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[TEXTO/ARTWORK] Tiago ‘NERVE’ Gonçalves
RELER: [O Plano Inicial]
[A PRIMEIRA RECOLHA DE INSTRUMENTAIS]
Já em 2009, depois de um ano ocupado entre a faculdade e os primeiros concertos do ENPTO, já tinha alguns instrumentais “novos” do Notwan (bem mais do que os três que chegaram ao disco final), portanto as bases para a escrita mais “densa” do disco estavam asseguradas. Nesses instrumentais escrevi as primeiras faixas para o disco (“Cidade Perfeita”, “Trabalho” e “Nós e Laços”). Faltava agora a componente mais revivalista dos anos 90, então comecei a procurar instrumentais junto de outros produtores. Acho que tive instrumentais de dezenas de produtores para o “Trabalho & Conhaque”, desde os mais incógnitos até aos vossos favoritos. Lembro-me de pensar que o impacto do ENPTO, qualquer que este fosse, teria certamente sido eficaz, porque artistas com lugar acima do meu na subentendida “hierarquia” deste género demonstravam disponibilidade para colaborar comigo sem me conhecerem e as coisas estavam a acontecer de forma fluida. Neste processo de recolha de instrumentais, além de ter arrecadado mais alguns instrumentais “frescos”, a componente revivalista ficou também assegurada e começaram a surgir as primeiras músicas de rap mais tecnicista para o álbum.
[REDEFINIÇÃO (PARTE I)]
Estávamos no fim de 2011 e por diversas razões os tempos não eram os mais risonhos, tanto no campo profissional, como académico ou pessoal. Sentia que estava a falhar em atingir na minha vida o tal equilíbrio que referia no álbum. O álbum estava praticamente concluído em termos de escrita e instrumentais e quase pronto para gravar mas, quanto mais tempo passava, mais a componente “revivalista” se afastava do que eu achava que fazia sentido ter no disco. Estava a soar demasiado polido e tinha demasiado estilo-livre. Além disso, já tinha vontade de despejar outras letras neste disco, fruto do rasgo de inspiração inevitável que chega em momentos de transtorno e depressão.
Baseado na minha própria vivência em determinado momento, ganhei vontade de escrever acerca do fracasso na procura pelo equilíbrio em vez de explorar a procura em si.
Além dessa insatisfação crescente, para mim, sempre foi claro qual queria que fosse o meu papel dentro deste género e, independentemente dos rótulos que sejam atribuídos e das definições impingidas, eu tenciono oferecer uma alternativa ao que é habitual ouvir-se por estas bandas, principalmente em termos de escrita mas também no que toca à sonoridade. Não fazia sentido eu incluir uma componente revivalista e “tradicional” no meu álbum se o objectivo derradeiro sempre foi oferecer uma alternativa, e devia ter reconhecido esse facto mais cedo. Estava a tornar-se claro que o álbum não ia ser gravado nesse formato mas era também claro que, nesse caso, também não seria gravado tão cedo.
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