pub
[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTO] Direitos Reservados
Kanye West, sobretudo o Yeezy torturado de 808’s and Heartbreak, álbum editado em 2008, teve fértil descendência de que The Weeknd é neste momento a face mais visível. Mas Abel Tesfaye é apenas o mais novo destes irmãos espirituais que cresceram na sombra do homem que poderá vir a ser presidente dos Estados Unidos em 2020.
[The Dream]
Se houvesse uma corrida para o trono de Kanye, poderia dizer-se que The-Dream, nome artístico de Terius Youngdell Nash, agora com 38 anos, teria sido o primeiro a partir. A sua carreira como cantor de R&B e produtor altamente requisitado arrancou em 2007, ano em que Kanye editou o seu terceiro álbum, Graduation, mas foi apenas em 2009 que editou o seu principal opus, Love Vs Money. Nesse trabalho, a marca do Kanye de 808’s… era já bem visível e o disco continha até uma participação do rapper no tema “Walkin’ on The Moon”. A experiência há-de ter sido frutuosa porque The-Dream declarou que gostaria de fazer um álbum inteiro com Kanye. O cantor prepara-se para editar Crown Jewel ainda este ano.
[Drake]
Quando Drake, 29 anos, lançou a primeira mixtape, Room for Improvement, Kanye já levava dois álbuns no activo. Em 2009, ainda antes do seu primeiro álbum oficial, Thank Me Later, lançado apenas no ano seguinte, Drake colaborou com Kanye, Lil Wayne e Eminem num tema para a banda sonora de More Than a Game, documentário sobre o grande jogador de basquete Lebron James. A carreira de Drake tem vindo a crescer desde então e o rapper canadiano até já colaborou com The-Dream e The Weeknd, claro, que é presença generosa em Take Care (2011). O seu mais recente registo é What a Time to Be Alive, editado há apenas algumas semanas, mixtape colaborativa com Future que é já o seu segundo trabalho nesse formato lançado este ano. Os fãs não se podem propriamente queixar da demora na edição de Views From The 6, que deverá ser o próximo álbum “a sério” daquele que é um dos rostos da Apple Music.
[Miguel]
Embora nunca tenha colaborado directamente com Kanye West, Miguel Jontel Pimentel, 30 anos, já se cruzou várias vezes com o rapper em faixas de gente como Fat Joe ou French Montana. E Kanye é, claro, uma confessada influência. O talento de Miguel manifestou-se cedo e o seu primeiro contrato foi assinado quando tinha apenas 15 anos, facto que impediu que a sua assinatura com a Jive tivesse rendido material mais cedo. Mas a sua carreira arrancou de facto com All I Want is You, lançado na recta final de 2010. Mas foi com Kaleidoscope Dream, de 2012, que o seu nome se impôs definitivamente e a crítica apontou ligações a The Weeknd e a Frank Ocean por Miguel ser capaz de expor fragilidades e emoções mais fundas, a porta que Kanye escancarou com 808’s…. Já este ano, Miguel lançou Wildheart.
[Frank Ocean]
A voz de Frank Ocean, 28 anos, é a primeira a ouvir-se em “No Church In the Wild”, tema de abertura de Watch The Throne, álbum colaborativo de Kanye West e Jay-Z editado em 2011. The-Dream também participa nesse tema, embora não seja creditado. Ocean surge igualmente em “Made In America”, outro dos temas centrais de Watch The Throne, uma proeza se considerarmos que o cantor afiliado com a Odd Future de Tyler The Creator tinha até então apenas lançado uma mixtape gratuita de título nostalgia, ULTRA, embora a sua carreira já contasse alguns anos. O cantor editou ainda channel ORANGE em 2012, álbum que sucedeu ao anúncio público da sua homossexualidade. Frank Ocean encontra-se a trabalhar num novo álbum, supostamente entitulado Boys Don’t Cry, que deverá ter influências de Beach Boys e Beatles.
[Future]
Drake tem sido uma presença constante na carreira de Future, rapper de Atlanta com 32 anos. O artista canadiano participou nos três álbuns oficiais de Future – Pluto (2012), Honest (2014) e DS2 (lançado já este ano). Isto, claro, além de terem lançado juntos, a 20 de setembro último, o álbum colaborativo What a Time to Be Alive. Há igualmente na sua carreira ligações directas a Kanye, que aparece como convidado em “I Won”, tema do segundo álbum de Future. Ligações que atestam a sua força no mapa hip hop contemporâneo onde firmou a presença graças a uma visão artística singular.
Artigo originalmente publicado no número 113 da revista Blitz.
pub