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Publicado a: 19/10/2017

So Get Up: Salazar, acid house e uma geração à procura de novas inspirações

Publicado a: 19/10/2017

[FOTO] Direitos Reservados

O movimento acid house em Portugal libertou uma geração (1991-1997) da mentalidade antiquada que ainda perdurava desde os tempos da ditadura. É esta a premissa para So Get Up, exposição da Red Gallery, em Londres, com curadoria do produtor e DJ Rui da Silva e do jornalista João Xavier.

Em Julho de 2018, o material, que ainda está fase de recolha, será apresentado durante o dia na galeria, ficando a noite reservada para a música relacionada com a época retratada. No final do mês, a exposição irá, de forma permanente, para um museu em Berlim.

Numa curta entrevista concedida ao Rimas e Batidas, o DJ português explicou o que é que torna este movimento digno e merecedor de ser retratado.

 


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A premissa da exposição que anunciaste encara a cena house portuguesa como o primeiro sinal real de abertura ao exterior, no arranque dos anos 90: é esse o conceito?

Sim, o conceito faz parte de uma iniciativa da Red Galery, em Londres, que identifica e documenta os vários movimentos europeus que sucederam como reflexo do início do acid house, de 1987-1988, em Inglaterra. Uma geração que tinha nascido ainda no tempo do regime, mas que era muito nova para ter sentido o que isso significava nas suas vidas e sem nenhum complexo procurou a sua identidade e a sua forma de expressão própria, dançando ao som de música electrónica ao ar livre, em castelos e conventos à luz das estrelas atá altas horas da manhã, nomeadamente house e o techno. Daí surgiu uma cultura bastante distinta de outros países devido a situação única de Portugal, de receber tanto a influência dos Estados Unidos [da América] como influências do Norte da Europa e do Reino Unido. O comummente chamado Iberican sound.

Como surgiu esta ideia?

A idea surgiu quando eu fui convidado pela Red Galery em Londres para assegurar a curadoria da exposição.

Onde e quando vão as pessoas poder ver a exposição?

A exposição vai ser apresentada na Red Galery, em Shoreditch East London, um dos locais mais dinâmicos a nível de club culture em Londres, durante o mês de Julho de 2018. Ao longo de 15 dias, as pessoas vão poder visitar a galeria durante o dia e à noite vamos ter espectáculos com artistas, DJs e promotores com relações fortes com os anos 90 em Portugal e o movimento do house e techno da altura. Está também previsto que uma versão mais pequena da exposição faça uma tour em Portugal por alguns festivais e eventos durante 2018. Finalmente, a exposição irá para uma residência permanente em Berlim num museu de cultura que está a ser criado, sítio onde as pessoas podem ir estudar os vários movimentos culturais da musica de dança na Europa.

Que materiais vão ser expostos e de onde vêm? Do teu acervo e arquivos ou há outros materiais de outras origens?

Estamos de momento numa fase de apelo para todas as pessoas que viveram a época e têm recordações nos seus armários e gavetas. Podem fazer isso contactando-nos na página www.sogetup.com.

A esta distância, como encaras esse primeiro momento da cultura house em Portugal? O que se ofereceu aí de distinto ao mundo?

Portugal ofereceu uma visão única que não encontras em mais lado nenhum do mundo. Um som que influenciou artistas tão significantes como o Danny Tenaglia, que depois de visitar Portugal, em 1994, mudou o som de produção completamente, como pode ser verificado nas suas obras pós-1994. Por muitos anos, um segredo dos deuses que agora começou a ser descoberto pelo resto do mundo. Lisboa e Portugal são agora um destino tanto para visitar como para viver.

Referiste que a exposição vai depois ficar permanentemente depositada em Berlim? Em que contexto?

Como me foi explicado pela Red Galery, vai existir em Berlim (ou já existe) um museu de cultura da música de dança onde estão a ficar estas exposições como formato de arquivo vivo e permanente para próximas gerações estudarem esta altura da cultura da música de dança na Europa, que esta tão pouco documentada. Portugal vai ser uma das partes integrantes deste museu. O museu em Berlim está a ser dirigido pelo antigo dono do famoso club Tresor na Alemanha.

Não faria sentido esta exposição ser mostrada também em Portugal?

Claro que sim e estamos abertos a levar a exposição a Portugal. Como digo, esta fase inicial é um calling out para as pessoas partilharem o que têm nos baús. A segunda fase vai ser de alerta e divulgação da exposição com intenções de se possível levá-la a Portugal.

O que andas a fazer? Estas neste momento no ADE, certo? Que podemos esperar do teu lado nos próximos tempos?

Neste momento estou no ADE, em Amesterdão, mas, quando regressar a Londres, vou estar a filmar o vídeo para o meu último single, “Calling You“, com a Zoey Jones. Para além disso, tenho um programa semanal de 2 horas na Soho Radio aqui em Londres. Desde o início do ano, a minha editora foi reactivada com um fluxo de releases quinzenais com artistas novos e vários pseudónimos meus.

 


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