pub

Publicado a: 14/07/2017

Future: da cave em Atlanta à montra da pop mundial

Publicado a: 14/07/2017

[FOTO] Direitos Reservados

Future é um homem com uma missão. A sua forte ambição e ética de trabalho têm apenas um propósito: fazer hits. Nascido em 1983 com o nome Nayvadius DeMun Wilburn, Atlanta foi a cidade que o viu crescer. Nas ruas, Future trocava o seu apelido verdadeiro por Cash, numa tentativa de despistar as autoridades enquanto movimentava material ilícito. A música é uma paixão que sempre esteve presente na sua vida, e embora a sua carreira comece apenas em 2009, Nayvadius passou grande parte do tempo a observar e a praticar. A oportunidade de ver de perto como se trabalha em estúdio vem do primo Rico Wade, membro fundador da equipa de produção Organized Noize que tem um estúdio numa cave em Atlanta, colectivo responsável pela sonoridade de grupos como os OutKast, Goodie Mob ou as TLC. Além de toda a experiência adquirida a observar de perto o trabalho em estúdio, Future destaca Wade enquanto um dos principais responsáveis pela sua ascensão. Foi o primo que lhe colocou o nome com o qual assina a sua música e foi também dele que o trapper recebeu os conselhos mais importantes que o viriam a ajudar a aperfeiçoar a sua técnica de escrita.

Mesmo antes de amadurecer, o talento de Nayvadius já chamava a atenção de alguns artistas. As suas primeiras mixtapes chegam apenas em 2010, mas 6 anos antes Ludacris já colocava o jovem Future à prova, quando o convidou para co-escrever “Blueberry Yum Yum”, tema do álbum The Red Light District. Após a edição de 1000, Kno Mercy e Dirty Sprite, foi YC quem deu a oportunidade ao MC para colaborar num tema seu. Além da ajuda na construção da letra para “Racks”, a faixa acabou por ser a estreia de Future a rimar num tema de outro artista.

 



Desde então que Nayvadius não sabe o que é estar parado. Embora tenha começado a ganhar fulgor a caminho dos 30 anos, Future soube aproveitar todo o tempo perdido com edições sucessivas de mixtapes e álbuns. O elevado ritmo a que se propôs trabalhar aliado à frescura da sua sonoridade fizeram com que as grandes editoras prestassem atenção ao fenómeno que nascia em Atlanta. Foi a Epic que o conseguiu “agarrar”, assinando com ele um contracto que visava a edição dos álbuns que viria a editar, ficando as mixtapes ao encargo da sua Freebandz.

Apesar de não ser nova a utilização do auto-tune no universo do hip hop, Future apoderou-se da técnica para dar suporte à sua voz em torno da ferramenta de manipulação de som. A forma com que desce e sobe as tonalidades das suas linhas vocais transportam-nos para uma nova dimensão. O auto-tune deixou de ser apenas um efeito para melhorar e corrigir as melodias de voz e abriu portas a um novo leque de emoções que consegue impingir nos temas. Com a nova utilidade que Future lhe deu, mesmo que durante a gravação a voz nos pareça despida de sentimentos, rapidamente se torna passível de uma enorme manipulação sónica que consegue simular tristeza, alegria ou sofrimento. Se há temas onde Future transpira felicidade e nos consegue passar um sentimento de positividade, há também momentos com uma certa dose de psicadelismo que nos remetem para zonas mais sombrias onde parece que o rapper surge numa espécie de paranóia, quase a chorar em frente ao microfone.

“Tony Montana” foi o seu primeiro single a solo e um dos temas de maior impacto na fase inicial da sua carreira. Até porque o tema mereceu uma nova versão que viria a integrar Pluto, disco de estreia em que Drake não resistiu em colaborar com o nativo de Atlanta. R. Kelly, Snoop Dogg, T.I. ou Juicy J também quiseram fazer parte da primeira edição “a sério” do rapper que viria a bater recordes com a sua música. Seguiram-se Honest, DS2 e EVOL, álbuns que rapidamente escalaram ao topo das tabelas musicais e que complementam um currículo com cerca de 20 mixtapes. A parceria com Drake viria a ser fundamental para a sua afirmação no mercado, sendo que uma dessas mixtapes é dividida com o astro canadiano, e um dos mais importantes lançamentos de 2015. Além de What A Time To Be Alive, os dois partilharam ainda a Summer Sixteen Tour, a mais bem sucedida digressão de todos os tempos em termos de receitas, superando por exemplo a Watch The Throne Tour de Jay-Z e Kanye West.

 



Este ano, Future Hendrix dividiu o nome em dois para intitular os seus mais ambiciosos projectos até à data. FUTURE foi editado a 17 de Fevereiro e, sem grandes cerimónias, fez-nos chegar HNDRXX uma semana depois. Uma combinação explosiva que fez dele o único artista a conseguir o primeiro lugar nos charts da Billboard com dois projectos distintos no espaço de uma semana. Como se não fosse isso motivo suficiente para lhe reconhecermos o devido mérito, Future fez ainda questão de ser a grande atracção dos seus próprios projectos. Algo que se torna difícil de conseguir nos dias de hoje, principalmente entre artistas que apontam exclusivamente ao número de vendas e às posições cimeiras das tabelas musicais. Entre FUTURE e HNDRXX, existem 32 temas onde o rapper de Atlanta é o único a dar a cara em cima das batidas de habituais colaboradores como Southside, Metro Boomin, Zaytoven ou DJ Mustard. “Mask Off” é um dos singles que certamente marca o panorama do hip hop de 2017 e não será surpresa nenhuma se o virmos nomeado enquanto um dos temas mais potentes deste ano. Kendrick Lamar também previu isso mesmo e rapidamente se aliou a Future para editar a remistura oficial do tema. Os dois protagonizaram ainda uma emblemática actuação de “Mask Off” nos BET Awards.

Future é a nova super-vedeta da pop mundial a surgir do universo do hip hop. Razões não faltarão para que hoje os nossos caminhos se cruzem no Parque das Nações. Depois de Kendrick ter sido a grande atracção do ano passado, é agora o homem que o convidou para fazer parte de “Mask Off” que se apresenta enquanto grande trunfo para a edição de 2017. Para adoçar ainda mais a sua vinda a Portugal, foi ontem editado um novo videoclipe para “My Collection”.

 


pub

Últimos da categoria: Ensaios

RBTV

Últimos artigos