pub

Publicado a: 07/11/2017

Holly: “Estar na China é uma experiência esmagadora”

Publicado a: 07/11/2017

[FOTO] Direitos Reservados

O DJ português mais internacional do momento? Holly, sem dúvida. O produtor das Caldas da Rainha deu a volta ao mundo em 2017, mas a viagem está longe de acabar. Em Novembro e Dezembro, Miguel Oliveira actuará na China, República Checa, Índia, Japão e Estados Unidos da América. Impressionante? Só para quem não acompanha o seu percurso.

No meio da sua primeira tour mundial – em baixo podem ver o cartaz cartaz completo – , Holly toca nas Caldas da Rainha e em Lisboa, um regresso à sua “primeira e segunda casa”. Depois da actuação em Groningen, Holanda, o Rimas e Batidas esteve à conversa com o artista e falou sobre os próximos meses, a produção do último single lançado por Slow J ou o EP colaborativo com Landim:

 


holly-cartaz


Estás a ter um ano absolutamente incrível. A tua próxima data é Beijing que, curiosamente, é também o título do teu último EP lançado no SoundCloud. Também já actuaste lá este ano. Como é que é a tua relação com a cidade? Ansioso por lá voltar?

(Risos) Mesmo. Ainda não tinha pensado nisso. Por acaso dei esse título porque estava em Beijing em Julho e estava na deadline para dar um nome ao EP. Como sou muito espontâneo com a minha música, pensei logo em dar o nome do local onde me encontrava naquele momento, que por acaso vai ser o sítio onde vou tocar na próxima semana. Não sei bem explicar a minha relação com a cidade, por enquanto. Só estive lá uma vez para tocar e acabei por ficar uns dias na casa de um amigo, o que me deu a hipótese de explorar a cidade por uma semana, mais ou menos. Para quem vem de um país mais ocidental, estar na China é uma experiência esmagadora e que é difícil de digerir devido à quantidade de informação e de experiências fora da nossa zona conforto com que somos confrontados diariamente, seja em questões de comida, cultura, modo de estar ou música. Estou muito ansioso por voltar porque amo a Ásia e cada vez que vou lá sinto-me como se nascesse de novo porque tudo é diferente, como se viesses ao mundo novamente. Também me sinto muito insignificante porque toda a gente se fecha bastante em si própria e preocupa-se apenas com o seu mundo. Chegar ali faz-te mesmo questionar as tuas origens e consegues entender o quanto ainda há por ver, fazer e viver neste mundo.

Vais-te estrear em Tóquio em Dezembro. Como é que surgiu o convite para ir lá tocar?

Ah, sim, eu tenho feito algumas coisas com o DJ Kentaro, que é do Japão. O irmão dele está lá a organizar uma festa em Dezembro e convidou-me para ir tocar com ele. Também os conheci pessoalmente quando foram os Goldie Awards, por isso acabámos por estabelecer uma boa relação na vida real.

É uma daquelas cidades que parece respirar criatividade e inovação. As tuas colaborações costumam acontecer pela Internet, pelo menos as internacionais. Existe a possibilidade de ires para estúdio com artistas japoneses durante a tua passagem por lá? Melhor: era algo que gostarias que acontecesse?

Sim, como já disse tenho feito cenas com pessoal do Japão, não só com o DJ Kentaro, mas também o DJ Yuto, Masayoshi Iimori, EGL. Lancei um EP no início do ano pela Trekkie Trax, que é um colectivo/editora Japonesa, por isso colaborações com artistas japoneses é algo que já posso riscar na minha lista de things to do, mas gostava de experimentar trabalhar com pessoal noutras áreas artísticas sem ser a música – o cinema japonês, design, videojogos, entre outros. São coisas que me cativam e fascinam imenso e gostava de poder fazer sound design para essas vertentes, por exemplo. A cena de “ir para estúdio” é algo que faço muito raramente, só mais com rappers ou assim porque, sinceramente, sinto-me por vezes melhor no meu canto a trabalhar apenas com os meus pensamentos sem ter alguém a observar pormenorizadamente o que estou a fazer.

 



Venceste os Goldie Awards em Setembro. Na altura, falámos contigo e dizias que era “só mais uma experiência“. Como é que tem sido o pós-Goldie Awards? Existiram mais convites para colaborações e concertos?

É muito bonito ter vencido o Goldie Awards e tal, mas sinceramente só me fez abrir mais os olhos ao quão insignificante é o teu trabalho hoje em dia. Sem querer desrespeitar este prémio, mas num dia estás a ganhar uma coisa e toda a gente gosta de dar aquela palavrinha de parabéns e tal, e no dia a seguir ninguém quer saber de ti, não significas nada porque há mais 1001 gajos no mundo inteiro a ganhar coisas e a superar o que fizeste ontem. Eu também detesto estar a prestar atenção ao que já fiz. Se quero atingir a jornada artística que ambiciono na minha vida, não há tempo para pensar em coisas passadas e só tenho que concentrar a minha energia no hoje e amanhã e trabalhar 100 vezes mais do que o que trabalhei ontem. E tu nunca sabes porque é que alguém te chama para tocar ou quer trabalhar contigo, por isso não sei a que ponto este troféu ajudou com isso nem me interessa muito saber (risos). Move to the next thing.

Queria ficar por Setembro e falar sobre a tua colaboração com o Slow J. Conta-me como é que acabaram a trabalhar juntos.

Quem me dera que todos os rappers fossem como o Slow J (risos), porque sinceramente fizemos aquela faixa numa semana. Tinha-lhe mandado os beats numa sexta-feira e, na sexta-feira seguinte, ele já tinha uma demo do som. Na segunda-feira a seguir gravou o clip e na terça-feira lançou tudo. Acho que também o apanhei numa altura em que ele estava numa vibe fixe para escrever. Eu revejo-me muito na pessoa que o Slow J é e, embora nos conheçamos há uns 2 anos, talvez, só nos últimos tempos é que começámos a falar e a dar mais e surgiu tudo muito organicamente. Tinha alguns instrumentais que pensava que ele ia curtir, enviei e surgiu tudo assim sem forçar nada. É também brutal quando conheces alguém que admiras a um nível mais pessoal, o que tem acontecido com o J.

E o EP com o Landim? O processo está avançado ou ainda vamos ter que esperar para ouvir o vosso trabalho colaborativo?

Ya, o EP com o Landim está basicamente acabado. Mais cedo do que se espera estará aí fora.

Já actuaste para todos os tipos de público e nos mais diferentes países. Em Novembro, tocas em Lisboa e Caldas da Rainha. Como é que é voltar a “casa” no meio de tantas datas internacionais?

É fixe. Caldas é a minha primeira casa e Lisboa é como se fosse a segunda. Curto bué tocar cá nas Caldas porque é sempre um pretexto para ver alguns dos meus melhores amigos que não vejo há bué. Ir para uma festa e passar um bom bocado com eles é o melhor cachet que poderia ter numa actuação. O mesmo se aplica a Lisboa, embora sinta que em Lisboa as coisas são um bocado mais frias, não sei.

Imagino que actuar na Índia seja diferente de actuar Portugal, tal como actuar na República Checa ou no Japão. O teu mindset é sempre o mesmo? Existe alguma diferença crucial nos teus sets, de sítio para sítio?

Não, estou-me a cagar. Vou lá fazer a minha cena, passar o que gosto de ouvir e o que faço no meu caminho. O que importa é eu estar a curtir o que estou ali a fazer no momento. Quem se identificar que se identifique, quem não sentir, até um dia.

Fechas 2017 a actuar nos Estados Unidos da América. É a cereja no topo do bolo?

Cereja no topo do bolo é acabar o ano a saber que quem está à minha volta está saudável e que estão todos a fazer a vida que sonharam.

 


pub

Últimos da categoria: Avanços

RBTV

Últimos artigos