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Publicado a: 31/05/2016

Regula: “Eu tenho que sentir que os beats têm uma cena americanizada”

Publicado a: 31/05/2016

[TEXTO] Rui Miguel Abreu/Hugo Rocha Pereira* [FOTOS] Direitos Reservados

Regula tem vindo a construir uma carreira de forma bastante sustentada e é difícil não estar atento ao que ele tem avançado nestes anos: há quem lhe elogie o trabalho bem feito com álbuns como Gancho e Casca Grossa, mas também quem não hesite em chamar-lhe “vendido” um sem número de vezes nos comentários do Youtube. Os concertos de Norte a Sul do país são hoje uma constante na vida do MC do Catujal e as suas actuações têm elementos que o tornam um artista à parte ao vivo, sendo por exemplo acompanhado por banda, algo ainda incomum no hip hop português. Casca Grossa foi mesmo um dos álbuns mais ouvidos em 2015 pela redacção do ReB e mereceu crítica de Inês Coutinho

O concerto que se prepara para assinar na edição deste ano do Sumol Summer Fest, evento que tem lugar na Ericeira a 24 e 25 de Junho, foi o pretexto para estarmos à conversa com Regula e falar sobre o seu percurso, a vontade de se estrear na representação ou a emancipação de companheiros de longa data como Here’s Johnny e Holly Hood.

 

O Casca Grossa já tem um ano em cima. Que balanço fazes desse ano de vida do teu trabalho mais recente?

Cada vez mais grato, não tenho nada a apontar em termos de queixas, a única coisa que posso dizer é que estou muito grato a toda a gente que me tem ajudado, seja que maneira for: a comprar CDs, nas redes sociais, a ir aos concertos ou com visualizações no YouTube, seja como for. Estou super grato, super contente, sinto que tenho uma estrelinha. É esse balanço que posso fazer, tive um ano sempre a tocar, um ano muito forte com o Casca Grossa, ainda continuo a ter concertos com esse projecto. Não me posso mesmo queixar!

É o teu trabalho que tem tido melhor feedback?

O Gancho e o Casca Grossa, os dois últimos. O Gancho foi o que me deu mais exposição e o Casca Grossa manteve. São os trabalhos que me têm dado isto tudo, claro que vem tudo do princípio mas estes últimos projectos foram a explosão.

Tens vindo a encarnar personagens cada vez mais ambiciosos nos teus vídeos: isso já teve alguma consequência? Algum convite para televisão ou cinema?

Adorava! Esse é o meu objectivo, ainda bem que me estás a fazer essa pergunta, é a primeira vez que me perguntam isso. Esse é o meu objectivo. Não era entrar nas novelas como é óbvio, mas esse era o meu objectivo, eu até acho que tenho algum jeito. Preciso de mais conhecimento e de mais aprendizagem em relação à representação, mas esse era o meu objectivo.

 



 

O teu objetivo seria, além da música, poder também representar no cinema ou na televisão…

No cinema.

E tens, mais concretamente, algum tipo de filmes ou personagens que gostasses de encarnar?

Epá, não, qualquer um, até gostava de me pôr à prova. Não é preciso só fazer de bom, podia fazer de mau, fazer de drogado. É claro que ia haver limites, mas ya.

Então, ainda não houve consequências dos vídeos, mas gostavas que acontecesse…?

Gostava que acontecesse, claro que tinha de ser um projecto do meu agrado, não é só “tens aqui um convite”, tem que ser uma coisa com que eu me identifique, a história tem que ter alguma coisa com que eu me identifique, seja drama ou seja uma comédia, não precisa de ser só acção.

 



 

Já deves, certamente, andar a cozinhar novidades: quais são os planos para música nova para os próximos tempos?

O meu projecto novo sairá em 2017, no máximo em Março de 2017. Não posso revelar titulo, nem nada, a não ser que já tenho musicas gravadas.

A aventura 5:30 vai ter continuação? Ou ficou-se por ali?

Está um bocado complicado, não sei responder a isso porque cada elemento tem os seus projectos também, depois torna-se difícil estarmos ali todos juntos, todos disponíveis para fazer acontecer aquilo. Basicamente, não te consigo responder ao certo. O objectivo era dar um impulso ao Carlão e metê-lo de volta a rimar, que ele tinha-nos dito que nunca mais ia rimar na vida. E eu, sendo fã dele desde criança, sendo ele uma das razões para começar a fazer rap em português, foi por isso que eu comecei a fazer rap e a escrever… o objetivo era mesmo dar aquela força ao Carlão. Conseguimos e ele ficou na ribalta outra vez e eu fiquei super contente.

Os produtores com que tens trabalhado, do Holly Hood ao Here’s Johnny, têm-se afirmado no nosso panorama com grande força. Como é que é o processo de escolha de um produtor? Como é que chegas até eles e como é que depois vais trabalhando com cada um?

Vou ser muito honesto. Eles (Holly Hood ao Here’s Johnny) cresceram comigo, são mais novos que eu, eu vi-os crescer, eles conhecem-me desde criança, somos de um bairro ao lado do outro, portanto trabalhar com eles é fácil. Agora, em relação a outros, eu tenho que sentir que os beats têm uma cena americanizada, porque eu só oiço rap americano e não posso fugir a isso. Se está cá dentro, não posso fugir a isso. Para ser honesto, é isso que eu procuro, que tenham uma linha deles, a sua própria linha em termos de produção, mas que me façam sentir alguma coisa americanizada.

 



 

Tens descoberto novos talentos na produção? Mandam-te muitos beats?

Sim, mandam me um série de beats, e eu escolho. Às vezes acontece, as pessoas têm que tentar, têm que mandar: podes mandar 40 e eu não gostar de nenhum, mas também podes mandar 3 e eu gostar de 2.

Como é que vão ser os teus próximos concertos? Há novidades em cima do palco?

É tentar criar momentos novos, uma vez que não tenho um projecto novo. É tentar criar momentos novos com os convidados que vou trazer. Vou trazer alguns convidados de que estão a espera e outros que não estão a espera, mas é surpresa. E este ano não tenho nada aqui para Lisboa, é o mais perto que eu vou ter por aqui.


 


*Esta entrevista só foi possível de obter graças à amável colaboração de Hugo Rocha Pereira da Azul Ericeira Mag.

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