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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 22/11/2022

Tempo de reflectir sobre o que ficou para trás e projectar o que se fará sentir no futuro.

20 anos da Festa do Jazz em Dezembro

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 22/11/2022

Nos dias 16, 17 e 18 de Dezembro, a Festa do Jazz faz-se em três espaços diferentes em Lisboa: o Centro Cultural de Belém, o Picadeiro do Antigo Museu dos Coches e a livraria Ler Devagar.

Para já, só há duas confirmações para um cartaz que, se tudo correr conforme esperado, terá mais de 20 concertos: elas são Salvador Sobral, que interrompe o seu retiro para não falhar a celebração e se fará acompanhar de Marco Mezquida, e Trilok Gurtu, percussionista que, com o pianista João Paulo Esteves da Silva e o baixista Yuri Daniel, “convida improvisadores portugueses para um concerto/convite à cidade”.

No comunicado enviado à imprensa, Carlos Martins, o director artístico do festival, escreve sobre esta longa caminha de duas décadas:

“Compreender a Festa do Jazz (FdJ) é determinante para compreender o jazz nas últimas décadas em Portugal, nomeadamente nos últimos 20 anos. Por isso fizemos um livro, editado em 2020 — única edição do género em Portugal — dos últimos 20 anos, sobre os universos, pessoais e colectivos, criados e/ou estimulados pela Festa.

Mas explicar tudo o que foi feito nos últimos 20 anos poderia ser, além de extenso, um exercício fútil discorrendo números e impactos que não serão nunca tão importantes como a visão qualitativa e simbólica dos inúmeros encontros e criações feitas pelos músicos portugueses de Jazz que são o centro da Festa. Foram estes músicos que iniciaram a internacionalização do Jazz que se faz em Portugal bem como os caminhos da pedagogia.

Por isso prefiro, enquanto diretor artístico, sublinhar algumas ideias e práticas essenciais à FdJ que são importantes para a comunidade de músicos que, entretanto, se consolidou em Portugal. A criação de comunidade e a sua sustentação, sublinhe-se, foi o nosso maior contributo, enquanto parceiro de uma rede, antes informal, de músicos, promotores, investigadores, jornalistas, professores, entre outros, abarcando um conjunto de vozes diversas, com diferentes experiências e papéis em diferentes contextos.

Neste prisma a Festa tem sido ao longo de 20 anos claramente o maior e mais completo observatório do jazz feito em Portugal criando momentos únicos de revelação de novos talentos e de novas propostas de músicos consagrados. É desde sempre o espaço aglutinador ao promover um encontro nacional anual, criando redes, formais e informais, apostando na criação, na improvisação, na pedagogia e na troca de saberes dos envolvidos, incluindo os jovens das escolas de jazz nacionais. Do Concurso Nacional de Escolas (de Jazz) têm saído, desde há 19 anos, a maioria dos grandes músicos actuais que por sua vez vêm iluminando os caminhos futuros da música improvisada feita em Portugal, e agora na Europa.

Por outro lado, e cumprindo a vocação da Festa, a programação reuniu e reúne as mais variadas tendências da música improvisada portuguesa estando atenta aos aspetos inclusivos. Por isso passados 20 anos e nesta edição que celebra este aniversário, a inclusão de mulheres no programa em quase 50% dos grupos programados é para nós indissociável da luta que todos temos de travar para chamar mais mulheres ao jazz português que ainda é muito machista, como o resto da sociedade. Não é por isso inocente a nossa vontade de continuar a estimular outros festivais a fazerem o mesmo. Deve ser dito que não se podem ‘inventar’ mulheres no jazz quando não existem nas escolas, nos grupos e na comunidade. O caminho é longo e de difícil percurso devido a questões culturais que, neste e noutros temas como o colonialismo ou o racismo institucional, por exemplo, contribuem para uma maior periferia portuguesa na Europa, além da geográfica. Mas haveremos de conseguir.

Foi também para encurtar essa periferia, física, cultural e psicológica que a Sons da Lusofonia/Festa do Jazz tem trabalhado estrategicamente na Internacionalização do Jazz português. Para tal realizou em Lisboa em 2018, com a Europe Jazz Network, a Câmara Municipal de Lisboa e o Centro Cultural de Belém, a primeira conferência europeia de Jazz em Portugal (European Jazz Conference) em que finalmente os músicos de jazz portugueses foram apresentados à elite europeia de jazz, de forma cuidada e estratégica, que trouxemos a Lisboa. Por fazer parte da Rede Europeia de Jazz há mais de 10 anos, a Festa do Jazz reuniu a documentação necessária para criar recentemente, com vários parceiros nacionais, a primeira Rede Portuguesa de Jazz – Portugal Jazz – nome sob o qual foi programada a primeira embaixada de jazz levando, desta vez, as mais importantes entidades do Jazz nacional à maior feira mundial de jazz – Jazzahead! em Abril deste ano.

Embora de carácter nacional a FdJ continua estes caminhos promovendo o encontro de portugueses com músicos europeus, como fazemos nesta edição da Festa. Além de nacional, a Festa é um festival de Lisboa, cidade que o acolhe e projecta. Por isso queremos convidar os Lisboetas que tanto nos têm dado a vir viver connosco esta celebração dos 20 anos e por isso convidamos a cidade e os lisboetas no primeiro dia de concertos, dia 16 de Dezembro, no Grande Auditório do CCB, a estarem connosco.

A Festa do Jazz é, pelos confrontos e celebrações que fomenta, um lugar de verdadeira alegria. Nesta edição dos 20 anos as surpresas serão muitas e imperdíveis. Vejam o programa e venham fazer a Festa connosco.”


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