pub

Publicado a: 20/08/2015

Ghost Box celebra 10º aniversário com compilação

Publicado a: 20/08/2015

Na verdade foi ainda na recta final de 2004 que a Ghost Box, etiqueta operada por Jim Jupp e pelo designer Julian House, lançou o título inaugural do seu catálogo, o EP Farmer’s Angle do projecto Belbury Poly, a que se seguiu, pouco depois, Sketches and Spells, álbum de estreia do Focus Group, e The Willows, álbum de Belbury Poly. Haveria de seguir-se, já em 2005, novas edições em CDr assinadas por Eric Zann e Advisory Circle. Esses primeiros passos, e os que se seguiram, estão documentados em In a Moment… Ghost Box, a compilação que deverá ver a luz do dia no próximo mês de Outubro e que inclui 31 faixas.

Foi portanto entre finais de 2004 e 2005 que começou a história muito particular da Ghost Box, levando críticos como Simon Reynolds a identificarem na estética particular dessa editora as marcas de um novo género que mereceu a designação de “hauntology”, termo que pega no verbo “to haunt“, ou seja “assombrar”, para tentar explicar música que parece, de facto, assombrada por um passado muito específico, em que as bandas sonoras de certos programas da televisão pública britânica surtiram uma influência muito profunda. Essas bandas sonoras eram, em boa parte, assinadas pelo Radiophonic Workshop, conjunto de criativos em que se incluíam artistas como John Baker ou Delia Derbyshire cujos trabalhos se revelaram pioneiros no estabelecimento de linguagens electrónicas em Inglaterra.

Na verdade, ainda que a influência do Radiophonic Workshop seja de facto marcante para os artistas albergados no catálogo da Ghost Box, não se pode menosprezar o impacto que as carreiras de grupos como os Broadcast ou Boards of Canada, ambos os projectos ligados à celebrada etiqueta electrónica Warp, tiveram sobre os artistas da Ghost Box. Dessa mescla de bandas sonoras clássicas de TV, de uma ideia social e política de uma Inglaterra do pós-Guerra, de um continuum electrónico que se estende dos pioneiros das décadas de 60 e 70 às experiências do krautrock nos anos 70 e daí até ao crescimento da importância dos sintetizadores na década de 80 que desembocaria na geração dos Cabaret Voltaire, Orchestral Manouvres in The Dark ou Human League e mais além até à explosão house e seus ecos – é de todo esse complexo puzzle que se pode identificar o conjunto de impulsos que levaram ao estabelecimento da Ghost Box.

Além de uma música bastante personalizada de raiz electrónica, mas que acolhe influências de algum rock e até da folk, outra marca distintiva da Ghost Box é o seu universo gráfico e visual, responsabilidade da Julian House, designer que é também o responsável pelo Focus Group. As capas de House remetem para as mesmas memórias televisivas ou para o design limpo e elegante das velhas capas da Penguin e são de facto evocativas de um passado muito particular. A Ghost Box é operada por House e também pelo homem por trás do projecto Belbury Poly, Jim Jupp.

A compilação com que a Ghost Box assinala a sua primeira década de existência sairá em duplo CD e em duplo LP e contará com extensas notas de capa assinadas por Simon Reynolds, autor britânico e crítico com extensa obra publicada (tem tomos dedicados ao pós-punk ou à explosão rave, por exemplo) que foi um dos primeiros a identificar as coordenadas diferenciadas que animavam a direcção da Ghost Box. Além dos nomes já citados, esta compilação incluirá música de Roj (teclista ligado aos Broadcast), Pye Corner Audio, John Foxx, Advisory Circle, Soundcarriers, Mount Vernon Arts Lab ou Hintermass, novo projecto de Tim Felton dos Seeland e Jon Brooks, o homem por trás dos Advisory Circle, que deverá ainda este ano editar álbum de estreia no catálogo da Ghost Box.

 

 

Saibam mais sobre In a Moment… Ghost Box no site oficial da Ghost Box.

pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos