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Publicado a: 24/01/2017

ProfJam: “Quis acrescentar um valor novo a essa presença nas escolas”

Publicado a: 24/01/2017

[FOTO] Direitos Reservados

O hip hop continua a disseminar a sua presença entre os mais novos e a estabelecer-se como género predominante nas playlists de YouTube e Spotify dessa camada etária. Em 2017, ProfJam decidiu não só actuar para esses jovens que olham para os rappers como novos ídolos, mas também quis dar um input diferente: sessões de boas práticas de sustentabilidade e estímulo ao empreendedorismo e associativismo destinadas a estudantes entre os 13 e os 17 anos.

O Rimas e Batidas esteve à conversa com o MC e produtor para saber mais sobre este novo projecto:

 


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Como é que surge esta parceira com a Moche e o Projecto 80?

Desde há uns tempos para cá que tenho recebido muitos pedidos para participar nas campanhas das listas para as AE, mas, com muita pena minha, nunca pude participar porque estava a estudar fora e a logística seria impossível. Este foi o primeiro ano que consegui finalmente participar, mas quis acrescentar um valor novo a essa presença nas escolas. Queria poder comunicar com eles num registo não apenas de entretenimento, mas também ter uma conversa sincera sobre a importância do trabalho e do planeamento do futuro aliando isso ao mundo digital. Lembro-me bem daquela fase da minha vida e de como as minhas prioridades estavam organizadas… Dessa ideia, surgiu uma proposta com a Moche e o Projecto 80 para fazer um roadshow por 36 escolas pelos 18 distritos do País e tem sido muito intenso e interessante.

Num tempo onde os artistas constroem carreiras com recursos digitais, o que é que achas que podes dar no workshop que poderá ajudá-los a ficarem melhor preparados?

O que eu estou a fazer é uma pequena palestra onde basicamente tento dar um empurrão e motivação aos jovens do ensino secundário a olharem para a Internet como algo que os pode ajudar imenso no futuro e no presente. As redes sociais e outras ferramentas da Internet permitem que hoje em dia façamos muita coisa e liguemos muitos pontos num projecto a partir do conforto de uma cadeira e uns touques no ecrã. A verdade é que, através de coisas como entrevistas, exposições ou tutoriais, é possível aprender a ritmos impressionantes e conhecer o mundo melhor antes de entrar na população activa. O sistema educativo fornece o indivíduo com o que é considerado essencial, a Internet consegue depois disso fornecer extras específicos a cada profissão/actividade. A ideia é a juventude conhecer melhor a arma que tem na mão e ajudá-los a apontá-la na direcção correcta.

O rap, como música predilecta dos jovens hoje em dia, pode ajudar a formar cidadãos. Achas que este workshop é mais um passo para a aceitação do hip hop em Portugal como um género “sério”? Daqui a uns anos podemos ter Sam The Kid, Valete, Chullage, entre outros, a serem reconhecidos como Jorge Palma, Sérgio Godinho ou Rui Veloso são?

Eu estou seguro que, para muita gente, Sam, Valete e Chullage já o são, não apenas para muitos jovens, mas para muitos adultos, onde eu me incluo, por exemplo. A verdade é que também é uma cultura relativamente recente e é preciso tempo para que um público maior reconheça essa tal seriedade que te referes. O rap é uma bandeira que eu carrego comigo e espero portanto ajudar à sua boa imagem, mas também sei que, por ser um estilo que aborda certos temas mais explicitamente, como as drogas, o crime ou o sexo, vai ter existir sempre um certo cuidado ao trazê-lo para o mainstream. Não considero isso uma descriminação nem uma desconsideração pelos artistas, acho que é normal. Tal como nem todos os filmes são feitos para todo o público, o meu objectivo não é convencer que a minha/nossa arte é para todos. Mas acho que é um bom sinal, apesar do meu conteúdo lírico ser um pouco cru e explícito ,eu poder estar presente desta maneira em frente à juventude. Acho que é bom para eles verem que existe uma pessoa para além do meu projecto artístico que deseja o bem deles. Que o que me define não é apenas a minha postura enquanto rapper e entertainer, mas também as minhas ideias e acções enquanto pessoa individual e cidadão. E isto também é aplicável a pessoas ou entidades mais  da nossa cultura. E é como diz o grande Samuel Mira: “Existe a liberdade, mas quem se põe à parte? És tu ou a sociedade?”. Não basta queixarmo-nos de falta de aceitação quando muitas vezes não a procuramos. Como também não é válido os que antes criticavam a sociedade por não aceitar e não apoiar o hip-hop, hoje criticarem pelas razões contrárias.

 


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