numa pista de dança podemos alcançar um certo estado de protecção do mundo e de suspensão sobre a vida. A música passeia pela nossa pele, o ritmo sacode-nos as mágoas, os acordes acordam-nos os sentidos tal como nos acordam com o universo. A fúria doce da felicidade dança connosco. Nesses instantes, o sexo pode sair-nos pela ponta dos dedos, tal como a bondade. E se compartilhamos o momento suspenso com quem dança connosco, podemos formar família. (…) Mais, garanto: algumas das mais drásticas decisões de vida, tomei-as a dançar. O corpo liberto e feliz pode deixar a cabeça muito clara. ”

Manuel Reis faleceu a 25 de Março de 2018, vítima de uma doença prolongada. Sempre foi o mentor por detrás de todo o projecto do Lux mas a porta nunca foi fechada — a partilha foi uma constante e o seu legado está bem vivo com aqueles que o acompanharam ao longo dos últimos 20 ou (bem) mais anos.

“Passámos muitos anos na mesma ‘faculdade’ a estudar juntos e falamos a mesma língua. Aprendemos com o Manel: nunca fazer coisas com as quais nos sentimos desconfortáveis aqui dentro”, explica Rui Vargas. “Nós estamos sempre nessa motivação e picanço entre nós, a fazer coisas de que gostamos, que achamos que a cidade deve testemunhar, e continua a ser esse o nosso drive. E não passa só pela programação: passa por tudo, pela experiência — e até é uma palavra que não gosto de usar — que dás às pessoas.”

Pedro Fradique concorda: “O Manel está distribuído por nós todos e na relação que cada um de nós tinha com ele e da energia que recebia dele. É claro que trabalhámos muito tempo juntos, aprendemos juntos e sabemos que há essa preocupação do momento e do reajuste do tal mindset intemporal. No fundo, apesar de nos fazer imensa falta como é óbvio, sentimos que estamos completamente… estamos nivelados por uma coisa que é clara e cada um de nós traz uma coisa que forma esse conjunto.”

Isilda Sanches não tem dúvidas sobre a importância do papel de Manuel Reis nesta história única da cultura em Portugal. “E se pensarmos até que antes do Lux houve o Frágil, o Manuel Reis é um ícone cultural neste país. Fez muito pela nossa emancipação cultural e musical. E toda a criatividade portuguesa acaba por girar ali à volta, do cinema, literatura, jornalismo… quando se escrever a história disto, o Manuel Reis e estes dois lugares que ele abriu… vão ser dois epicentros criativos que serão extremamente importantes para a história de Portugal no século XX e no século XXI.”

 


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