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Publicado a: 25/07/2016

Chillange: “Em tudo o que faço tento depositar vida”

Publicado a: 25/07/2016

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTO] Fernão Gonçalves

 

Chillange é um dos newcomers do hip hop nacional e “Eu Existo” é o novo single a sair do EP Melodrama. O vídeo tem a produção da Focus Creations e completa a etapa começada em Setembro de 2015 com o lançamento do seu primeiro EP.

O MC moldavo tomou o português para rimar e, apesar de não ser esta a sua língua materna, é notória a naturalidade com que escreve e rima no nosso idioma. O seu percurso, de forma mais oficial, começou com o lançamento de Registo, mixtape de 2014. “Chillange ainda não tem uma definição de ser. Nem eu sei quem é ou o que é ao certo. Vou criando, vou descobrindo. Sei que não é uma personagem. Identificava-o mais como um “mundo”, uma realidade ou o representante dessas mesmas. O que o Chillange faz é expressar esse “mundo” ou realidade. O percurso vem de há quase 4 anos, altura em que experimentei cantar poesia por cima de instrumentais de hip hop. Tudo começou com a escrita: escrevia textos livres, poesia, pequenas histórias, etc… Isso levou-me a descobrir a paixão pela música e depois não demorei muito a conjugar os dois. Lembro-me de gravar o primeiro som e dizer que é isto que quero fazer! O percurso a partir daí foi fazer tudo sozinho, de mim para mim”, contou Chillange ao Rimas e Batidas.

 



As influências de Chillange são notadas nas escolhas dos instrumentais para a sua mixtape de estreia e o MC, que não gosta de ser tratado como tal, falou com o ReB sobre os nomes que o ajudaram a definir a sua persona musical: “Os artistas que usei como base para a minha mensagem são os que mais me chamaram a atenção, musicalmente e espiritualmente. Sinto um mergulho profundo quando oiço Sam The Kid ou Virtus. Esses são, tal como eu, os que fazem música a partir de um feeling especial. É música diferente. É música com uma especialidade única. No entanto, a relação que aqui discuto não é de influência, mas sim de uma correlação. Desde o início que identifiquei imenso com STK  porque sentia que estávamos no mesmo barco. Os instrumentais dele eram os que mais combinavam com o que pensava, escrevia e expressava. A história é a mesma com o Kendrick Lamar, o Virtus ou o Joey Bada$$. Em cada um deles havia uma cena que eu também tinha e por isso são os que admirava mais.”

 



O EP Melodrama foi lançado no final de 2015 e foi uma evolução no percurso do MC, sendo escrito e produzido na totalidade por Chillange. A conceptualização é uma parte fundamental daquilo que Dan Gheorghita, nome que consta no seu bilhete de identidade, faz na sua relação com a música: “Em tudo o que faço tento depositar vida e criatividade.  Tento comunicar passando uma mensagem ou despertar algo em quem ouve ou vê. Se as peças não se encaixarem umas nas outras, sentes logo que qualquer coisa não está bem porque não está tudo em harmonia. Para mim deve existir essa harmonia, desde o título da música à maneira como produzes. O Melodrama não era o mesmo se se chamasse, sei lá, Transcendência, por exemplo.”

A sua relação com o rap é diferente da da maioria e, se falarmos em termos de hip hop nacional, muito pouco íntima: “Pode não fazer sentido se disser que não oiço hip-hop tuga, mas é verdade. Se falarmos em números, apenas 30% da música que oiço é hip-hop e quase tudo hip-hop internacional. Mas não é por isso que estou fora do movimento ou não percebo o que estou a fazer e o que se está a passar. O hip hop tem um grande leque de raízes à sua volta. Eu tento sempre perder-me nesse mapa.”

 



A sua pro-actividade na Internet é contrastante com as suas performances ao vivo, que diz ser a “vertente que sente mais falta”. O arquivo do seu canal de Youtube já conta com alguns vídeos e, recentemente, podemos encontrar um registo onde é acompanhado pela banda Pumpkins. “Cantar em banda foi uma experiência super interessante. Musicalmente é a cena mais orgânica que um MC pode ter. Mas depende imenso da personalidade e da música do MC. Eu nunca me considerei um rapper e nunca aceitei que o que faço é rap. O que faço é expressão e expresso-me num certo estilo musical. Ou seja, para mim, tendo em conta a minha pessoa e o estilo musical, o encaixe em banda foi super positivo e abriu-me a mentalidade para outras procuras na música. Isto já são influências. Há rappers que não se identificam com instrumentos a não ser um bass. Eu não. Eu procuro melodia e procuro despertar sentimentos. É isso que marca o artista e o ouvinte.”

Sem novos trabalhos no horizonte, para já, podemos acompanhá-lo no SoundCloud e Youtube, sendo possível agarrar os seus dois trabalhos recentes ou instrumentais soltos de forma totalmente gratuita. Os concertos são o próximo passo para Chillange, a próxima etapa de desenvolvimento de uma carreira que ainda agora começou.

 


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