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Publicado a: 28/02/2018

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[TEXTO] Moisés Regalado

Durante os seis anos em que se manteve afastado dos chamados álbuns de estúdio, T-Pain fez de tudo para manter o nome presente no meio e cimentou-se cada vez mais como uma figura indissociável da música contemporânea e da sua história. Em 2014 afirmou que usava o auto-tune como ninguém e, com mais ou menos sucesso mediático, foi brindando o público com singles, participações e remisturas. Colaborou com o promissor 6lack em “One Way”, partilhou o cenário e o vídeo da sua “Make That Shit Work” com Lil Dicky, que se intrometeu para filmar o videoclipe de “Save That Money”, e chegou mesmo a gravar para a “rockstar” de Post Malone.

Mais de uma década passou sobre o lançamento de Rappa Ternt Sanga, estreia oficial do cantor, e já não é segredo que T-Pain altera a voz porque escolheu essa identidade e estética em início de carreira, bastando ver registos das suas actuações acústicas para que se dissipem possíveis dúvidas sobre as suas capacidade. Mas, ao quinto disco, e apesar dos singles indicarem que talvez OBLiViON seguisse novos caminhos, a fórmula de sempre manteve-se e ainda não foi desta que o artista revelou maiores ambições.

“May I”, ao lado de Mr. Talkbox, trouxe consigo uma aura prometedora que, no entanto, apenas se repetiu em “Second Chance”, com Roberto Cacciapaglia, momento que teria lugar na banda sonora de qualquer blockbuster norte-americano. Foram vários os temas em que a concretização não correspondeu à clara tentativa de desenvolver faixas mais clássicas e, de certa forma, próximas do rap (“That’s How It Go”, “Cee Cee From DC”), não deixando de haver espaço para piscadelas de olho a outras tendências, como em “No Rush”.

Mas foi nos terrenos mais próximos do trap e do r&b actual que T-Pain conseguiu sobressair, como provam “Pu$$y On The Phone”, “2 Fine” ou “Textin’ My Ex”. Depois de um Revolver (longa-duração de 2011) pautado pela manutenção das sonoridades que então dominavam, este OBVLiViON também se posiciona timidamente no seio do que vai acontecendo, sem que tenha real impacto no estado das coisas e na evolução da arte. Tratando-se do artista em questão, não valerá de muito esperar o oposto nem avaliar a sua obra de acordo com esses parâmetros.

T-Pain é conhecido precisamente por ter inventado o seu estilo e por conseguir mantê-lo, independentemente das correntes em voga. Semelhante feito não estará ao alcance de muitos, ainda para mais numa indústria pouco dada a mudanças repentinas, na qual o rapper teve que se infiltrar pacientemente. Seja a título individual ou como convidado, sempre inesperado, na música de outros artistas, o circuito do ícone norte-americano está traçado, não havendo mais a fazer além de o ver em acção na pista que tão bem construiu.

 


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