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Publicado a: 22/07/2017

Gaslamp Killer no Milhões de Festa: Música é Deus e o produtor é o seu discípulo

Publicado a: 22/07/2017

[TEXTO] Rui Correia [FOTOS] Fausto Ferreira

O palco Milhões fechou elegantemente o segundo dia com uma contagiante performance em modo selector que soube (quase) sempre dominar as reacções do público. Com uma vibe jazz suave inicial, passando por Kendrick Lamar com “Alright” – que foi inesperadamente o artista de Los Angeles mais rodado (cerca de seis temas entre os últimos três discos do rapper), uma selecção que não se esperaria ouvir tanto no Milhões – , Death Grips e dois temas de Nirvana, tudo isto foi misturado com mestria num palco que pareceu, durante cerca de 1h45min, o seu avião, pronto a descolar para qualquer destino musical e geográfico.

 


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Da imprevisibilidade ao caos controlado, “I could do this all day”, GLK foi atiçando o público com a sua capacidade sobrenatural e expressiva de se movimentar instintivamente entre vários espaços ocupados na sua mente: influências da soul, rock (Slayer e, principalmente, Metallica valeram até um dedicado mosh e crowdsurf), trip hop (com “Machine Gun” de Portishead) trap, jungle, dubstep, remixes 8-bit (ao estilo jogo arcade). Tudo cai num espaço volátil coordenado ao sabor de ritmos que se conectam brilhantemente através de breaks manipulados pelos efeitos do seu controladores. Os skills nos pratos ou no tablet que manejou foram lançando ondas de energia para quem assistia.

I play music from all over the world, especially L.A. beats”. Este foi o mote certeiro que levou Gaslamp Killer a explorar território sírio em homenagem à sua avó e o psicadelismo turco em homenagem ao seu avô, visivelmente tocado por poder carregar o legado familiar e dar significado através do seu conhecimento musical. Continuando nessa viagem, dedicou a um dos produtores mais respeitados de sempre, J Dilla, uma cover tocada por um trio paquistanês, indo de seguida percorrer a costa oeste americana, partilhando artistas da “casa” e amigos como Flying Lotus (“Do The Astral Plane”), Thundercat (“Oh Sheit It’s X”) ou beats em nome próprio e exclusivos de artistas underground da nova fornada californiana. “I don’t give a fuck” lança-nos GLK com “ELEMENT.” do Kung Fu Kenny enquanto roda “In The Air Tonight” de Phil Collins (percebem o tal caos de que falávamos?) já numa ponta final que acaba frenética ao som do tema de Star Wars remixado, A$AP Rocky e Jimi Hendrix (se o deixassem, continuaria até de manhã com as suas constantes e tresloucadas passagens…).

 


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Music is God” confessa-nos GLK emocionado e de forma apaixonante. O músico foi capaz de nos mostrar como é possível fazer do DJing um processo pessoal e educativo, demolindo qualquer preconceito de género. E foi aí que entrámos maravilhosamente no objectivo do festival. Um final brilhante e uma lição gigante da capacidade infinita do digging. Saímos em sintonia, de alma renovada e de pratos limpos, a prova máxima de que GLK suou por ele e por nós todos.

 


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