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Texto: ReB Team
Fotografia: Sebastião Santana
Publicado a: 26/12/2018

A lista do ano de Caronte

Texto: ReB Team
Fotografia: Sebastião Santana
Publicado a: 26/12/2018

A tarefa que lhe foi proposta à partida podia ser ingrata: Caronte deu os primeiros passos no rap na recta final de 2017 e foi lançado às feras por VULTO. em pleno ano de ouro para a equipa COLÓNIA CALÚNIA. Apenas com duas faixas editadas, o rapper foi desafiado pelo produtor a mergulhar num projecto longo, tendo como missão conseguir ombrear com os discos que contaram com Secta ou L-ALI nas rimas. Do trabalho a duas cabeças em estúdio resultou MONRÓVIA, um curta-duração de oito temas que teve como inspiração a escrita tradicional do cancioneiro popular português.

Em época de balanços, Caronte regressa ao radar do Rimas e Batidas para revelar quais foram os trabalhos que mais apreciou nos últimos 12 meses.


[MELHOR ARTISTA NACIONAL] L-ALI

“Ninguém traçou tão bem a ponte entre musicalidade e sentido poético como o L ao longo do ano. Todas as sílabas acrescentam alguma coisa, quer seja uma onomatopeia, um jogo de referências por ele próprio construído, ou mesmo na forma como conceptualiza a estrofe, dando azo a várias interpretações. Não comprometer nenhuma destas facetas é o maior trunfo de um artista como ele. Provou-o por várias vezes ao longo do ano, em trabalhos como a LISTA DE REPRODUÇÃO e mesmo na sua breve participação na [caixa]. Menções honrosas para Secta e Pedro Mafama.”


[MELHOR ARTISTA INTERNACIONAL] Childish Gambino

“A sua capacidade não se limita ao foro musical. As obras que lançou este ano têm também um carimbo estético vincado e, para além disso, consegue ser sempre imprevisível ao ponto de nos fazer aceitar sem grandes questões trabalhos que noutros artistas seriam considerados demasiado ambiciosos. Assim sendo acaba por personificar o que deveria ser um artista contemporâneo.”


[MELHOR PRODUTOR NACIONAL] VULTO. / Pedro o Mau

“Tem o catálogo mais ecléctico deste ano, quer a solo, quer com interpretes associados. É invejável a versatilidade do trabalho: a solo, os ensaios melódicos — com recurso a samplagem em YARIKATA e já sem qualquer auxílio em FALSA — traçam rumos novos em sonoridade própria; com intérpretes tem o cunho executivo, adapta-se e cria uma experiência diferente para cada artista com quem trabalha. E trabalhou com muita, muita gente este ano. Esteve ao leme da LISTA DE REPRODUÇÃO e, para além disso, ainda expandiu o seu portefólio com MONRÓVIA, e em faixas como ‘Ouve’ e ‘Torneira’.”


[MELHOR PRODUTOR INTERNACIONAL] Kanye West

“É real que estive mais atento ao que se passou por cá durante este ano, até porque estou numa curva grande de aprendizagem e contextualização e este foi um ano incrível para iniciar esse processo. Ainda assim, ressalvo o trabalho dele pela qualidade consistente ao longo de todos os projectos nos quais trabalhou este ano, com os mais variados artistas.”


[MELHOR FAIXA NACIONAL] “Jazigo” de Pedro Mafama

“A cultura popular portuguesa revisitada e retemperada para o contexto actual. A nível estético, a sua assemblagem mostra-nos uma verdade incontornável: música popular portuguesa é tão feita dos cantos folclóricos de terras esquecidas como do legado musical islâmico na península e dos ritmos africanos vibrantes. Qualquer semelhança entre fado e lundu não é mera coincidência, já diziam os Trovante.

De fora ficaram ‘Laura’, a faixa que dá o mote a um dos melhores trabalhos do ano, Cães e Ossos — o artista por trás de super projectos como Ornatos Violeta, Pluto e Foge Foge Bandido nunca desilude, qualquer que seja o âmbito do trabalho — e “Torneira”, o meu primeiro encontro com os novos fados.”


[MELHOR FAIXA INTERNACIONAL] “Life” de Saba

“Um beat absurdo, uma letra incrível. Foi a faixa que me ligou ao álbum. Os planos e caracterização do vídeo são fenomenais.”


[MELHOR DISCO NACIONAL] YARIKATA de VULTO.

“Já não existem assim tantos discos que sejam autênticas viagens. Este álbum representa um ponto de contacto entre as sonoridades que me eram próximas antes deste ano e as que se iriam evidenciar ao longo do mesmo. Menções honrosas para a corrosiva [caixa], com Secta e Metamorfiko a esbanjar superpoderes, e LISTA DE REPRODUÇÃO, um EP para todas as ocasiões.”


[MELHOR DISCO INTERNACIONAL] Room 25 de Noname

“Eu sou um confesso adepto de como as pessoas escrevem. De como conseguem montar peças em álbuns curtos e incorporam pensamentos do que pode ser o mais corriqueiro do quotidiano até uma profunda desconstrução do contexto social. Vocês já viram como esta pessoa escreve? Na mesma senda, o recente álbum do Earl Sweatshirt — Some Rap Songs — dificultou a escolha.”

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