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Publicado a: 07/07/2017

The Weeknd no NOS Alive: esta noite dançamos sozinhos

Publicado a: 07/07/2017

[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTOS] Sara Coelho

À hora marcada, The Weeknd entra em palco e depois de um som de trovoada solta a tempestade sobre a multidão que se agiganta em frente do palco principal do Nos Alive. “Starboy” é o primeiro dos argumentos de peso que Abel Tesfaye apresenta para justificar a sua condição de cabeça de cartaz no maior dos eventos deste (hoje fresco) Verão português.

Acompanhado por um ensemble reduzido (vislumbra-se, de onde nos encontramos, baterista, guitarrista e teclista multi-funções que também se ajeita noutros instrumentos), mas altamente eficaz (viva a tecnologia), The Weeknd não se esquece de referir que esta não é a sua primeira visita: “it’s been a while…“. Neste regresso após uma já longínqua estreia no Primavera Sound tudo é, no entanto, diferente: The Weeknd tornou-se uma marca de impacto global, com reserva permanente no topo das mais importantes tabelas. O que não significa que Abel tenha mudado por aí além: para lá de se ver obrigado a puxar pelo seu público durante as quebras mais melancólicas das suas canções, o artista canadiano continua o mesmo cantor torturado que nos entrega canções de moral retorcida sobre sexo e outros vícios modernos.

Depois do tema que dá título ao seu mais recente álbum, The Weeknd atirou-se a canções como “Reminder”, “Six Feet Under”, “Might Not”, “Sidewalks”, “Often” e “Acquainted” concentrando-se sobretudo nos seus dois últimos trabalhos, os que lhe elevaram o estatuto pop, precisamente. Faz sentido que assim seja. “Portugal, you know I’d die for you“. Ninguém acredita, mas serão poucos os que não fingem que sim.

A quantidade de gente que dança de olhos fechados, só ou acompanhada, é sinal de que esta não é necessariamente música comunal, o que não chega a ser um problema para a geração que aprendeu a isolar-se do mundo com auscultadores. Talvez isso justifique a aparente frieza do mar de gente que se estende pelo recinto, bem longe de momentos de euforia colectiva de que o Nos Alive costuma ser testemunha.

 


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“Die For You”, “Earned it”, “In The Night”, “Rockin” ou “Secrets” são outras etapas desta viagem comandada por The Weeknd que no Passeio Marítimo de Algés apresenta um alinhamento algo diferente do que tem vindo a executar nesta digressão. Terá sentido um maior distanciamento deste público?

Os ecrãs dos telemóveis voltam a iluminar-se quando o inevitável “Can’t Feel My Face” se faz ouvir e The Weeknd consegue finalmente que a multidão se faça ouvir em uníssono. Faz algum sentido: este moderno r&b de auscultadores não é assim tão permeável nas rádios que justifique o tipo de transversalidade que esta escala por vezes exige. Daí a relativa frieza. Daí tanta gente que dança como se estivesse sozinha no quarto.

O final aproxima-se, todos o sentimos, quando “I Feel It Coming” se faz ouvir, prenunciando a apoteose possível com “The Hills” que, obviamente, não falta: e soltam-se as chamas num artifício pirotécnico que contraria a baixa temperatura que dominou a maior parte da performance de The Weeknd. Depois dos últimos ecos de “The Hills” se desvanecerem, o público dispersa atordoado ou adormecido, sem exigir encore ou manifestar algum tipo especial de excitação pelo que acabou de presenciar…

No momento presente seria obviamente impossível, mas é difícil não imaginar a absoluta maravilha que seria ver este concerto de perto, numa sala de dimensões modestas e de parca iluminação. Fantasia? Normal: afinal de contas falamos de The Weeknd, certo?

 


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