[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTOS] Daniela K. Monteiro
Pedia-se algo diferente para o último dia desta edição de MEO Sudoeste e foi exactamente isso que se obteve. Os Jamiroquai responderam ao chamamento e celebraram o funk, principalmente, mas, na verdade, o que se sente aqui é uma celebração da música em todo o seu esplendor.
O que aconteceu durante a actuação da banda britânica poderá ter sido mais importante do que parece: uma aula de história que cita o funk, o jazz, o disco e o rock. Se o público era maioritariamente mais velho, a verdade é que alguns dos jovens que marcaram presença no festival não deixaram de comparecer e ajudaram a criar uma bonita moldura humana.
Lascivo sem soar foleiro, funky as hell, Jay Kay, homem com capacete alienígena, é, para mal dos nossos pecados, um dos últimos vocalistas com alguma identidade. Automaton não é o melhor dos discos da banda, mas isso interessa pouco quando revisitamos “Space Cowboy”, “Love Foolosophy” ou “Cosmic Girl”, faixas que mantêm a mesma vitalidade que tinham quando foram lançadas.
Depois de uma falha num intervalo entre canções, Jay Kay justificou-se com a velhice. No entanto, essa maturidade é o que permite que continue num nível altíssimo e assustadoramente próximo das versões de estúdio.
No meio disto tudo, “Virtual Insanity” ainda é um malhão. É impossível entrar no bounce da faixa e não ir até ao fim. Baixista e baterista em comunhão a proporcionar a base para a festa e nós, inocentes, claro, a deixar-nos levar sem amarras. Na linha da frente, o frontman conduz com mestria e veterania.
O encore acontece com “Supersonic”, uma nova viagem ao passado. A banda já anda nisto há demasiado tempo para falhar e o concerto em Portugal não foi excepção à regra. No fim, valeu-nos o funk.