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Publicado a: 07/10/2015

T&C/AVNP&NMTC: Apontamentos por NERVE III

Publicado a: 07/10/2015

[TEXTO/ARTWORK] Tiago ‘NERVE’ Gonçalves

 

RELER: [O Plano Inicial] | [A Primeira Recolha de Instrumentos & Redefinição (Parte I)]

 


[REDEFINIÇÃO (PARTE II)]

Perante o impasse entre lançar um álbum que já não me representava ou adiar indefinidamente o lançamento, numa conversa com o Garcia (amigo que conheci em 2009 quando comecei a trabalhar no disco) ou, melhor dizendo, num dos monólogos secantes que preguei ao Garcia, cheguei à conclusão que, independentemente do tempo que viesse a demorar, talvez fosse preferível adiar o lançamento do disco, retirar o que restava das faixas revivalistas e substituí-las por novas faixas mais experimentais, densas e, acima de tudo, mais negativas, já que era nisso que este álbum se estava a tornar. Desde esse momento, foquei-me em escrever novas faixas para o disco, que retratassem o meu estado de espírito do momento, o meu desencanto até com alguns aspectos do meio do rap (que tive a oportunidade de conhecer entretanto) e com o processo de acabar um álbum que cada vez mais parecia ter vida e vontade própria.

Neste momento de viragem e restruturação, praticamente metade do álbum foi ceifado. Da primeira recolha de instrumentais, só sobraram três do Notwan (“Cidade Perfeita”, “Trabalho” e “Nós e Laços”) e dois do Keso (“Óbvio” e “Gainsbourg”). O álbum tinha agora uma linha condutora cheia de buracos que as novas faixas teriam de preencher. Por esta altura eu já me estava a borrifar para quando ia acabar o disco e como e quando seria editado, desde que eu estivesse confortável com o conteúdo final. Com a Matarroa fora do circuito das edições discográficas, começou a surgir a ideia de lançar o álbum só em formato digital ou simplesmente imprimir uns CDr em casa e vendê-los em mão ou pela internet. Já não importava. Queria só escrever umas coisas horríveis, gravá-las, acabar o disco e arrancá-lo da minha vida, para me dedicar a projectos novos.

 


 


[A SEGUNDA RECOLHA DE INSTRUMENTOS]

Assumido o momento de viragem e reestruturação, existiam agora duas necessidades básicas para terminar o disco: escrever novas letras e encontrar instrumentais que servissem de base para esta nova componente mais sombria, negativa e pessimista. A componente escrita seria relativamente fácil de assegurar, já que tinha muito material escrito e faltava só “moldá-lo” e distribuí-lo por várias faixas. A componente instrumental seria mais difícil de encontrar. O Notwan estava a estudar em Londres e menos focado na produção de instrumentais.

Eu já não produzia instrumentais desde o ENPTO, mas decidi voltar a experimentar. Comprei um teclado MIDI barato (AKAI MPK Mini) e produzi algumas bases que acabaram por chegar ao disco final. Nessa fase de produção, e porque não queria dedicar-lhe demasiado tempo (para me focar mais na escrita), decidi comunicar nas redes sociais que estava à procura de instrumentais “esquisitóides”. O Pedro, o Mau contactou-ne nesse contexto. Tinha uns instrumentais bem escuros, pesados e electrónicos. Na altura, eu estava a viver no Martim Moniz e, por coincidência, o Pedro vivia ao fim da minha rua. Muito rápido ficou combinado encontrarmo-nos para ouvir umas malhas. Ele produzia há pouco tempo mas já tinha alguns instrumentais de valor, vários projectos, cada um sob um pseudónimo diferente, e uns pares de ideias bem vincadas acerca do lugar que queria ocupar na música. Disponibilizou-me várias instrumentais, que, juntamente com os que eu produzi entretanto, asseguraram a sonoridade mais sombria, necessária para as novas temáticas. Daí, entre 2011 e 2012, concluí as primeiras versões das letras “Coincidências”, “Monstro Social”, “Subtítulo” (que na altura ainda não tinha título), “Conhaque” e “Lenda”.

 

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