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Publicado a: 02/06/2018

Uma mix de CelesteMariposa a antecipar a apresentação do novo EP dos Fogo Fogo

Publicado a: 02/06/2018

[FOTO] Direitos Reservados

O funaná não é um desporto, mas também exige um certo aquecimento. Antes da “partida” de amanhã na Casa Independente — os Fogo Fogo apresentam o novo EP, Nha Cutelo –, CelesteMariposa é o nosso preparador físico de serviço, servindo uma mix que é um reflexo do seu conhecimento alargado (e praticamente ímpar em território nacional) da música da África lusófona.

O Rimas e Batidas esteve à conversa com Wilson Vilares e falou sobre a evolução e a aceitação de géneros como o funaná ou o kuduro, as reedições ou a inevitabilidade do aparecimento de bandas como os Fogo Fogo:

 



Celeste Mariposa tem sido uma das entidades mais impulsionadoras da atenção que neste momento recai sobre a memória da música da África lusófona: como vês a evolução desta cena?

Vejo com bons olhos. É importante para quem nos lê saber que, em 2009, o funaná era só uma piada, o kuduro dava os seu primeiros passos e os projectos mais atrevidos na cidade arriscavam em algum zouk e, claro, o afrobeat. Mas funaná, marrabenta ou o gumbé não faziam parte da scene que hoje está viva e recomenda-se.

Era inevitável que, depois dos DJs irem recuperar todos os grandes clássicos dos Palop, as reedições começassem a aparecer, concordas?

O culto das reedições vem dos vários países que não têm acesso a uma certa e determinada cultura. As reedições têm o valor e a importância que lhes damos. Penso que mais importante é o contemporâneo, hoje e amanhã, mas esse não parece interessar senão repare-se: em dois álbuns independentes gravados pela editora CelesteMariposaDiscos, apenas um jornalista conceituado escreveu sobre o álbum do Chalo Correia, Kudihohola, mais ninguém, houve um jornalista que se deu ao trabalho de ir a um dos AfroBailes com o Chalo Correia no Lux e à segunda musica simplesmente foi-se embora. Ninguém-me contou, fiz questão de o seguir até à porta. Estava incrédulo com tal possibilidade, mas de facto aconteceu. É a vida!

Estiveste envolvido na fantástica compilação Space Echo da Analog Africa. Que outros planos do género tens para breve?

Sim, a Space Echo saiu em 2015, já o projecto tinha seis anos de vida bem regados, diga-se! Estou acabar o próximo álbum do Katuta Branca, que está a dar-me uma trabalheira gigante, mas um grande gozo. Vai sair ainda este ano na editora Rebel Up, uma editora independente da Bélgica. Também estou a trabalhar no novo álbum da minha editora, que será dos DjumBai Djazz da Guiné Bissau. Para 2019, espero. E estou a desfrutar do novo álbum do Julinho da Concertina, que saiu em Janeiro passado.

Os Fogo Fogo são também uma consequência de toda esta agitada cena musical em torno da memória musical da África lusófona. Era também inevitável que isto acontecesse?

Tudo é estranho nesta sociedade lisboeta. Não existirem mais bandas como os Fogo Fogo, os músicos não se deixarem influenciar mais pelas ex-colónias, serem sempre os mesmos nas festas, estes acontecimentos não terem o destaque merecido nos media… Mas está tudo certo, nada me espanta. Sou do bairro, estou mais que habituado a esta desconfiança. Deixemos a maquilhagem de parte: é uma questão de tempo. Parabéns ao Márcio, ao João, ao Danilo, ao Francisco e ao David. Provaram a todos que esta música tem imensa qualidade e muito potencial, e hoje rodam festivais como qualquer banda de indie rock que de musica lusófona não tem nada!

Nomeias 5 bombas funaná que não abandonem a tua mala de discos?

Diabo Tocador“, de Julinho da Concertina, “Cabra Preta“, de Sema Lopi, “Pilon Pilon“, de Meno Pecha, “Valor Sem Favor”, de Tchota Suari & Chando Graciosa, e “Nû Pô Kadiadu Nû Mara”, de Inovaçon.

 


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