pub
[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTO] Direitos Reservados
Jan Jelinek, autor do clássico de culto Loop-finding-jazz-records, está de regresso aos lançamentos com Zwischen, novo álbum em que, tal como acontecia no seu registo de 2001, volta a investir no sampling como recurso principal de produção. Acontece que desta vez, ao invés de velhos vinis de jazz, são as vozes de John Cage, Joseph Beuys, Lady Gaga, Karlheinz Stockhausen, Marcel Duchamp, Yoko Ono ou Max Ernst que lhe fornecem o ponto de partida para as novas criações.
O novo álbum de Jelinek surge acompanhado de mais uma recuperação no catálogo da Faitiche: depois da reedição o ano passado do clássico Loop-finding-jazz-records originalmente lançado na ~scape em 2001, é agora apresentado pela primeira vez em vinil Improvisations and Edits, Tokyo 26.09.2001, registo há muito descatalogado e editado orriginalmente apenas em CD.
O material do novo álbum, Zwischen, foi recolhido em gravações efectuadas pelos artistas nomeados anteriormente — originários da música e das artes plásticas de vanguarda, mas também da pop, caso de Lady Gaga — pela rádio pública alemã SWR2. O produtor fragmentou as vozes usando-as depois como matéria de ponto partida para as suas derivas ambientais.
De acordo com o próprio Jan Jelinek, Zwischen “consiste de doze respostas a doze perguntas. As respostas foram todas gravadas em situações de entrevista. Do discurso dos entrevistados – todos figuas públicas eloquentes – as pausas foram extraídas e editadas juntas. O resultado é uma série de colagens sonoras de silêncios. Mas estes silêncios são enganadores, uma vez que é apenas o sentido que se silencia. O que permanece audível é uma linguagem corporal arcaica: modos de respirar, fases de planeamento, partículas fervilhantes de palavras em busca de sentido que se quebram em tumulto onomatopeico ou que derrapam para ruído sonoro”.
Já o registo de 2001 Improvisations and Edits resultou originalmente do encontro de Jelinek em Tóquio com o trio japonês Computer Soup – Satoru Hori em trompete e ainda Osamu Okubo e Kei Ikeda em brinquedos e electrónica. A sessão em causa foi gravada no apartamento do trio japonês depois de Jan Jelinek os ter visto ao vivo num clube de Tóquio em que se apresentou como DJ. O resultado dos improvisos foi posteriormente editado e montado para um lançamento em CD que agora se traduz na edição em vinil com carimbo da Faitiche.
pub