pub
[Texto] Rui Miguel Abreu [Foto] Direitos reservados
Para os mais curiosos sobre as origens do hip-hop exploradas no artigo sobre a compilação Big Apple Rappin’ deixamos aqui cinco sugestões de livros que, de diversos ângulos, exploram as origens de um movimento que mudou a face do planeta.
Can’t Stop, Won’t Stop – A History of the Hip-Hop Generation de Jeff Chang (St Martin’s Press)
Há muitos livros que se escreveram procurando olhar o hip hop de fora para dentro, analisando os factores externos de ordem política, social e histórica que conduziram à edificação deste movimento. Jeff Chang, no espantoso Can’t stop, won’t stop, opta pela via directamente oposta, dedicando mais de 500 inteligentes páginas à análise do impacto que a prática hip hop teve na sociedade norte-americana. Chang, jornalista e divulgador desta cultura já há bastantes anos (nas páginas de ilustres publicações como a Vibe, Urb, Spin ou Village Voice), analisa a evolução do hip hop desde as suas raízes jamaicanas até aos agitados dias do início deste século, colocando política, sociedade, história e arte sob a perspectiva da cultura a que D.O.C. chamou Rhythmic American Poetry.
Yes Yes Y’All – Oral History of Hip-Hop’s First Decade de Jim Fricke e Charlie Ahearn (Da Capo)
Ahearn é, nada mais, nada menos, do que o realizador do mítico Wild Style, o primeiro e, garantem muitos, melhor filme de sempre sobre hip-hop. Para este livro a ideia é simples: dezenas de impressionantes documentos fotográficos e discurso directo entregue aos protagonistas dos primeiros tempos desta cultura: Afrika Bambaataa, Grandmaster Flash, DJ Kool Herc, Melle Mel, Grand Wizard Theodore, Grandmaster Caz, Rahiem, Fab 5 Freddy, Tony Tone ou DMC são todos convocados para rebuscarem nas memórias os sinais de formação de uma cultura que cresceu muito para lá dos mais delirantes desejos de cada um desses pioneiros. As fotos, os flyers e os posters de míticas festas incluídos ajudam igualmente a conferir a este livro o ar de crucial documento parea o entendimento do período formativo de uma nova cultura.
Rap Attack 3: African Rap to Global Hip Hop
de David Toop (Serpent’s Tail)
Este é um livro curioso pois já vai no seu terceiro acto. Publicado pela primeira vez em 84 e revisto e aumentado sete anos depois, Rap Attack foi alvo de mais expansões em 2000, data desta terceira edição. Essa evolução no tempo permitiu a David Toop, importante crítico e escritor com vasta obra publicada há anos ligado à revista Wire, corrigir informações e tornar esta análise clássica do nascimento do hip-hop ainda mais pertinente.
The New Beats: Exploring the Music, Culture and Attitudes of Hip Hop de S.H. Fernando Jr. (Payback Press)
Fernando Jr é um verdadeiro militante da causa hip-hop e durante anos foi o homem do leme da muito interessante editora de Brooklyn Wordsound que se dedicou – e continua a dedicar… – a explorar os cruzamentos possíveis entre hip-hop e reggae (e para onde Bill Laswell ou Prince Paul gravaram). Neste livro, que é uma tese de fim de curso universitário, S.H. Fernando Jr adopta a perspectiva parcial de um fã da cultura complementada com uma análise política declaradamente de esquerda.
Ego Trip’s Book of Rap Lists de Chairman Mao e Brent Rollins, entre outros (St Martin’s Griffin)
Inteligentíssimo e muito divertido livro que olha o hip-hop através de algumas centenas de curiosas listas que acabam por ser um óbvio comentário a esta cultura. Exemplos: “12 Canções Que Slick Rick Gostaria De Ter Escrito”, “16 Memoráveis Momentos Misóginos da Música Rap” ou “20 Canções Que Jurarias Terem Sido Feitas Por Outra Pessoa”. Através dessas listas e sobretudo depois de descodificado o sentido de humor na sua base começa-se a desenhar uma imagem desta cultura e do impacto que teve nas várias gerações que entretanto foram surgindo.
pub