O novo álbum de Chance The Rapper, apesar do artwork se manter o que foi revelado há um par de semanas, tem afinal por título Coloring Book e acaba de ser lançado através da Apple Music.
O alinhamento de Coloring Book é, compreensivelmente ambicioso tendo em conta o crescente impacto que a carreira de Chance tem vindo a registar:
1. “All We Got” featuring Kanye West & Chicago Children’s Choir
2. “No Problem” featuring Little Wayne & 2 Chainz
3. “Summer Friends” featuring Jeremih & Francis & The Lights
4. “D.R.A.M. Sings Special”
5. “Blessings”
6. “Same Drugs”
7. “Mixtape” featuring Young Thug & Lil Yachty
8. “Angels” featuring Saba
9. “Juke Jam” featuring Justin Bieber & Towkio
10. “All Night” featuring Knox Fortune
11. “How Great” featuring Jay Electronica & My cousin Nicole
12. “Smoke Break” featuring Future
13. “Finish Line / Drown” featuring T-Pain, Kirk Franklin, Eryn Allen Kane & Noname
14. “Blessings”
Kanye West, Lil Wayne e 2Chainz, Jeremih, Young Thug, Justin Bieber, Knox Fortune, Jay Electronica, Future, T-Pain… Chance insiste em referir-se aos trabalhos que vai lançando como mixtapes, insiste também na sua distribuição gratuita (usando, uma vez mais, a Apple Music, que, para já, disponibiliza o álbum para streaming) e até está na base de uma petição que pretende tornar estes trabalhos elegíveis para os Grammys. Mas a verdade é que com um tal cast de convidados é impossível não atentar na seriedade do seu trabalho e na sua ambição artística.
Chance, aliás, teve hipótese de falar aprofundamente no seu posicionamento artístico face ao mundo num recente e muito interessante artigo de capa para a revista Complex.
Algumas das ideias que Chance The Rapper partilhou durante a entrevista com a Complex ao lado de Lin-Manuel Miranda.
[Agarrar as oportunidades]
Definitivamente penso que estou numa corrida para escrever tudo o que me for possível, como o Alexander (Hamilton). É exactamente como o Eminem em 8 Mile: só se tem uma oportunidade. Fomos levados a acreditar que a música é um campo em que somos descobertos e passamos a vida a tentar que isso aconteça. Por isso a minha “oportunidade” é falar de uma série de oportunidades. Quando se é um rapper, olha-se para cada oportunidade como aquela que tem que se agarrar.
[O legado]
O meu pai sempre me disse que o meu legado seriam os meus filhos. E eu penso que a coisa mais importante acerca do acto criativo é a forma como a música acaba por interagir com as pessoas, e o tempo em que é lançada, e os tempos que a acompanharão depois de desaparecermos e como terá impacto no mundo.
[Kanye West…]
Não há, na verdade, uma responsabilidade de falar às pessoas nas nossas conquistas, mas penso que no lugar de Kanye… É o Kanye West. Se eu fosse um dos maiores artistas desta geração, e das últimas gerações e de algumas gerações que ainda estão para chegar eu provavelmente diria o mesmo o tempo todo, especialmente sendo negro e tendo toda a gente contra mim. Eu estaria sempre assim: “deixem-me cá relembrar toda a gente o tempo todo”.
[Coloring Book vs. Surf]
Sim. Este novo material é muito melhor do que Surf. E não me importo que isso fique registado. Donnie (Trumpet) é incrível, mas isto somos todos nós a focar os nossos esforços para uma cena muito hip hop e muito dançável e isso sabe bem. estou muito excitado com o novo álbum.
[Hamilton]
Tão fixe. Adoro a peça. Não sei se já o disse. Adoro-a. O aspecto musical, a encenação é incrível. Lin arranjou-me bilhetes para eu a ir ver porque já se sabe que é impossível conseguir bilhetes. E eu fui ver e sentei-me ao lado de Quentin Tarantino.
Chance The Rapper lançou Surf em 2015 e por aqui já tínhamos identificado a forte influência que a Broadway surtia sobre a sua música. Depois assinou um memorável concerto no Ericeira Summer Fest, mostrando que é um artista tão forte em palco como em estúdio. Agora finca os pés no presente com um novo e ambicioso projecto, Coloring Book, que em breve merecerá atenção crítica aqui no Rimas e Batidas.
https://www.youtube.com/watch?v=uZyt5dSNcFo