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Publicado a: 12/06/2015

Golden Mist: electrónica underground de Lisboa para o mundo

Publicado a: 12/06/2015

 

[TEXTO + FOTO] Ricardo Miguel Vieira [ENTREVISTA] Rui Miguel Abreu

 

Manhã de Domingo algures em finais de Maio. Lisboa prepara-se para mais um dia de sôfrego calor e muito estrangeiro a calcorrear a calçada das suas ruelas e miradouros. Estamos na Voz do Operário e, a espaços, vemos passar eléctricos, lotados, a subir e descer a rua que, no seu topo, mira o Tejo e a Margem Sul. Aguardamos pacientemente a chegada de Gonçalo Salgado (Lake Haze) e Diogo Lima (DJ Khabal), os rostos fundadores da lisboeta Golden Mist, editora nascida em 2013 numa mesma linhagem de novos albergues de EDM underground que têm dado selo e tecto a algumas das mais impressionantes produções de veia portuguesa dentro do techno e da electrónica – veja-se, por exemplo, a AVNL ou One Eyed JacksShcuro, Ana3, Marie Dior, Old Manual e RAP/RAP/RAP estão entre alguns dos artistas já representados pela névoa dourada.

É também uma editora cuja dispersão sonora aponta a universos urbanos distantes de Lisboa: Londres, Berlim, Austrália, Japão são alguns dos mercados privilegiados na recepção destas produções, reflectindo um outro vazão migratório de mentes criativas portugueses que partem em busca de outros poisos, outros ouvidos já preparados para receber as suas emissões de BPMs e transformações electrónicas. A Golden Mist procura, assim, espaço de audição onde este realmente existe.

E se Photonz, Violet e IVVVO se lançaram mesmo à exploração de universos underground já estabelecidos há décadas em Londres, Diogo Lima está de malas feitas para Berlim, porque é nestes centros europeus que reluz com mais intensidade as tonalidades estilísticas da cena techno e electro proveniente de Portugal. Citando Vítor Belanciano, num artigo publicado no Ípsilon em Janeiro, “uns por opção, outros pelas contingências ditadas pela crise económica, têm rumado a Londres e Berlim, embora paradoxalmente o interesse que suscitam tenha também a ver com o facto de serem do Porto ou Lisboa”. E nesta mesma declaração está agregada uma referência ao artigo System Focus: bridging the Lisbon’s underground escrito por Adam Harper para a revista The FADER aquando da sua passagem por Lisboa, reflexo desse interesse suscitado pela EDM de sangue português além-fronteiras.

Lá vêm Lake Haze e DJ Khabal a descer a rua, roupas escuras e andares distintos. Bem dispostos, levam-nos até ao ao bar Damas, cerca de uma centena de metros acima do edifício da Voz do Operário. É um pequeno espaço dividido em duas salas – um primeira que serve de restaurante e que tem vista para a rua; outra bem no interior, com um bar e um palco de madeira pronto para receber concertos. Por aqui nos sentámos a conversar com as duas mentes por detrás da Golden Mist e ficámos a perceber melhor o percurso da editora de amigos que se conheceram na internet e que fazem música de Portugal para o mundo, de dentro para fora.

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