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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 22/09/2021

Sem restrições.

Em MONTERO, Lil Nas X mostra quem é e porque veio

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 22/09/2021

Por esta altura, já deves ter ouvido falar dele. Montero Lamar Hill, conhecido pelo seu nome artístico Lil Nas X, está definitivamente a viver o seu melhor momento. O autor de “Old Town Road” é um dos artistas mais aclamados (e comentados) do momento e lançou o seu primeiro álbum de estúdio, MONTERO, na passada sexta-feira, dia 17.

Mais uma vez, o rapper de apenas 22 anos soube chamar a atenção da Internet, dos críticos especializados e todos aqueles que tenham o mínimo interesse por música nova. Aproveitando o seu percurso ascendente na indústria musical à boleia de muitos hits, polémicas e memes, Lil Nas X cravou em definitivo o seu nome como músico e ícone LGBTQ+ no seu longa-duração de estreia.

Em Lisboa, o lançamento ficou marcado pela festa promovida pela Sony Music Portugal em parceria com a Mega Hits e o The Late Birds Lisbon, que cedeu a área externa do seu espaço para o evento. Embora a presença de pessoas negras tenha sido baixa, especialmente se tivermos em conta o contexto do álbum e o seu significado para esta comunidade em específico, a recepção não deixou a desejar. 



Com 15 faixas (somando pouco mais de 41 minutos) e a participação de alguns dos maiores nomes da pop actual, como Doja Cat, Miley Cyrus e Megan Thee Stallion, este é o álbum mais exuberante de 2021, pelo menos até agora – e que foi imensamente divulgado com clipes, vídeos promocionais, capas e publicações cuidadosamente preparadas para o engajamento total nas redes sociais.

O disco também é sobre segredos obscuros e uma melancolia, que dada a situação do mundo actual, a que é até difícil de fugir. Se quiserem aprofundar, os pormenores levar-vos-ão numa uma viagem complexa e provocadora, mas, claro, isso não é obrigatório para desfrutar deste trabalho. É aberta uma porta para a alma do artista através de uma pop que também é punk, com algumas baladas de guitarra introspectivas e até angustiantes, formando um corpo de canções envolvente, divertido e sincero, que revela bem o ângulo escolhido por Nas. De forma directa, ele fala sobre como o estrelato o obrigou a enfrentar os medos e inseguranças do seu passado.

A faixa “DEAD RIGHT NOW“, por exemplo, oferece uma história de origem com um refrão obstinado: “I’ll treat you like you’re dead right now/ I’m on your head right now/ You wanna fuck with me so bad right now/ Well, now you can’t right now”. Como se ouve por diferentes vezes ao longo de MONTERO, Lil Nas X brinca com sua própria coragem e rebeldia contra uma indústria que sabemos que é historicamente bastante problemática em questões de raça e género. Por essas mesmas razões é maravilhoso vê-lo e ouvi-lo meter-se com tudo num mercado que sempre tenta livrar-se do que ele representa. O melhor de Lil Nas X fica impresso nos momentos em que ele não liga para causar impacto e apenas olha para si. 

Com MONTERO surge também um novo tipo de estrela: um rapper negro e gay que sabe bem como funciona a indústria musical e combina a sua música e sua arte de forma a driblar aquilo que tem ameaçado a sua originalidade desde o início. A sua expressão artística funciona bem tanto para o lado da pop quanto para o lado do rap, mas, mais do que isso, Lil Nas X está a criar uma comunidade que partilha dos mesmos sentimentos e desafios que ele e, mesmo assim, insiste num futuro melhor, mais inclusivo e igualitário. Soa óptimo, em todos os sentidos, deste lado…


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