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Publicado a: 25/10/2017

Havoc no Jameson Urban Routes: Existem histórias que são universais

Publicado a: 25/10/2017

[TEXTO] Ricardo Farinha [FOTOS] Ana Viotti

Pela quarta vez na história, Havoc apanhou um avião para actuar em Portugal – mas foi a primeira desde que o irmão de rimas e beats, Prodigy, nos deixou a todos. Ficámos inevitavelmente órfãos daquele que continua a ser uma metade essencial dos Mobb Deep, essa instituição do rap nova-iorquino dos anos 90, cru e gangsta – mesmo que não romantizassem a violência e o crime como os seus pares na Costa Oeste.

Havoc continua, porém, a içar alto, e bem, a bandeira dos Infamous de Queensbridge – e trouxe Big Noyd e DJ L.E.S. para o ajudarem nessa missão honrosa e permanente que é celebrar a vida e carreira de Prodigy, que tanto se confundem com a sua.

 


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No Musicbox, na noite de estreia da décima primeira edição das Jameson Urban Routes, só houve festa – e nenhum triste cortejo fúnebre a chorar pelo passado, não seria isso que alguém quereria.

Nem mesmo os maiores clássicos do grupo, os sombrios “Survival of the Fittest” e “Shook Ones Pt. 2” (que abriram e fecharam o concerto de Havoc, respectivamente), sobre as difíceis vivências na Nova Iorque que os deixava “deprimidos” e que era “parecida com o Vietname” deixaram de servir esse propósito. Afinal, “there’s no party like a Mobb Deep party”.

Houve um autêntico desfile de clássicos boom bap, “real hip hop”, como se exclamou do palco. Algumas das rimas do malogrado Prodigy foram interpretadas por todos, noutras fez-se silêncio para admirar e prestar tributo à perícia lírica do rapper.

 


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Ainda assim, a actuação parece não ter batido de todo a intensidade intimista do concerto de 2015 no Santiago Alquimista – talvez o público também não estivesse com a mesma fome de ver Mobb Deep, ou a metade Havoc, ao vivo. Os MCs trataram de colocar os braços e as mãos da sala no ar, assim como as letras dos maiores êxitos nas pontas das línguas. A sala, e convém enfatizar que se tratava de uma terça-feira à noite, esgotou.

O concerto animado e dinâmico, com passagens curtas entre faixas, muitas vezes divididas por samples de sirenes ou armas a serem disparadas, durou pouco mais de uma hora e o som não estava incrível. Mas isso não impediu que dezenas de fãs devotos, muitos jovens, sim, mas também muita gente na faixa etária dos 30 – os adolescentes dos anos 90 – , tornassem sua a celebração e cantassem os hinos que também são seus. No final da noite, não vão apanhar um comboio para Queensbridge, mas, e como diria Allen Halloween, há histórias universais que podem ser traduzidas “do meu bairro, no teu bairro ou de um bairro por aí”. O legado dos Mobb Deep está garantido. Fica a pergunta: e o futuro?

 


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