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O Record Store Day

Autor: Bernardo Marques (Mr. Mute)

O Record Store Day (RSD) foi concebido em 2007, fruto de um encontro entre diversos donos de editoras independentes, no que se pretendia que fosse uma celebração anual – que ocorre sempre no terceiro Sábado de Abril – entre músicos e os seus ouvintes, funcionários de lojas de discos e respectivos clientes e uma oportunidade para lançar edições limitadas de discos de vinil e CDs e/ou reedições.

A primeira edição, em 2008, teve como “embaixadores” oficiais os Metallica e desde então tem havido uma míriade de lançamentos interessantes de diversos quadrantes musicais, bem como outros artigos de memorabilia e, até, um documentário de Paolo Campana intitulado Vinylmania (que recomendo vivamente) lançado em 2012.

Fast-forward para 2015 e temos um crescente número de vozes a criticarem a iniciativa. Porque as grandes editoras aproveitam o RSD para lançar músicas exclusivas – e caras! – fazendo com que o consumidor tenha, no fundo, menos hipótese de adquirir tudo o que desejaria. Porque o espírito fundador da iniciativa está agora desvirtuado – já não se trata de enaltecer o trabalho e esforço de pequenas editoras e lojas que mesmo quando o vinil não estava na moda não desistiram nem fecharam as portas. Porque é um ritual que já não nos pertence, a nós os colecionadores, os vinyl-addicts, os diggers, porque se massificou.
Não podia, contudo, estar mais em desacordo.

É certo que eu não preciso de um RSD para celebrar a existência de uma loja e de pessoas que se dedicam a editar todo o tipo de músicas no meu formato favorito. Visito lojas de discos durante o ano inteiro e sempre que viajo. Não preciso de edições ultra-limitadas dedicadas a um dia específico – prefiro comprar edições que a experiência já me ensinou que, anos mais tarde, serão consideradas raras, deliciosamente descritas em inglês como hard-to-find. O RSD não me é dedicado mas sim àqueles que não têm o hábito de comprar música, àqueles que não põem os pés em lojas de discos. E se um dia como o RSD consegue levar essas mesmas pessoas às lojas então o propósito do RSD está cumprido inteiramente. Tudo o que leve ao incentivo de compra de música física tem o meu apoio incondicional.

Sabemos que com o fenómeno RSD também houve uma especulação incrível dos preços dos lançamentos desse dia (há até quem se dedique a comprar o maior número de artigos possível para horas depois vender pelo triplo do preço no eBay ou Discogs) mas não sejamos ingénuos: vivemos numa sociedade que mais tarde ou mais cedo tudo massifica e, com isso, especula. Não são as editoras grandes que desvirtuam o espírito original da coisa mas sim o consumidor e a sua gana.

Edições limitadas/especiais/únicas há todos os dias do ano. Basta procurar, ler, estar informado e exercitar o faro para a coisa.

Viva o Record Store Dayeveryday!

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