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Publicado a: 21/07/2018

Travis Scott no SBSR’18: não existe um antídoto para este caos

Publicado a: 21/07/2018

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTOS] Hélder White

Uma das grandes questões que assola a nova geração de rappers (principalmente os que estão mais ligados ao trap) passa directamente pela transposição da música do estúdio para o palco. No ano passado, Future mostrou que as suas canções não ganhavam absolutamente nada com a sua apresentação ao vivo, perdendo-se a força e as potencialidades lisérgicas que o tornam tão único. Ontem, Travis Scott voltou a equilibrar a balança num “jogo” que começou em grande com Kendrick Lamar e que, se tudo correr bem, terá muitos mais momentos de antologia.

Acompanhado pelo seu DJ, que esteve estrategicamente colocado numa espécie de mini-torre, “La Flame” tomou o pulso à noite com a sua arma predilecta: o auto-tune. Se existe alguém que sabe utilizar a ferramenta, essa pessoa é certamente o autor de Birds In The Trap Sing McKnight. O recurso quase nulo às malfadadas backtracks vocais foram ponto mais que positivo, deixando espaço para pequenos malabarismos em que deixa claro que a fama que o precede é justificada.

 



Porém, o que importa aqui entender é a energia do público, que esteve completamente descontrolado numa tentativa clara de bater o recorde de mosh pits num concerto. Cada vez que o instrumental rebentava, os corpos colidiam, subiam e desciam, sempre guiados pelo “cowboy do trap”. Não se via este tipo de energia desde o dia 16 de Julho de 2016. “Mal conseguia pôr os pés no chão”, ouviu-se à saída da Altice Arena. E não, não estava a falar de levitação…

Não admira todo o entusiasmo: Scott era um dos nomes mais desejados pelos leitores do Rimas e Batidas e a estreia em Portugal só peca por tardia. A afluência de gente no segundo dia do festival também prova que talvez esteja na altura de substituir o “rock” por “hip hop”. Nem é desprimor pelo primeiro: nos últimos três anos, o público respondeu em força nos dias em que o género criado no Bronx, Nova Iorque, dominou a programação.

 



BITSM foi a base de um alinhamento que também teve direito a canções de outros que contém os seus versos: “Love Galores”, de SZA, “Dark Knight Dummo”, de Trippie Redd, ou “Sky Walker”, de Miguel, mas os pontos altos foram “pick up the phone”, “Antidote” — correu pelo corredor no meio do público e juntou-se aos seus “súbditos”, que rapidamente acorreram ao local para acompanhá-lo numa das músicas mais celebradas da noite — e, obviamente, “goosebumps”, um daqueles temas que entrará sem grandes discussões na lista de melhores canções da década.

O palco ardeu e o culpado foi Travis Scott. Crime resolvido.

 


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