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Um sem fim de Frank

[TEXTO] Vanessa Cardoso, Assessora de Comunicação [FOTO] Direitos Reservados

 

Frank Ocean é um rebelde. Primeiro, abandonou uma carreira promissora como ghostwriter de artistas como John Legend, Justin Bieber, Brandy, entre outros. Isto de fazer sucessos para os outros tem que se lhe diga. Mais tarde, como membro do colectivo de hip hop alternativo Odd Future, Ocean assumiu a sua homossexualidade.

Adiante com as ironias.

Depois de ter sido aclamado com um dos melhores discos do ano, Channel Orange (2012) é, sem dúvida, um marco enorme do R&B e hip hop. Frank Ocean deixou, desde então, toda uma legião em suspenso para um novo disco. O povo é sedento de coisas boas e ainda estaríamos todos a suster a respiração não fosse o lançamento-surpresa de Endless, um álbum visual que já deixou as redes sociais em alvoroço, ficando ainda a ameaça que haverá mesmo um disco novo, Boys Don’t Cry (?), muito em breve. Endless conta com participações de alto gabarito como James Blake, Sampha, Jazmine Sullivan, Om’Mas Keith e The London Contemporary Orchestra. Menção honrosa para aquela cover muito doce de Isley Brothers.

Voltando atrás, o miúdo que cresceu em New Orleans só foi perdoado pela sua ausência de quatro anos porque – imagine-se – está a terminar uma licenciatura em medicina.

E volto novamente atrás porque quando li a notícia sobre o lançamento de Endless fui imediatamente ouvir Channel Orange. Exacto. Esse disco exímio de uma ponta à outra e que teve direito a seis nomeações nos Grammys.

Channel Orange é precisamente aquilo que os fãs do bom R&B quer. São canções fora do comum e simples ao mesmo tempo, que contam uma história do início ao fim. Não há artimanhas neste disco: há histórias de amor, há algumas contestações no que toca à política e à sociedade e existe uma fusão extremamente inteligente do R&B com o hip hop e a soul trazidos por uma voz de veludo, honesta, inconfundível, adicionando-lhe uma produção contagiante.

A delicadeza de “Thinkin Bout You”, a esquizofrenia de “Pyramids”, a sincronia de “Lost” ou a densidade de “Pink Matter”… Há um ingrediente secreto que nos deixa a escorregar lentamente (e repetidamente!) por este disco. Há aquele factor “vício” de um primeiro disco.

Quero ouvir e ver Endless com atenção. Quero muito receber o rebento Boys Don’t Cry. Mas Channel Orange é um disco de amor. Dos bons. E eu adoro bons discos de amor. Por isso, vamos lá ouvi-lo outra vez.

 


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