pub

Publicado a: 27/08/2015

SwitchSt(d)ance: a Beachcoma, a multiplicidade de influências e as epifanias

Publicado a: 27/08/2015

 

[TEXTO] Ricardo Miguel Vieira [ENTREVISTA] Rui Miguel Abreu [FOTO] Tiago Reis

 

SwitchSt(d)ance, mescla de um trick de skateboarding com dance. Confusão de caracteres que nem sempre se assimila à primeira no Google. “Torna-se um desafio e quem realmente quer encontra.” É Marco Antão, DJ residente no Lux Frágil, produtor de emaranhados electrónicos que embebe ampolas de diferentes estilos. Isto não é “apenas música com groove, com o simples intuito de colocar as pessoas a dançar” porque isso “para mim não serve.”

Daydreaming EPNo Man’s Land EP são os dois lançamentos que já contabiliza este ano. Ambos são apelo à pista-de-dança, aos movimentos corporais, libertações de sentidos e algo mais. Estarão também em mostra na madrugada dedicada à editora Beachcoma, que carimbou dois em três EPs que produziu – No Man’s LandThe Graveyard Shift (2014). Uma noite que conta ainda com Fairmont, Sid Le Rock e Undo na cabine. Conversa de antecipação ao som do set apresentado na disco lisboeta em Julho.

 

Aproxima-se a noite Beachcoma no Lux, etiqueta a que tens forte ligação. Como é que se prepara um set para uma noite destas?

A Beachcoma é uma label com que me identifico a 100%, por isso acho que não seja necessário uma grande preparação, mas sim ser o mais natural possível.

 

Enquanto DJ, explica-nos como é que a tua mala – ou folder – vai crescendo: que é que um novo tema precisa de ter para conquistar espaço num dos teus sets?

Gosto de temas com uma grande abordagem a sintetizadores e sonoridades novas, com elementos que criem suspense e contem uma história. Se for apenas música com groove, com o simples intuito de colocar as pessoas a dançar, para mim não serve.

 

Escolheste um nome algo difícil que tem origem numa manobra de skate que também não deve ser fácil. Quão importante é o nome numa era em que ser googlável pode ser determinante para a imposição artística?

Switch The Dance/Switch To Trance/Switch And Dance/Switch To Dance/Switch St. Dance/Sxuitch Dance /Swing Dance/ SwitchSt(d)acne. São alguns exemplos do que fui ouvindo e lendo por aí. Não é de facto um nome friendly, quando o criei fi-lo apenas a pensar em mim e em algo com que me identifico, longe de pensar que algum dia fosse googlado ou que a carreira de música se tornasse uma coisa séria. Sinceramente, em tempos passou-me pela cabeça mudar de nome, mas foi apenas um pensamento passageiro e acabei por manter tudo como está. Tenho a noção que curiosos já se tenham perdido em pesquisas, mas também podemos ver a coisa por outro lado, torna-se um desafio e quem realmente quer encontra.

 


[fbvideo link=”https://www.facebook.com/switchstance/videos/vb.54699385678/10153107228885679/?type=2&theater” width=”500″ height=”400″ onlyvideo=”1″]

 


Falemos de produção: como defines as margens das áreas em que te moves? Qual é a tua praia?

Sinceramente é uma pergunta difícil de responder. Diariamente oiço vários estilos diferentes dentro da música electrónica. E nas minhas produções pode sentir-se uma fusão desses vários géneros e subgéneros. É um pouco como cozinhar e ir misturando ingredientes diferentes que vão apimentando a coisa: indie dance, slow mo chug, new wave, techno, dark disco, etc.. Uma praia multifacetada.

 

Tens três EPs editados num curto espaço de tempo. Quais são os próximos planos?

Irão sair algumas músicas soltas em compilações. Recentemente terminei alguns remixes para algumas editoras estrangeiras, que devem sair no Outono. Neste momento voltei a estar empenhado nas minhas próprias músicas e, paralelamente, estou a trabalhar num projecto novo.

 

Estes formatos – singles, EPs, álbuns – continuam a fazer sentido nos tempos que correm? Nunca te apeteceu implodir essas convenções e fazer outra coisa que não coubesse dentro dessas convenções?

Boa pergunta! Mas para ser sincero nunca pensei nisso nem nunca produzi a pensar que a música que estava a trabalhar fosse para construir um EP ou para um single em particular. Diariamente tento criar músicas, e simplesmente faço-as para mim. Até agora têm sido sempre as editoras a entrar em contacto comigo e posteriormente envio um link com as minhas demos e são elas que acabam por escolher uma música ou várias e acabam por construir o EP ou single. Álbum ainda não aconteceu.

 


SWITCHST(d)ANCE – Daydreaming (Official Music Video) from David Tutti dos Reis on Vimeo.

 


Que outros DJs e produtores foram determinantes para o teu crescimento artístico?

Os meus artistas favoritos de hoje podem não ser os mesmos amanhã, porque a música, os meu gostos, estão sempre em constante evolução. Eu ando sempre à procura de sonoridades e conceitos novos, mas há alguns artistas que desde sempre me acompanham nas minhas influências, tais como Kraftwerk, Pink Floyd, Tangerine Dream, James Holden, Thom York, Steve Moore, Conrad Schnizler, John Carpenter, entre outros.

 

Trabalhas num espaço que muitos encaram como um verdadeiro templo, pelo menos os que são devotos dessa religião chamada música de dança. Isso representa algum tipo de peso sobre os teus ombros?

Tenho muito gosto em trabalhar como DJ residente no Lux e este é um daqueles “pesos” que me dá gosto carregar.

 

Já coloquei um par de perguntas ao DJ, outras tantas ao produtor. Uma pergunta para o ouvinte, habitante da pista de dança: qual foi a tua última epifania?

Ir ao Sónar By Day é sempre uma experiência super enriquecedora, há sempre imensos espectáculos que me deixam sem palavras. Este ano, além do grime, apostou bastante no IDM – intelligent dance music – e um dos que mais me surpreendeu foi sem dúvida Double Vision: Atom™ + Robin Fox.

 

Por último, fala-nos da tua ligação à Beachcoma: como nasceu, o que significa para ti?

A Beachcoma nasceu da junção de três artistas: Fairmont, Sid Le Rock (pan/tone) e Metope. Por acaso artistas que eu já seguia e ouvia há muito tempo. Fairmont já toca em Portugal há imenso tempo, mas só tive a oportunidade de o conhecer numa noite em que toquei com ele no Lux. Desde aí fomos mantendo contacto. Mais tarde conheci o Metope e o Sid le Rock em Berlim. Um dia o Jake (Fairmont) enviou-me um email a falar da editora dele e que gostava de ouvir as minhas músicas. Eles gostaram e daí surgiu o convite para integrar esta editora. Foi uma sensação muito boa: de fã passei a ser colega de trabalho e desde o meu primeiro lançamento, The Graveyard Shift EP, fiquei muito mais motivado para a produção de musica.

 

A noite Beachcoma no Lux Frágil, em Lisboa, acontece amanhã com SwitchSt(d)ance, Fairmont, Sid Le Rock e Undo.

Sigam o trabalho de SwitchSt(d)ance no Facebook e SoundCloud. A Beachcoma tem presença online aqui.

pub

Últimos da categoria: Entrevistas

RBTV

Últimos artigos