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Publicado a: 04/08/2017

MGDRV e ProfJam no MEO Sudoeste: Contar uma história com o bass como pano de fundo

Publicado a: 04/08/2017

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTOS] Daniela K. Monteiro

Two Door Cinema Club e DJ Snake? Não, MGDRV e ProfJam. Os choques nos horários dos festivais são norma e, naturalmente, escolhas têm de ser feitas. Neste caso, a prioridade foi para o hip hop nacional e para dois nomes que representam as abordagens mais elásticas e criativas aos instrumentais recheados de graves e sub-graves.

Primeiro, a paragem aconteceu no palco LG para assistir à actuação de Yo Cliché, Pité e Apache. A tripla levou DRAIVE na bagagem e mostrou uma mão-cheia de argumentos para conquistar um público que poderia muito bem ser deles, mas que – por culpa própria ou não, é difícil de entender – ainda não conseguiram realmente conquistar inequivocamente para a sua missão musical. Assim, esteve-se longe da pequena multidão que assistiu ao concerto de Plutónio no mesmo local, mas com uma frontline que vibrou em cada segundo.

 


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O alinhamento teve como base o álbum de estreia editado este ano e “Fazer um Hit” inaugurou o alinhamento, tal como acontece no disco. O sistema de som do MEO Sudoeste sobreviveu às produções excepcionais do arquitecto sónico – que esteve bem protegido por um estrutura que se parecia com uma pirâmide inclinada para a frente – do trio, uma óptima oportunidade para ouvir “Modo Avião”, “People à Rasca” ou “Baile” com o volume no “vermelho”.

Numa viagem que contou apenas com um convidado, Enoque, o melhor acabou por ser o regresso ao passado, mais concretamente a 2014. “Ideia Original” sofreu uma alteração no instrumental e transformou-se numa pérola grime – queremos uma versão de estúdio rapidamente! – e “O que é que aconteceu” ainda soa tão fresco como quando os MGDRV escancararam as portas do rap nacional para outros universos que ainda nem sequer estavam perto de ser pisados.

“Tu Não Tens” e “Salta Só” fecharam o concerto do trio. Qualidades não lhes faltam e bangers também não. Olhando de fora, parece que falta uma certa ingenuidade a criar – existem temas que claramente estão formatados para soar a certa coisa –  que é possível encontrar no EP – que na altura não “bateu” porque Portugal ainda estava numa era boom bap.

 


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Passadas algumas horas, o local mais afastado do palco principal recebeu ProfJam, uma espécie de xamã de uma nova geração que encontra o trap como catarse para os seus versos.

Mike El Nite, DJ de serviço, deu o pontapé de saída e, depois de um vídeo que mais parecia um trailer de um filme ou série, o líder da Think Music tomou conta do palco, apresentando uma série de temas de Mixtakes, a mixtape lançada em 2016. Depois de “Além” e “4 Elementos”, Mário Cotrim deixou passar uma cena de The Dark Knight Rises, terceiro filme da trilogia de Christopher Nolan, antes de interpretar “Bane”. Entrada com fulgor de um dos mais talentosos MCs do rap nacional. 

“Quero homenagear um amigo que já não está entre nós. O nome dele era Pedro Durão e esteve comigo no MEO Sudoeste no ano passado”, contou, visivelmente emocionado, ProfJam. Para honrar a sua memória, “Big Poppa”, tema original de Notorious B.I.G., soou nas colunas do festival. Parafraseando o rapper, a subida não é feita sem alguns percalços e a vida é curta demais para não nos divertirmos enquanto cá estamos. Não poderíamos estar mais de acordo.

 


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Dedicada às mulheres no público, “Viciada” é lascívia pura com um instrumental repescado a Jeremih. E que dedicação a acompanhar ProfJam, meninas.

Em gigs diferentes do “prof dos putos da nova gen”, já assistimos às alterações a meio do alinhamento, levando-nos para caminhos pesados e repletos de bass. “Gyalchester” de Drake fez a ponte para “Mambo Nº1”, e vocês já sabem o que aconteceu a seguir…

Um dos momentos surpreendentes da noite foi a chamada de um convidado especial a palco. Completamente equipado à Barcelona, 9 Miller trouxe “Filho da Guida” e colocou a audiência ao rubro com uma das faixas que mais visualizações angariou este ano.

A partir daí, “Mortalhas”, “Matar o Game” e “Xamã” puseram todos em sentido, demonstrando claramente que existe uma inclinação maior, pelo menos da parte do público presente, para a “nova” fase de ProfJam. O último tema contou com chamas – que fez todo o sentido se ouvirmos a letra – e encerrou um espectáculo sólido que provou, mais uma vez, que Mário Cotrim é caso sério no hip hop nacional. Esperem pelos próximos episódios…

 


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