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Publicado a: 27/04/2016

Questlove apresenta-nos 10 razões para considerarmos Prince como hip hop

Publicado a: 27/04/2016

[TEXTO] Amorim Abiassi Ferreira [FOTO] Direitos Reservados

Prince Rogers Nelson deixou-nos. No entanto, a sua passagem pela Terra criou um legado, vasto e influente, que ainda tem muito por explorar. Questlove é um dos mais vocais fãs de Prince. Em declarações à revista norte-americana Wax Poetics, o baterista fundador dos The Roots mostra-nos dez óptimos motivos para considerar que Prince também representa o espírito do hip hop.


[10. Prince e os NPG]

Assumido inimigo do rap e tudo o que se assemelhe, Prince mais tarde reconheceu que a carreira precisava de um ângulo novo. Em 1991, os New Power Generation de Prince lançam Diamonds and Pearls, com os seus samples, breaks, e o ocasional “nigga!” sobre uma banda ao vivo. Uma fórmula semelhante ao que mais tarde veio a definir os The Roots.

https://youtu.be/9KJzNKG_o-M


[9. Prince au naturel]

Nomeado para um Grammy como álbum do ano, em 1988, Prince decide que a capa do disco Lovesexy deve ser uma fotografia dele, nu. Algumas lojas recusaram-se a vender o álbum, ou então, tomaram a iniciativa de tapar a capa exibicionista.

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[8. Prince no beat]

A habilidade de Prince para programar e misturar caixas de ritmos foi uma das suas mais importantes contribuições técnicas para o hip hop. Com recurso a métodos pouco convencionais, como misturar efeitos de guitarra para conseguir novos sons, o músico conseguia programar percussões tão precisamente que fazia todos pensarem que foram tocadas por um baterista humano.


[7. “Breakprince”]

Prince decidiu aventurar-se pelo mundo do instrumental de jazz com Madhouse 8 e 16, lançados em 1987. O músico foi tímido na promoção destes álbuns, com receio de ser criticado por artistas de jazz veteranos. No entanto, numa perspectiva hip hop, estes dois discos entregaram funk progressivo misturado com um regimento de ritmo breakbeat. Breaks e loops para samplar abundam nestas duas obras.


[6. Prince inspira os Neptunes]

Os Neptunes chocaram com a sua sonoridade minimalista, marcada pelo uso de teclados que desafiava todo o tipo de produções que existiam no fim da década de 90. Na verdade, o nascimento deste tipo de beat despido pode ser associado a “When Doves Cry”, uma música de Prince que causou controvérsia pela sua ausência atípica de bass.

https://youtu.be/q-rquAqtAAo


[5. Prince e a lei]

Prince, tal como qualquer pioneiro do hip hop, não tem amor à polícia. Provocando-os em “DMSR” ou até dizendo as coisas tal como elas são em “The Walk” dos The Time: “We don’t like policemen”.


[4. Prince, o ghostwriter]

Vendido como um génio ao público, as editoras tentaram sempre manter o mistério à volta da identidade de Prince. Chegando a insultar os pseudónimos que usava em músicas como “DMSR” (“Jamie Starr’s a thief”), todos sabiam que Prince era responsável pelas próprias letras e o único ghostwriter a que ele recorria era a ele mesmo.


[3. Prince e a Warner Bros.]

Ele exigiu não ter produtores externos, e eles deixaram-no. Ele exigiu um contrato de produção, e eles deixaram-no. Ele exigiu fazer um filme, e eles deixaram-no. Ele navegou na maionese, e eles deixaram-no. Ele criou um péssimo segundo filme, e eles deixaram-no. Ele criou qualquer música que quisesse, e eles deixaram-no. Ele pousou nu para uma capa, e eles deixaram-no. Ele lançou um single através de outra label e eles deixaram-no. Quando a situação se tornou insuportável, Prince muda o seu nome para um símbolo impronunciável e termina o último álbum que fez para a Warner, na faixa “Had U”, com um sonante “Fuck U!”.


[2. Prince e o “Parental Advisory”]

Com a música “Darling Nikki” e a sua referência à masturbação, Prince provocou o despertar do movimento de classificação da música nos Estados Unidos. Em 1985, era lançado o primeiro autocolante do infame “Parental Advisory / Explicit Content”.

https://youtu.be/8EpHcy6T8hU


[1. Prince é hip hop]

Acusou outros de o roubarem, tinha sempre uma nova dança para revelar, inspirou-se em James Brown, considerou-se Jesus Cristo por momentos, fez skits nos seus álbuns, músicas de nove minutos, chamou a um álbum Goldnigga, usou músicas para engatar modelos, saltou de editora para editora, samplou-se, samplou outros, gravou-se em vinil a fazer sexo, tirou a virgindade a alguém, cantou sobre perder a virgindade, cantou sobre Nova Iorque, criticou críticos, imaginou a tecnologia do futuro, culpou mulheres pelos seus problemas, sentiu-se dividido entre o bem e o mal, foi apupado do palco e atingido com ossos de frango, divagou sobre paranóia, dirigiu-se ao presidente, escreveu o seu nome em graffiti na parede. E o mais importante, chegou a esta Terra com um título e não um nome: Prince.

 

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