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Publicado a: 16/12/2017

Sonny: “Mantive a fé de que um dia faria algo meu”

Publicado a: 16/12/2017

[ENTREVISTA] Alexandra Oliveira Matos [FOTO] Direitos Reservados

É Sonny desde os anos 90 nos Mafila, com o irmão Michael e o amigo K Jay. Começou a rimar por volta de 1995 ou 1996 em feiras e discotecas, mas só gravou um tema para a mixtape Subterrânea, de D-Mars, em 1997. Depois a vida tomou outros rumos. Ainda assim não é estranho que Karlon o defina como um dos pioneiros do rap crioulo no momento em que, pela Kreduson Produson, produtora do rapper da Pedreira dos Húngaros, lança o primeiro trabalho: Influénsias.

Ao lado de nomes que já vimos cantar com Karlon, como Maria Tavares e Neuro MC, o álbum tem onze músicas que falam de “todo o processo até chegar aqui”, conta Sonny ao Rimas e Batidas. Pedro Barbosa, nome de batismo, não queria desistir da sua paixão pela cultura hip hop e confessa que sempre manteve “a fé de fazer algo, nem que fosse aos 50 anos”. O disco pode ser encomendado por 5€ mais portes de envio através de uma mensagem privada na página de Facebook de Sonny. Estivemos à conversa com o rapper natural de Cabo Verde, residente em Porto Salvo.

O Karlon inclui-te nos nomes dos primórdios do rap crioulo, mas na realidade este é o teu primeiro trabalho, certo?

Este é o meu primeiro trabalho e se não tivesse a oportunidade e o apoio que o Karlon me deu não teria feito nada, porque nunca tive ninguém que me apoiasse ou acreditasse que era possível. Mais vale tarde do que nunca! Comecei em 95/96, mas só cantava em feiras, discotecas e o que aparecia. Gravar mesmo só gravei um tema numa mixtape do Marko [D-Mars], a Subterrânea, em meados de 97/98 .

O Influénsias foi então, em quase tudo, uma novidade para ti. Como surgiu a ideia?

A ideia surgiu porque nunca deixei de acreditar e sempre mantive a fé de que um dia faria algo meu, nem que fosse aos 50 anos. Então quando me mudei de Paço de Arcos para Porto Salvo reencontrei-me com o Karlon. No princípio de ter vindo para o bairro encontrava-me numa situação em que, caso não a ultrapassasse, isto não seria possível. Quando ultrapassei essa barreira comecei a dar-me mais com os meus melhores amigos, a arrumar as ideias — ainda continuo a arrumar —, foi aí que me senti preparado e com o apoio e amizade constante do nosso big Karlon voltei a acreditar. E acredito que tinha mesmo que ser agora.

O que quiseste transmitir com este trabalho? Falas em ultrapassar algo que aconteceu na tua vida, foi sobre isso que quiseste falar?

Todo o processo até chegar aqui é o que retrata o Influénsias. As dificuldades, o afastamento das pessoas, o acreditar nas pessoas, o desprezo das pessoas uma pelas outras,  as guerras e os conflitos, as promessas. Tudo o que sempre vi como negativo descarreguei no Influénsias, de uma forma pacífica para mostrar que o inverso é mais lindo e correcto.

Quais foram os comentários que já recebeste ao teu trabalho? Está a ser bem recebido?

Acredito que sim. Ainda não recebi nenhum comentário negativo, mas se receber não fico magoado. As pessoas são livres de dizerem o que quiserem, eu é que não contrario o que achar que é negativo porque a minha forma de ver a vida é a de que a vida tem mais para nos dar e ensinar de positivo do que negativo, mas são escolhas e visões de perspectivas diferentes.

Como foi o processo criativo em si? Tiveste sempre o apoio da produtora do Karlon? Tens em várias faixas a participação da Maria Tavares e do Neuro MC. Como foi trabalhar com eles?

Sempre, em todo o processo, e foi muito gratificante a participação da Maria Tavares e do Neuro MC. Foram ao encontro com o que eu esperava e o Karlon também sempre ali, sempre comigo a incentivar-me no estúdio, a dar-me algumas dicas porque a tecnologia avançou imenso e eu não acompanhei esse avanço. Andava perdido noutras caminhadas [risos], mas agora acompanho e quero seguir.

Quais são as perspectivas agora que o trabalho está cá fora? Há concertos marcados?

Por enquanto nada, mas o mais importante para mim foi ter feito aquilo de que gosto e acredito sem ilusões, mas se surgir alguma coisa entro de corpo e alma, sempre com humildade e simplicidade.



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